Bittar integra comitê internacional que busca unir conceitos de planejamento urbano e saúde pública
Por Sérgio Viana
José Eduardo Fuser Bittar, médico homeopata e ex-vereador (Dr. Bittar do PCdoB), se afastou somente da cena pública de Botucatu. Eleito pela primeira vez em 2008, ele integrou a bancada situacionista e logo lançou candidatura a deputado estadual, em 2010. Ao cabo de seu mandato, alguns diziam que tinha debandado do lado governista por discordância com algumas propostas do executivo à Câmara Municipal. Fato é que o então novato vereador, e até candidato a deputado, nem tentou se reeleger.
Escondido no cenário local e ainda não querendo falar muito de política, José Bittar vem acompanhando e desenvolvendo estudos de políticas públicas de planejamento, que acarretem no favorecimento da mobilidade urbana e saúde pública com um grupo internacional de especialistas.
Há 7 anos, a prefeitura de Nova York criou o “Fit Cities”, programa de incentivo ao bom aproveitamento e desenvolvimento de cidades e seus espaços públicos. Segundo Bittar, ele foi convidado a palestrar na conferência internacional do programa nova-iorquino, o “Fit World”, realizado nos EUA em 2012. O convite seria resultado da sua participação, desde 2005, da elaboração do Plano Diretor de Botucatu, como representante da sociedade civil e a continuidade de seu trabalho sobre planejamento urbano e saúde. “Em continuidade a este trabalho (elaboração do Plano), como vereador, organizei todos os projetos de lei para a regulamentação do Plano Diretor. Mas isto não aconteceu pela falta de qualquer apoio do Executivo local e a cidade de Botucatu permanece a mercê de um crescimento desordenado até hoje”, destaca.
Fit Cities 2013 from Design Council on Vimeo.
O evento reuniu lideranças políticas e acadêmicas e coordenadores de programas de Saúde Urbana da Organização Mundial da Saúde, da Fundação Clinton e da Politécnica de Nova York. Na ocasião o médico discursou dobre o “Cenário Urbano Brasileiro – caminhando em direção à equidade”.
Neste ano, em abril, a conferência “Fit Cities” teve sua segunda edição e foi realizada em Londres, Inglaterra. O grupo de apresentações da cidade sede concentrou-se na demonstração de melhorias conquistadas com a construção do Parque Olímpico (de 2012), estruturado nos conceitos que unem saúde da população e desenvolvimento urbano. “Estruturado nestes conceitos que englobam a saúde populacional e o desenvolvimento urbano, [o Parque] foi construído em uma das regiões mais pobres e doentes da Inglaterra. Ou seja, um grande investimento que beneficiou e revitalizou os espaços urbanos, parques, sistema de transportes e também a saúde da população que vivia ao redor”, comenta Bittar
Outro pondo discutido foi como o transporte público de qualidade, em Londres, aliado a bons passeios públicos, estimulou a população a caminhar mais para o trabalho, escolas e universidade, o que também melhorou os índices de saúde.
“No Brasil estamos muito longe deste cenário e entendimento”, entende o ex-vereador. Por isso, ele levou consigo o diretor do Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo, Roberto Simon e a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), umas das principais lideranças pela inclusão de pessoas deficientes físicas, através de políticas de mobilidade urbana.
“A partir desta conferência, fui convidado a fazer parte do conselho e diretor do “Center for Active Design”. Nossa tarefa é reunir instituições ligadas ao urbanismo e à saúde pública no Brasil e [realizar] uma conferência em São Paulo, em 2014”, completa Bittar. O objetivo, segundo ele, é consolidar novos conceitos de planejamento e mobilidade urbana e pô-los em prática no Brasil, se baseando nas experiências bem sucedidas norte-americanas e europeias.
Atualmente, ele está realizando uma série de reuniões e palestras para apresentar o programa em universidades, empresas, e setores governamentais, a fim de que eles também participem da discussão no próximo evento e repensem as atuais políticas.