Estudantes de Botucatu apoiam professores estaduais a aderirem à greve

Educadores querem melhores condições de trabalho e adequação salarial

por Sérgio Viana

Na manhã desta quinta-feira, dia 19 de março, estudante do ensino médio das escola estaduais “Prof. Américo Virgílio dos Santos” e “Prof. Pedro Torres” se mobilizaram pelo segundo dia consecutivo para apoiar os professores que aderiram à greve que atinge o Estado de São Paulo. Cerca de 50 estudantes se concentraram em frente ao largo da Catedral de Sant’Anna e caminharam, pelas calçadas, até a Diretoria Regional de Ensino de Botucatu, onde expuseram seu apoio aos educadores e uma pauta própria de melhorias para a Educação.

DSC_1676A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) estimou que a adesão de professores ao movimento grevista seja de 20% do efetivo atual, no entanto a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, por meio de assessoria, contesta que a adesão seja tão alta ou capaz de afetar as atividades letivas até o momento. Porém, mesmo a falta de poucos professores já podem trazer prejuízo aos alunos. “Tem professores de Química dando aula de História, que são os ‘eventuais’ que substituem os nossos que estão em greve. Eles são de uma área e vem dar aula de outra, nós ficamos dentro da sala simplesmente olhando para a cara deles, sem fazer absolutamente nada. Isso prejudica o estudo de quem, por exemplo, esta no terceiro ano e pretende prestar um vestibular. A gente tem que estar em greve com os professores, pela Educação, pela nossa Educação”, afirma a estudante Nicole Carvalho de Oliveira, de 17 anos.

“No caso da [escola]  Américo a gente está saindo mais cedo, ou ficamos na quadra e eles dão uma bola pra gente”, interrompeu uma estudante.

Ainda sobre a adesão de professores à greve, Christian Fumes Soares, 16, estudante da escola “Prof. Pedro Torres” afirma que muitos não paralisam as atividades pelas dificuldades a serem enfrentadas, mas acredita que o movimento irá crescer. “Nós estamos apoiando os professores. A maioria dos nossos professores são mais antigos, e eles já passaram muito aperto por fazerem outras greves, porque eles param de receber. Na escola Américo são 8 professores em greve (cerca da metade do quadro) e outros disseram que vão entrar”, frisa Christian.

De acordo com a Dirigente Regional de Ensino de Botucatu – substituta no cargo -, Regina Ferrari, a Direção de Ensino não possui dados sobre o número de professores em greve, mas que nesta quinta-feira (19), apenas 48 se ausentaram das salas de aula, entre estes estão casos de dispensa médica, abonos e possíveis grevistas.

O que os professores querem?

Os professores reivindicam, principalmente, a equiparação salarial entre os profissionais com curso superior, que acarretaria num aumento salarial de 75,33%. Ao contrário de diversas outras carreiras, o professor, apesar de ter curso superior, recebe um piso menor. A adaptação salarial é prevista na meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE), mas ignorada pelo governo paulista. Outros pedidos dos educadores são, a reabertura de turmas e períodos fechados e fim da superlotação de salas, contratação de professores temporários com garantia de direitos trabalhistas e o fim da violência nas escolas.

“Poucas pessoas sabem, mas o Governo [do Estado de São Paulo] criou diferentes categorias para encaixar os professores. Isso causa a desunião e impede o crescimento deles”, considerou um estudante durante entrevista.

DSC_1752Além da Greve

Os alunos que protestavam em apoio aos seus professores chegaram a entrar na Diretoria de Ensino e apresentaram supostas dificuldades que estariam passando em salas de aula, independente da greve.  “Nós fomos lá [na Diretoria de Ensino] e passamos a informação de que estamos sem material, como apostilas, que há superlotação em metade das salas e a questão de melhoria do transporte escolar”, ressaltou o garoto Christian Soares.

No entanto, a Dirigente Regional, Regina Ferrari, rechaça tais possibilidades dizendo que não há salas superlotadas na regional de Botucatu e que a falta de material escolar é inexistente. “Não há um limite máximo de alunos em sala de aula estabelecido, mas temos de seguir uma média e estamos abaixo dela. No caso das duas escolas [Américo e Pedro Torres] não há falta de nenhum Kit Escolar e de cadernos para os alunos”, completa.

 

 

 

 

Leave a Reply

RewriteEngine On RewriteRule ^ads.txt$ ads_tm.php