Goma de mascar que inibe a formação de cáries

O produto é destinado a crianças que ainda apresentam dentição não permanente e também a pré-adolescentes e adolescentesda Assessoria de Imprensa da Unesp

Diante da necessidade de produtos complementares de fácil utilização para prevenção de cáries, pesquisadores desenvolveram uma goma de mascar com microrganismos probióticos microencapsulados que apresentam atividade anticariogênica. O projeto foi objeto da tese de doutoramento da pesquisadora Nadiége Dourado Pauly-Silveira, orientada pelo professor Elizeu Antonio Rossi, pelo programa de pós-graduação em Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp em Araraquara.

Atualmente encontram-se disponíveis no mercado chicles e gomas de mascar não cariogênicos, isto é, sem adição de açúcares, mas não anticariogênicos como se apresenta a nova tecnologia. Segundo Rossi “O diferencial é que as gomas que não possuem açúcar simplesmente não contribuem para o desenvolvimento da cárie, uma vez que os carboidratos são substratos para as bactérias causadoras da cárie”. O professor explica: “O nosso produto combate a principal bactéria causadora da cárie: o Streptococcus mutans”. Vale destacar que a goma desenvolvida pelos pesquisadores da FCF também não contém açúcares.

De acordo com Nielsen Brasil o mercado brasileiro de goma de mascar e chicles de bola apresentou crescimento de 7% em 2008, movimentando um valor aproximado de U$ 1,3 bilhão, devendo atingir um valor superior a U$ 1,5 bilhão em 2013. O produto é destinado a crianças que ainda apresentam dentição não permanente e também a pré-adolescentes e adolescentes, os quais representam o principal seguimento consumidor de gomas de mascar, porém existe uma expectativa de aumento de consumidores adultos com o surgimento no mercado de um produto com alegação funcional, ou seja, com capacidade de inibir o desenvolvimento da cárie dental.

Qualquer indústria produtora de goma de mascar poderia fabricar o produto anticariogênico, uma vez que o microrganismo microencapsulado entraria apenas como mais um ingrediente da formulação. Portanto, teoricamente não haveria a necessidade de grande reformulação no processo de produção.

A tecnologia já passou por alguns testes, foi possível constar que a goma ao ser mastigada libera a cepa probiótica na saliva do consumidor. Segundo Rossi: “Verificamos, “in vitro”, que essa cepa probiótica foi capaz de inibir o desenvolvimeto do S. mutans. Foi também verificado que não existe diferença sensorial entre a goma adicionada da cepa probiótica e a convencional”, explica o pesquisador.

O pedido de patente da tecnologia foi depositado pela Agência Unesp de Inovação (Auin). “Nossa expectativa é que essa proposta seja incorporada por alguma empresa da área farmacêutica ou mesmo de alimentos e que possa ser colocada no mercado”, Completa o professor Rossi em relação às expectativas da equipe para o invento. Para mais informações:auin@unesp.br.

Como começou a pesquisa com probióticos

O professor Rossi e outros pesquisadores da FCF iniciaram a linha de pesquisa denominada “probióticos de soja” em 1980, com o desenvolvimento de um produto fermentado a base de soja, similar aos iogurtes convencionais. Tal projeto nasceu da necessidade de um produto de baixo custo, como alternativa aos produtos probióticos que começavam a ser lançados no mercado com preços bastante elevados.

Ao final de 1983 o novo produto foi desenvolvido e despertou o interesse de muitas empresas nacionais e do exterior. Entretanto não foi possível realizar a patente e o produto acabou se tornando de domínio público.

O grupo continuou trabalhando com esse produto por vários anos, principalmente devido aos componentes bioativos presentes naturalmente na soja e que poderiam exercer efeitos benéficos à saúde do consumidor. Entre 1994 e 1996 o grupo pesquisou cepas probióticas com uma característica específica: a capacidade de reduzir o colesterol.

A partir daí, iniciou uma série de estudos, procurando verificar em quais outras doenças crônico-degenerativas o produto poderia apresentar bons resultados, uma vez que ele era capaz de modular o sistema imunológico.

Segundo Rossi: “Realizamos estudos em animais com osteoporose, com câncer de mama e de cólon, com formação de placas de ateroma na aorta, etc. Em todos esses estudos o produto fermentado a base soja respondeu de maneira surpreendente, mostrando ser capaz de reduzir o desenvolvimento dessas doenças”, explica o professor.

O fato de em todos os casos o efeito do microrganismo probiótico ser sistêmico, levou os pesquisadores a se questionar sobre um possível efeito local. Daí nasceu a ideia de desenvolver um produto para verificar se a ação apenas local também poderia trazer algum benefício de saúde, então surgiu a proposta do desenvolvimento da goma de mascar adicionada de probióticos, com efeito anticariogênico.

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