Pré-candidato, Izaias Colino precisa convencer população e PSDB de seu projeto

Para o vereador, sentimento da Eleição deve ser como em 2008 – volta dos tucanos ao Governo Municipal

por Sérgio Viana | Foto Flávio fogueral

Dando continuidade às entrevistas com candidatos, ou, ao menos pré-candidatos à Prefeitura de Botucatu em 2016, o Notícias.Botucatu traz a conversa com o vereador Izaias Colino (PSDB).

Líder de sua bancada na Câmara, Izaias nutre a intenção de se candidatar baseado em sua trajetória dentro do partido e na confiança de que divergências internas de pensamentos e posições tucanas não o atrapalharão.

Confira, em áudio e texto, a íntegra da conversa com Colino:

Vereador Izaias Colino (PSDB), há poucas semanas anunciou nos veículos de imprensa da cidade sua pretensão de ser candidato a Prefeito de Botucatu, em 2016. Gostaria de começar, perguntando como foi tomada essa decisão e como tanto seu partido, quanto as pessoas em geral, receberam essa ideia?

A primeira coisa a se colocar, é que essa não é uma decisão tomada de impulso, não foi uma decisão tomada de repente. Eu tenho uma história partidária, sou filiado ao PSDB desde o final de 2004, desde esse período eu ajudei na reestruturação promovida pelo, então membro partidário, João Cury, que acabou se tornando prefeito. Nós, eu juntamente com o João, reunimos um grande grupo que estava interessado em mudar os rumos que o PSDB tinha na cidade. 2004 foi uma eleição muito difícil pro PSDB em Botucatu. Houve a reeleição do prefeito da situação, o PSDB não fez sequer um vereador, e de fato precisava se reinventar para poder sobreviver como um partido. Então, eu participei de todos esse processo, que culminou com a eleição do prefeito João Cury, numa votação esplêndida, que ninguém imaginava ou acreditava, pois saímos com 3% de intenção de votos para a vitória nas urnas. Acho que não dá pra negar, que o trajeto percorrido por esse grupo foi vitorioso, e eu tenho muito orgulho de ter feito parte disso. A partir daí, continuei acompanhando o Governo de perto, apesar de não ter feito parte da gestão de 2008-2012, como presidente da Juventude do PSDB, acompanhei de muito perto da construção de governo, dei sugestões e participei da construção de alguns projetos, que, inclusive, me levaram a tentar uma segunda candidatura a vereador em 2012. Onde eu tive a oportunidade de ser agraciado pelo povo de Botucatu, com 1850 votos, a quarta maior votação da cidade e a maior no PSDB. Todo esse cenário me levou a uma atuação parlamentar, na qual evidentemente eu cometo alguns erros, mas eu me dedico muito a essa atividade parlamentar, para poder chegar no final do meu mandato e entregar ao povo um bom mandato. E todo esse trabalho partidário dentro da Câmara Municipal e, principalmente, pela ausência da definição do PSDB com relação ao candidato, eu achei por bem aceitar o desafio que me foi proposto por alguns membros do PSDB, por amigos e pessoas ligadas ao mundo político, de oferecer o meu nome como pré-candidato do PSDB à Prefeitura. Esse é o momento de construção partidária, onde eu reúno alguns dos requisitos para pleitear essa indicação: eu tenho legitimidade, eu tenho história partidária, eu tenho vontade e, principalmente, eu tenho experiência que a Câmara Municipal pôde me trazer.

