Cotas, Restaurante Universitário, Bolsas e Transporte Coletivo foram as pautas dos estudantes
Por Sérgio Viana
Estudantes do câmpus de Rubião Junior, da Unesp, paralisaram a maioria das aulas na última terça-feira, 14. A decisão foi tomada no dia anterior, numa assembleia que reuniu 262 alunos de diversos cursos, como Medicina, Biologia e Veterinária.
Segundo Kasys Meira, aluno de Medicina e membro do Centro Acadêmico Pirajá da Silva (CAPS), a paralisação tem três objetivos principais: apoio aos câmpus da Unesp que estão em greve (Ourinhos, Marília e Assis); protesto contra a ausência de restaurante universitário no câmpus, cujo prazo de reforma do prédio que o abrigaria está sendo prorrogado há seis meses; e contra o Programa de Inclusão por Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), lançado pelo governador Geraldo Alckmin.
O programa tem a meta de reservar, gradualmente até 2016, 50% das vagas em todos os cursos para alunos oriundos de escolas públicas, sendo 35% para pretos, pardos e indígenas. Para ter acesso às vagas, os alunos teriam que passar dois anos, no Instituto Comunitário de Ensino Superior (chamado de ‘college’) e nele ter ao menos 70% de aproveitamento. O conteúdo seria oferecido em regime semipresencial (a distância) através da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo).
“Nós somos a favor das cotas, mas contra o Pimesp. O college seria mais um barreira, pois os alunos mais carentes escolheriam obter um subdiploma, dado por esse programa, ao invés de ingressar na universidade”, comenta Kasys.
Após ser contatada, a assessoria de imprensa da Unesp respondeu por meio de notas, que o Pimesp foi acolhido pela universidade, mas que a questão sobre o college ainda será discutida através do Conselho Universitário da Unesp. Em relação ao Restaurante Universitário a assessoria afirmou que o Grupo Administrativo do Câmpus de Botucatu está trabalhando em uma proposta a ser apresentada à reitoria, no entanto, não comentou sobre a falta de um restaurante no câmpus da Fazenda Lageado, onde os estudantes paralisarão as atividades na quinta-feira, 16.
Durante o período da manhã, na terça-feira, pelo menos três salas continuaram com aulas normais, pois alunos e professores não concordaram com a paralisação e a organização do Movimento Estudantil também não tentou interferir nestas atividades.
Paralisação e círculos de debates
O período de paralisação dos alunos foi aproveitado pelos seus representantes para promover discussões sobre os motivos do ato e discutir as atuais políticas desenvolvidas pela universidade.
“De manhã discutimos sobre a diminuição dos meses de pagamento da bolsa de projetos de extensão e o transporte coletivo, que em Botucatu é um problema de toda a comunidade, não só dos alunos da Unesp”, ressaltou Eliza Cardoso, que está no terceiro ano de Biologia e foi escolhida para coordenar a discussão sobre “Cotas”.
Por meio de nota, a assessoria da Unesp afirmou que neste ano o valor da bolsa foi reajustado de R$260,00 para R$300,00, sendo oferecidas 2.370 bolsas ao longo dos meses, totalizando uma verba de R$7.465 milhões em 2013.