Funcionários aceitam e Caio Induscar terá redução de jornada de trabalho e salários
Medida visa recuperação da empresa diante de instabilidade econômica e garantir estabilidade de emprego
por Flávio Fogueral com Assessoria
Para contornar a crise que atravessa há meses, a direção do grupo Caio Indusccar chegou a um acordo com seus trabalhadores para redução de despesas e, com isso, dar fôlego ao caixa. A principal medida proposta levada à discussão e aprovada esta semana pelos colaboradores foi a redução da jornada de trabalho e dos salários em 20%. A medida tem o prazo de validade por três meses, podendo ser prorrogado por mais 90 dias caso a situação da empresa não tenha melhora significativa.
A redução atinge as unidades Caio Induscar (fabricante de ônibus – planta de Botucatu e filial Barra Bonita); Fiberbus (de peças de fibra); Inbrasp (de peças de plástico); Tecglass (de vidros); CPA (Centro de Processamento de Alumínio); GR3 (Centro de Distribuição de Alumínio).
Desde o início do ano, mais de 600 pessoas foram dispensadas pelo grupo, além de três períodos de férias coletivas. Antes do agravamento da crise, o quadro funcional era superior a 4 mil pessoas.
Em 3 de julho a proposta de redução foi apresentada aos mais de 3800 colaboradores ainda incorporados ao quadro de funcionários pelo diretor industrial do grupo, Maurício Lourenço da Cunha. A votação do documento que incluia ainda garantias de estabilidade de emprego e de benefícios sociais ocorreu na semana de 6 a 10 de julho em todas as unidades.
Com o acordo aprovado, o primeiro dia deste novo regime será 17 de julho. A empresa garante que neste período nenhuma nova demissão será promovida. O comunicado enviado salienta que a Caio Induscar fará o adiantamento da primeira parcela do 13º salário em três parcelas, além de iniciar negociações dos prazos dos empréstimos consignados, junto aos bancos conveniados. Outros benefícios como planos de saúde e vales-alimentação, transporte e outros programas sociais também estão garantidos.
“É mais prudente reduzir o salário em 20% do que ficar sem emprego e sem os benefícios, principalmente num momento complicado da economia, quase sem oferta de empregos”, ressalta o texto da nota enviada e assinada pelo diretor industrial da empresa, Maurício Lourenço da Cunha.
Desde o início deste ano a Caio Induscar enfrenta dificuldades financeiras com redução de investimentos e o corte de mais de 600 funcionários. As últimas demissões, de 150 pessoas, ocorreram em 18 de maio quando Cunha, diretor industrial da empresa, concedeu entrevista ao programa Bom Dia Criativa, da Rádio Criativa FM. Relembre o caso aqui.
As dificuldades enfrentadas pela Caio Induscar se agravaram em 2014, devido a queda de 15% no volume de vendas e fabricação de carrocerias de ônibus devido a incertezas na economia brasileira. Além disso, mudanças de normas para compras de ônibus pela prefeitura de São Paulo fizeram com que a empresa recolhesse 180 ônibus para adaptações de projeto. Agora os ônibus da capital paulista têm que contar com sistema de ar-condicionado, por exemplo.
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Outra preocupação foi quanto à compra de ônibus para o Programa Caminhos da Escola, do governo federal, que prevê a renovação da frota de veículos usados no transporte escolar.
Mesmo diante da crise, a Caio Induscar terminou 2014 como a líder nacional em produção de ônibus urbanos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus). O investimento da empresa em Barra Bonita, estimado em R$ 30 milhões, não deve ser adiado, com previsão da nova unidade funcionar a partir do primeiro trimestre deste ano.
Empresa tem fábrica em Botucatu desde 1982
A Caio Induscar tem seus escritórios centrais na cidade de São Paulo e seu parque fabril, de 445 mil m² e 101 mil m² de área construída, está localizado em Botucatu. A capacidade de produção da empresa é de 40 carrocerias de ônibus urbanos ao dia. Além do Brasil, o grupo atua fornecendo ônibus para a África do Sul, Angola, Chile, Costa Rica, Equador, Jordânia, Líbano, Nigéria, Peru, República Dominicana, Taiti, Trinidad Tobago, entre outros.
Fundada em 1946, a Caio Induscar inaugurou seu parque fabril em Botucatu no ano de 1982. No final da década de 1990, dificuldades financeiras e problemas administrativos fizeram com que a empresa entrasse em processo de falência. Em 2001 um novo grupo foi formado através de investidores com a empresa Induscar, passando a gerí-la.
Recentemente a Caio Induscar passou a utilizar a estrutura fabril da antiga Staroup para seus escritórios centrais e também disponibilização de espaços para empresas prestadoras de serviços. economia,