Essa falta de decisão por um candidato do PSDB, não é exatamente uma falta de pessoas interessadas a disputar o cargo. Como está essa disputa dentro do seu partido hoje, já está havendo debates? Como está o jogo?
Eu acho importante colocar que não é uma falta de nomes, tão pouco, não é uma falta de debate partidário. Quando eu coloco que não existe uma definição por parte do PSDB, isso não é uma crítica, pelo contrário. O PSDB, diferente dos outros partidos, ele tem um entendimento diferente com relação a essa discussão. O PSDB não vê motivos para sair por aí, como estão fazendo os outros partidos, divulgando já os seus candidatos. São estratégias, cada um toca a estratégia da forma que achar melhor. O PSDB tem buscado promover o debate interno, promover uma aproximação entre esses possíveis pré-candidatos, para que o partido possa sair deste processo muito mais forte. O que o PSDB não pode, é correr o risco de, por conta da condução desse processo de sucessão, sair  despedaçado, como aconteceu em 2004. O PSDB precisa sair desse processo unido, forte e pronto pra governar Botucatu por mais 4 anos, pelo menos.

Você sente que o seu espaço, dentro do próprio partido, para essa disputa existe? Você tem apoio de outros membros?

Como eu disse, apesar de ser jovem, eu tenho uma história partidária de quase 11 anos, então eu tive a oportunidade de participar da construção do atual diretório do PSDB, de diretórios anteriores, eu sou membro da comissão executiva do PSDB. Pra você ter uma ideia de como eu tenho a confiança do partido comigo, eu fui indicado pelo partido como líder da bancada do PSDB na Câmara Municipal. O espaço pra essa disputa dentro do partido existe. Existe pra mim e para outros nomes. O que precisamos buscar, é um entendimento para que essa candidatura seja genuína, seja fruto do desejo do PSDB, e que principalmente seja boa para Botucatu.

No segundo semestre do ano passado, aconteceu o caso de possível cassação do seu correligionário, Fernando Carmoni, condenado por não ter pago contribuições previdenciárias. O senhor foi relator da comissão de vereadores que julgou o caso, e, mesmo sendo do seu próprio partido, achava melhor o afastamento do vereador Carmoni, líder do Governo na Câmara e grande aliado do Prefeito. Isso não gerou desconforto para você dentro do partido, e, hoje, perante outros nomes do PSDB que deverão surgir, poderá te atrapalhar? Como você vê sua relação com a ala do Prefeito e do Fernando Carmoni?

A primeira coisa que eu gostaria de colocar, em relação a esse episódio, é que o PSDB em nenhum momento reuniu sua bancada, durante todo o processo dessa comissão da qual eu fui relator, em nenhum momento. Não houve uma posição partidária a respeito deste episódio, pelo contrário, o partido deixou os vereadores livres para que pudessem agir de acordo com suas convicções e a forma como entendiam o caso. Que o Prefeito tinha um entendimento diferente do meu, eu acho que ficou muito claro durante toda a condução daquele processo, tanto que eu tive uma posição final de uma forma, e o prefeito declarou publicamente no jornal que entendia de outra forma. Eu confesso que não senti nenhum obstáculo partidário por conta disso. Inclusive, com o próprio vereador Fernando nós temos uma relação institucional que trabalha e funciona. Ele como líder do Governo e eu como líder da bancada. Na política nós temos que separar essas relações. Eu não tive um ato pessoal com relação ao vereador Fernando, com relação a ninguém. Eu emiti o parecer de acordo com a forma como eu entendi aquele processo. Agora, se isso puder ser qualquer tipo de impedimento à minha candidatura – à minha, eventual, candidatura – a Prefeito por parte do PSDB, só o tempo vai poder nos dizer. Eu não sinto nenhum tipo de impedimento por conta disso, não me sinto perseguido, não me sinto, de nenhuma forma, pressionado por esta situação. Pelo contrário, o partido sempre respeitou a minha posição. Eu, como faço parte da Executiva, participei de todas as reuniões anteriores e posteriores a esse caso. Nunca houve uma discussão oficial com relação a esse caso. Eu acredito que no partido existem aquelas pessoas que concordam comigo, existem aquelas pessoas que não concordam, mas isso faz parte do ambiente de política… O PSDB não se posicionou oficialmente se eu estava errado, ou não estava, o PSDB me deu liberdade.

