Virada Cultural começa amanhã, conheça a banda Metá Metá

Ao todo, Botucatu terá 5 pontos com atrações, entre música, teatro, comidas e comédia

Por Sérgio Viana

Amanhã, a partir das 18h, Botucatu e outros 25 municípios paulistas entram na Virada Cultural 2013. Uma semana após o evento já consolidado na capital do Estado, Botucatu sedia pela terceira vez seguida o evento, que traz dança, teatro, stand-up e, principalmente, música aos palcos. Clique para ver a PROGRAMAÇÃO COMPLETA.

Aqui, ao todo, haverá atrações em 5 pontos da cidade. Os principais, como sempre, serão o palco do Teatro Municipal “Paratodos” e o palco principal em frente ao EECA, a Prefeitura também garante atrações na Praça do Bosque (Comendado Emílio Pedutti), com a Feira da Mandioca e viola no domingo, o bar Villa Blues, onde vai rolar um blues – claro! – e o palco rock, no Parque Municipal, com diversas bandas.

As atrações de destaque, ou pelo menos que são mais conhecidas do público, são Almir Sater, que encerra o primeiro dia no palco principal às 0h30, e a cantora Tulipa Ruiz, que fecha de vez o evento no domingo, às 18h30.

Pra quem gosta de teatro, a companhia Satyros, de São Paulo, apresenta a peça “Inferno da Paisagem Belga”, às 21h, no sábado.

Outro destaque é a banda Metá Metá, que mistura muito ritmo africano com afrosambas e outras influências. A seguir você confere uma entrevista com o trio formado por Kiko Dinucci (violonista), Juçara Marçal (voz) e Thiago França (sax), feita pelo jornalista Renan Simão, após uma apresentação da banda no Sesc de Bauru. Para baixar e ouvir o som do Metá Metá, clique aqui.

Por Renan Simão

Muitas pessoas ligam o som de vocês ao Afrobeat e Afrosamba. Mas claramente no disco não dá pra ver uma relação com esses gêneros. Vocês falam de religião e ritmo africanos, mas também de São Paulo e crônicas.

Kiko Dinucci: É, cara. Tipo o Afrosambas. Ninguém de nós três temos o disco do Vinícius [de Moraes] em casa. Em nenhum momento a gente pensou em fazer afrosambas. Aí o cara vai lá e vê que tem a ver com música africana, tem a ver com orixá… o cara lembra do Vinícius. Mas teve mais gente que fez isso antes: o Moacir Santos, o Abigail Moura. Acho que eu tenho mais influência do Edu Lobo do que dos Afrosambas.
Vocês tem uma sonoridade bem crua. Voz, sax/flauta e violão. Cada instrumento com uma intensidade certa pra destacar a voz. Essa foi a intenção desde o começo?
Juçara Marçal: Acho que foi experimentando. A gente começou a tocar junto porque gostava de tocar junto. E começamos a explorar os vazios, diálogo aqui, diálogo aqui…
Kiko: Mas não foi uma coisa assim: vamos tocar assim. Foi, tipo, toca. E experimenta né, toca, toca, toca. E o que ficou legal a gente vai dando save. (risos)
Thiago França: E a gente já mudou muito desde o nosso primeiro encontro. A gente mudou muito no meio do caminho.
As músicas do disco todas ou são de parceiros ou de parcerias com o Kiko. Como foi a escolha das composições?
Juçara: Nossa a gente não pensou assim, não. (risos)
Kiko: Todas as canções que a gente colocou são de amigos nossos e que gente é fã dos caras. Então é assim, a gente já é amigo, já é fã, e gosta de cantar as músicas deles lavando louça, aí só mais um motivo pra cantar mais.
Mas a primeira parte é mais história, crônica. Depois na segunda parte vai mais para o ritmo, batida.
Kiko: A gente só viu que o disco tinha duas partes depois de masterizar. O disco acaba mudando também quando entram as minhas músicas, parece que ganha uma outra unidade. Mas ainda dá pra ver muito dos universos dos compositores, mesmo que tenha um pouco a nossa cara. A do Siba [“Vale do Jucá”] é ele. A do Maurício Pereira [“Trovoa”].
Juçara: E tem uma coisa do show ser feito por muito tempo. A gente teve muito tempo pra experimentar, pra burilar e escolher. E essa coisa de um trabalho invadir o outro… A coisa da banda [completa] foi porque a gente abriu um show do Femi Kuti , por exemplo, que aí tinha uma banda. Aí a gente ouviu “Oranian” com uma outra pegada.
O silêncio e o violão e o sax como ritmos percussivos seriam uma marca do Metá Metá?
Kiko: É o Metá trabalha o silêncio. Mesmo porque o silêncio é um elemento necessário pro ritmo, né.
Mas você mesmo [Kiko], dá pra perceber que você dá a batida mais forte, a toada.
Kiko: Acho que somos muito nós dois [Thiago]. Tem uma coisa de contraponto, de pergunta e resposta. E o silêncio, né. Que vai dando as quebras, que vai deixando o ritmo manco. E é o silêncio que deixa a Juçara na frente e possibilitar o trabalho de que a letra venha em primeiro lugar. Quando o pessoal escuta, principalmente a primeira parte do disco, presta mais atenção na letra. É bem narrativo.
Thiago: Dá pra falar que o silêncio é uma marca, mas não a identidade do Metá Metá. Como a gente tem muitos parceiros fora do grupo, cada um está sempre num foco diferente. A gente não tem muito apego a nada e tá sempre experimentando.
Kiko: Até ponto de ver uma formula que deu certo ser negada no meio do processo. A gente, por exemplo, tem dois formatos de show: tem um com o trio, que é mais barato pra viajar… Que vocês viram hoje, mais em teatro; tem com a banda e o trio e tem só com a banda. Esse [último] é cacetada, que a gente não gosta em teatro, porque tem que fazer a galera dançar. E esse é show de rock, cacetada do começo ao fim, e já tá dando pista de como vai ser o próximo trabalho: o Metal Metal. (risos gerais) Só pancadaria. Vai estourar seus tímpanos. Cadê o silêncio agora?
Juçara: O que tá pintando é que são cantigas curtas que tem um groove que encaminha isso.
Thiago: É, a coisa fica ali rolando. E é muito louco, o nosso afrobeat é o avesso do afrobeat. O que é isso? Acho que a única coisa que a gente pegou do afrobeat foi assim: ‘Putz, a música tem 15 minutos! A gente pode fazer uma música de 15 minutos também.’ O Afrobeat tem os elementos muito definidos, a levada de batera, as dinâmicas. O Fela [Kuti] é muito performático, a composição dos arranjos é muita coisa de performance. Faz muito sentido você assistindo. É meio cênico e tal. E a gente não tem isso, é uma coisa mais orgânica. É muito mais misturadão, é mais orgia, é meio selvagem. (risos) Mas é, tem hora que o Kiko fica cismando de fazer um negócio [no violão] e eu: ‘Pode fazer o seu. Não me enche o saco. Depois a gente se encontra lá no final’.

 

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