Sindicatos protestam contra a Reforma da Previdência em Botucatu
Mobilização ocorreu na Amando de Barros e representantes sindicais foram recebidos pelo prefeito Mário Pardini
por Flávio Fogueral
A proposta de Reforma da Previdência Social, apresentada este ano pelo presidente Michel Temer (PMDB) e sob apreciação do Congresso Nacional, foi a questão central de manifestação realizada na manhã deste sábado, 8, em Botucatu. A mobilização, organizada pela União Sindical de Botucatu e Região, reuniu seis sindicatos de diferentes categorias: Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil; dos Médicos; dos Trabalhadores Rurais; dos Comerciários e dos Funcionários Públicos.

Ao todo, mais de 100 pessoas entre sindicalistas, políticos locais, integrantes de movimentos sociais e populares concentraram-se na Praça Emílio Pedutti (Bosque), onde ocorreu uma coleta de assinaturas contrárias à proposta de mudanças na lei previdenciária. O documento, que será entregue ao deputado federal Milton Monti (PR) em data a ser definida, contém mais de 8 mil assinaturas.
Líderes sindicais locais fizeram, no decorrer do ato, suas considerações de repúdio contra a Reforma da Previdência, além de críticas à conjuntura política atual. Também não foram poupadas as propostas de flexibilização da Lei Trabalhista, como a instituição da terceirização para atividades-fim, sancionada no final de março por Temer.

“A mobilização é para que a população saiba do que está acontecendo diante dela, das possíveis retiradas de direitos e como isso vai impactar na vida delas”, frisa José Luís Fernandes, diretor-social do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Botucatu e um dos idealizadores da mobilização.
Segundo o sindicalista, parte dos trabalhadores têm consciência das mudanças apresentadas e do impacto que isso terá em suas aposentadorias e benefícios sociais. “O trabalhador tem que conhecer do que poderá perder em questões de direitos. Mas ao mesmo tempo em que ele (o contribuinte) tem ciência das propostas apresentadas, ele está preso aos discursos de que pode perder o emprego devido à crise econômica”, complementa Fernandes.
A mobilização prosseguiu com uma passeata na Rua Amando de Barros, dirigindo-se à Prefeitura de Botucatu, na Praça Rubião Júnior. Em frente à sede do Executivo local, foram recepcionados por uma comissão de vereadores, além do prefeito Mário Pardini (PSDB) e do vice André Peres (PCdoB), além do secretário de Participação Popular, André Rogério Barbosa, o Curumim.

Em frente à Prefeitura, Pardini ressaltou a importância da mobilização dos trabalhadores nas questões relativas aos direitos. “Vocês (trabalhadores) fazem a diferença para o Brasil e vamos debater democraticamente todas as mudanças que os direitos possam sofrer”, declarou o prefeito.
Mesma postura foi adotada pelo presidente da Câmara Municipal, Izaias Colino (PSDB), que frisou que esta é uma questão ampla e que há a necessidade da classe política ouvir e atender as demandas da sociedade. “Ouvimos o que a sociedade nos quer dizer. Os homens públicos de Botucatu nunca se furtaram em debater todos os assuntos de relevância e de âmbito nacional”, disse.
Logo após as considerações, representantes sindicais reuniram-se com os chefes do Executivo e Legislativo, além dos vereadores presentes no auditório Cyro Pires. Foi apresentado, então, o documento contendo as mais de 8 mil assinaturas coletadas contra a Reforma da Previdência.
Uma mobilização geral está marcada para o dia 28, integrando uma agenda nacional contrária à Reforma da Previdência.

Audiência na Câmara debaterá Reforma da Previdência
Na próxima terça-feira, 11, a Câmara Municipal de Botucatu promoverá audiência pública aberta à população para tratar dos pontos de mudanças e de polêmica da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/2016 que trata da Reforma da Previdência. Evento terá início às 19 horas, na sede do Legislativo botucatuense, na Praça Emílio Pedutti, 112.
A audiência integra o requerimento 208/2017, de autoria dos vereadores Rose Ielo (PDT), Carreira (PSB), Carlos Trigo (PDT) e Abelardo (PMDB). Na justificativa dos parlamentares, a audiência tem por objetivo de apresentar à sociedade e discutir as consequências da PEC que trata da Reforma da Previdência”.

Entenda a Reforma da Previdência
Lançada pelo governo Michel Temer (PPMDB), a reforma da Previdência traz algumas modificações como o estabelecimento da idade mínima de aposentadoria de 65 anos tanto para homens quanto para mulheres, além de modificações nos cálculos de benefícios, além de aproximar os regimes previdenciários público e privado. O governo federal alega que, sem as reformas, o país enfrentará um rombo na Previdência Social, além de adequar as normas trabalhistas com a atual realidade econômica e social.
A reforma também afeta trabalhadores rurais, professores e policiais civis, que hoje contam com aposentadorias especiais. Ficaram de fora neste momento integrantes das Forças Armadas, policiais militares e bombeiros militares – mas, segundo o governo, há previsão de projetos para esses segmentos, que possuem regimes específicos previstos em lei.
Confira os vídeos da manifestação contra a Reforma da Previdência