Entrevista Izaias Colino

Em 2012, sua campanha para vereador foi bem sucedida, eu posso dizer por ter trabalhado em campanha e acompanhado mais de perto. Como você mesmo disse, teve 1850 votos e foi o mais votado de seu partido. Uma campanha para vereador é bem diferente de uma campanha para Prefeito. Como você espera fazer a próxima campanha e como você enxerga as próximas eleições em Botucatu, ainda mais com uma mini-reforma política?

Bom, primeiro com relação à mini-reforma política, eu confesso pra você, que na minha opinião, ela pouco agregou ao processo eleitoral. Pelo contrário, eu acho que ela criou alguns obstáculos para quem quer ser candidato, principalmente para aquelas pessoas que nunca foram candidatos a nada. Uma campanha de 45 dias é muito pouco tempo para você viabilizar qualquer candidatura, na minha opinião. Essa janela partidária, criada para que o parlamentar possa mudar de partido sem perder o mandato, ela acaba prejudicando o pluri-partidarismo [a] que o Brasil se propõe – eu não concordo com esse número exacerbado de partidos -, e a verdade é que essa reforma não toma nenhuma medida objetiva em relação a isso. Infelizmente os partidos políticos poderão continuar sendo criados. Eu acredito, sim, na diversidade, mas não em tamanha diversidade de opiniões e partidos. O partido não pode ser objeto para servir as pessoas, tem que ser o contrário, e hoje em dia se você não está contente no partido, você vai lá e cria um partido novo e, enfim… é isso que a gente tem percebido na prática. Mas com relação a campanha de 2012, em especial, eu acho que cada um trabalha com as armas que tem. A campanha que eu fiz em 2012, eu de fato não tinha investimento. Foi uma campanha super enxuta no aspecto financeiro. Graças a Deus, eu tive a adesão de muitos voluntários, mas muitos mesmo. Vestiram a camisa, familiares e amigos. E que me ajudaram a atingir esse resultado tão expressivo. É evidente que uma campanha de Prefeito possuí uma dinâmica diferente. Uma campanha muito maior, que precisa englobar os quatro cantos da cidade. Mas, eu acho que o sentimento da campanha tem que ser o mesmo, caso exista uma campanha para o Izaias pra Prefeito, é um sentimento muito parecido com o que João tinha em 2008. Lógico, em 2012 era outro cenário, o Prefeito vinha para uma reeleição. Mas é um sentimento de que as pessoas precisam acreditar no projeto e entender que esse projeto é o melhor pra cidade e abraçar essa campanha. Se isso, de fato, não acontecer é difícil que a gente possa levar ela a frente, num cenário tão indefinido, como é o cenário de Botucatu hoje. É evidente que os passos da campanha, eles precisam acompanhar as definições do cenário, mas a gente não pode ser refém disso, a gente tem que continuar tentando sensibilizar as pessoas, mostrar o bom trabalho feito na Câmara Municipal e a possibilidade do continuísmo de um modelo implementado pelo Prefeito. Não de um Governo, de um modelo. O continuísmo de um modelo é diferente de um continuísmo de Governo. O que se pretende é um modelo descentralizado, um modelo onde Secretário, o Prefeito e o vereadores, vão até São Paulo, vão até Brasília, para buscar recursos. Porque Botucatu não pode ser uma ilha destacada do Governo Estadual e do Governo Federal. Precisa buscar, sim, esses investimentos, porque, infelizemente, o que a gente acompanha no dia-a-dia da Câmara é que só o Orçamento do Município não dá para atender todas as demandas que a gente tem na cidade, e a gente precisa definir o caminho que a gente quer. Porque para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho é caminho. E não é isso que a gente busca, o que a gente busca é uma conscientização da sociedade de que este modelo é o ideal e buscar apoio político.

