JBS destinou R$ 400 mil para campanha de Milton Monti
Valores teriam sido repassados pelo PR durante a campanha de 2014 para deputado federal
por Flávio Fogueral
O grupo JBS, envolvido recentemente em escândalo que afetou diretamente o presidente Michel Temer (PMDB), também destinou recursos para a campanha do deputado federal Milton Monti (PR), nas eleições de 2014. A empresa teria repassado ao parlamentar, via Diretório Nacional do Partido da República, cerca de R$ 400 mil em cheques como doação.

Os dados estão disponíveis no site Meu Congresso Nacional e também na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo divulgado, Monti recebeu dois cheques, cada um no valor de R$ 200 mil, que foram destinados primeiramente ao PR e posteriormente ao candidato. A legenda, inclusive, é a quarta maior beneficiada dos R$ 361.741.374,50 destinados pela empresa investigada pela Lava Jato, com R$ 19.010.000.
Há, ainda, doações de pessoas físicas como do deputado estadual Ricardo Rossi Madalena- também do PR- que, por meio de recurso originário da JBS, repassou R$ 750 à campanha do são-manuelense.
Monti declarou ter investido R$ 3,5 milhões em sua campanha de 2014, onde foi reeleito por QP (Quociente Partidário), obtendo 115.942 votos. Cada voto custou R$ 25,65 ao deputado federal. À Justiça Eleitoral, o parlamentar ainda especificou, à época, ter R$ 2.266.086,41 como patrimônio e bens.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Monti declarou que “não teve e não tem nenhuma relação com o Grupo JBS”. Por meio de nota oficial, enfatizou que “todas as doações da JBS destinadas à campanha eleitoral não foram solicitadas por ele, mas repassadas, na forma da lei, diretamente pelo seu partido, o PR, e constam em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral”, declarou. Por fim, o deputado realçou que “uma vez vindos do partido, não caberia a ele questionar a origem dos recursos”, finalizou a nota enviada pela assessoria.
Deputado foi citado em delação da Odebrecht
Milton Monti foi citado, em 11 de abril, como um dos nomes listados pelo relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin. A investigação também faz parte de pedido protocolado pelo Procurar-Geral da República, Rodrigo Janot, e integra as delações de 78 executivos do grupo Odebrecht. Na ocasião, o deputado manifestou-se dizendo “que não tinha conhecimento do teor das citações referentes ao nome nas delações da Odebrecht”. Ainda declarou que “todas as doações para as campanhas eleitorais foram feitas legalmente”.
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Entenda a Lava Jato
A operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro promovida atualmente no Brasil. Estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras, maior estatal do país, esteja na casa de bilhões de reais.
Nesse esquema, que dura pelo menos dez anos, grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e outros agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados. Esse suborno era distribuído por meio de operadores financeiros do esquema, incluindo doleiros investigados na primeira etapa.