Gustavo Bilo: “A gente tem que trazer as pessoas para a discussão política”

Confira entrevista com o pré-candidato a Prefeitura de Botucatu e seu vice pelo PSOL

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por Sérgio Viana – Fotos de Flávio Fogueral

Em 2012, a disputa eleitoral pela Prefeitura de Botucatu contou com três candidatos. João Cury (PSDB), que fora reeleito, Mário Ielo (PT), que tentava voltar ao cargo que já houvera ocupado entre 2001 e 2007, e o advogado Gustavo Bilo do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), até então desconhecido no cenário de disputa política botucatuense. Bilo terminou o pleito em terceiro lugar, com 935 votos.

Nesta quarta-feira (1° de junho), o PSOL divulgou a pré-candidatura do advogado à Prefeitura de Botucatu novamente, mas desta vez sem a psicóloga Vanessa Ito como vice, e sim com o professor Raul Albornoz, chileno naturalizado brasileiro.

O Notícias.Botucatu tem entrevistado pré-candidatos à Prefeitura de Botucatu desde 2015 – confira aqui, aqui e aqui – e conversou com Gustavo Bilo e seu vice na manhã desta quinta-feira, dia 2. Confira a íntegra da entrevista em áudio e pontos destacados pela reportagem, abaixo:

A diferença entre as Eleições de 2012 e as de agora…

Apesar do baixo desempenho em relação a votos nas eleições anteriores, Gustavo Bilo acredita que seu partido está fortalecido, que parte da população já o conhece melhor e que mais votos para sua legenda deverão surgir.

Bilo: “A votação [de 2012] representou 1,6% dos votos de Botucatu. É uma média que fica um pouco além do PSOL nacional (1%). O PSOL é o único partido, conforme vemos na mídia, que não tem envolvimento com corrupção, com [a operação] Lava Jato ou recebimento de dinheiro de empreiteiras. Acredito que a campanha será muito mais intensa e frutífera desta vez”.

Agora com candidatos a vereador

Nas últimas eleições, o PSOL de Botucatu lançou apenas candidatos às eleições majoritárias, para Prefeito e Vice-Prefeito, sem qualquer tentativa de eleger um vereador que o representasse na Câmara. Neste ano, os nomes de Vanessa Ito e Daniel de Carvalho, publicitário botucatuense, já foram divulgados em pré-candidatura ao Legislativo municipal, mas espera-se que seja necessário entre 6 a 7 mil votos para conquistar uma das 11 vagas.

Bilo: “Provavelmente o partido lance três candidatos a vereador. A força do PSOL não está nas pessoas [dos candidatos], mas na coletividade. Acredito que vamos conseguir, sim, eleger um candidato a vereador, mesmo com todas as dificuldades e pouco dinheiro”.

Mais candidatos que em 2012 e divisão da esquerda

Repetindo o que foi feito há 4 anos, nesta eleição o PSOL deverá evitar coligações e assumir uma campanha solitária. Gustavo Bilo e os militantes de seu partido parecem não se importar. Para eles, ‘melhor só do que mal acompanhado’.

Bilo: “Vamos reproduzir nossa última campanha e fazê-la solo. Vemos que muitas coligações são feitas em torno de interesses. [Um partido] se coliga hoje, para se conseguir um cargo amanhã. Não somos adeptos desse tipo de política”.

Sobre uma possível coligação entre partidos sob o espectro de bandeiras de esquerda, como o PDT de Ielo e PT de Erick Facioli, o socialista afirma que há conversas, mas descarta apoios ou apoiadores por enquanto.

Bilo: “Diálogo houve, não somos fechados a conversar com ninguém, mas esse não é o tipo de política que a gente faz. Não pensamos muito se vão ter cinco ou seis candidatos, se um vai tirar voto de outro, se a esquerda perderá votos. Estamos pensando em nosso programa de governo”.

Plano de Governo para Botucatu

Bilo: “O nosso carro-chefe nessa campanha vai ser o projeto de lei do Passe Livre, transporte gratuito em Botucatu. Já estamos trabalhando nele, recolhendo assinaturas de um abaixo-assinado para entrar com o projeto na Câmara. Vamos buscar muito a participação popular. O fortalecimento de Conselhos Municipais, [a reativação] do quase extinto Orçamento Participativo, que foi esquecido.

Estamos cansados da política de Pôncio Pilatos, você vota e depois lava as mãos e espera quatro anos para votar novamente. Não basta votar e esquecer do candidato, as pessoas têm que cobrar e isso não vem ocorrendo no Brasil. A gente tem que trazer as pessoas para a discussão política. Não temos a pretensão de ter um projeto de Governo sozinho, esperamos a participação de todos”.

RaulAlbanoz_PSOL2Raul Albornoz (candidato a vice): “A moral e a ética na sociedade estão corrompidas. Nós queremos trabalhar politicamente com a população, mostrar que a participação de cada individuo é importante para a participação social. Não podemos ter um Governo sólido com uma base enfraquecida. O indivíduo, o partido que promete quer Poder. E nós não queremos o Poder, queremos a conscientização de cada cidadão. Quem não tem fundamento políticos não discute: Promete”

Ato das Mulheres de Botucatu

Na noite de quarta-feira, dia 1°, um ato organizado por mulheres de Botucatu contra a cultura do estupro aconteceu, com a presença de alguns pré-candidatos às eleições, como o jornalista Erick Facioli e o próprio Gustavo Bilo que comenta a ausência de representantes do atual Poder Público e outros pré-candidatos.

Bilo: “Não me espantou a ausência dos pré-candidatos [Mário] Pardini (PSDB) e Reinaldinho (PR). E o que esperar de um Governo [Municipal] que não está voltado para as mulheres no sentido da representatividade. Quantos secretários existem e quantos são mulheres no atual Governo [Municipal]? Quantas mulheres estão inseridas na política? Apenas uma vereadora em Botucatu. Quantas mulheres são líderes em Botucatu? A nosso sociedade é, infelizmente, ainda machista e conservadora. Em relação a mim, posso dizer com segurança: fui lá como pré-candidato, só que eu estaria lá de qualquer forma. Quem me conhece sabe que a minha atuação é independente da procura de votos. Fui lá para apoiar as mulheres, acho essa luta muito importante. Infelizmente precisou ter esse estouro com o que aconteceu no Rio de Janeiro, mas a luta das mulheres sempre foi uma bandeira do partido”.

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