O PSDB em Botucatu tem uma hegemonia de pensamento referente a esse tipo de gestão…

Ao modelo, não ao Governo. A gente não pode confundir. Que tipo de modelo o PSDB entende que é o ideal. O continuísmo desta situação, que Botucatu precisa continuar buscando recursos pra cidade. O que nós temos é insuficiente. É evidente que o Governo tem suas fraquezas, não tem problema nenhum em confessar essas fraquezas, admitir elas em público e numa próxima gestão, ou mesmo nesta, tentar diminuir esses problemas para tentar resolver de uma vez por todas.

Quais são essas carências a serem sanadas? No que a atual gestão, não só neste segundo mandato, mas desde 2008, pecou? O que o candidato Izaias, independente do pensamento de continuidade do partido, vê que precisa mudar?

Eu acho que é só a gente andar na rua que a gente consegue ter um perspectiva geral dos problemas. Eu acho que a gente não pode negar, por exemplo, que a Saúde ainda é objeto de muita reclamação por parte dos moradores. A gente não pode negar, que as pessoas reclamam muito ainda do modelo de transporte coletivo que nós temos na cidade. A gente não pode negar que o nosso trânsito é objeto de reclamações. A gente tem que entender, por exemplo, que o crescimento da cidade, por uma série de motivos, a gente tem que pensar num formato diferente de ocupação dos espaços públicos. São diversas outras questões, que nós temos consciência desses problemas como Governo. Mas é aquilo que eu te disse: o cobertor é curto. Infelizmente, o orçamento não dá pra tudo, então a gente precisa elencar prioridades e, a partir daí, tentar resolver. Veja, a cidade cresceu demais. É inegável o desenvolvimento, 6 ou 7 novos bairros, hospital de base, Poupa-Tempo, Pinacoteca sendo construída. Temos o AME Lucy Montoro, que a gente espera que seja um dos grandes ‘resolvedores’ desse problema que a gente tem com relação à Saúde. A cidade é um canteiro de obras. O novo Fórum, que foi implementado nessa gestão, conquistado ainda no final do governo de Mário Ielo. Então, eu acho que a gente precisa continuar esse desenvolvimento que a cidade tem, essa busca por recursos, e tentar deixar a cidade ainda mais ordenada, que é o que eu acho que falta.

Você citou o próprio aspecto do transporte público, que na verdade foi uma grande bandeira do João Cury, no primeiro mandato. Mas, de fato, não houve uma grande mudança para alguns usuários. Aumentaram o número de linhas, mas elas continuam fazendo o mesmo tipo de ligação, cortando o centro da cidade, e os horários e qualidade do transporte muitas vezes não agrada. Sem falar que a bandeira que existia na época da concorrência entre as duas empresas não existe. Como você vê esse tipo de ação do Governo? E votações de projetos enviados às pressas para a Câmara, como no caso da Concessão d Lixo, Plano Municipal de Educação e o Plano Diretor, que ainda está em discussão?

Primeiro, eu queria discordar de algumas coisas que você disse. Com relação ao transporte coletivo, eu acho que o Governo conseguiu implementar as bandeiras que o Prefeito trouxe. Quais eram as bandeiras que o Prefeito João Cury tinha? Colocar duas empresas de ônibus na rua, como uma forma de estimular uma concorrências entre elas, apesar de serem lotes diferentes das linhas de ônibus. Tanto é verdade que uma das empresas é muito superior a outra.

Mas não deu certo em questão de preço para o usuário, não?

O que a gente percebe é uma defasagem do modelo econômico em relação ao usuário. A gente percebe, sim, reclamação sobre o número de linhas, sobre os horários, em determinados momentos o ônibus é superlotado, noutro momento ele não tem tanto público. E a gente tem dificuldade de encontrar um equilíbrio financeiro com relação a isso. Porque, a partir do momento que existe a concessão, o Governo não tem subsidiado essas linhas de ônibus. O que é um ponto de reclamação por parte das empresas. Mas o Governo diz: Poxa, se vocês não conseguem oferecer um modelo de qualidade, como a gente vai pensar em subsídio? Eu acho que, o que a gente precisa é fazer uma fiscalização um pouco mais efetiva e, principalmente, conhecer o transporte coletivo. Não adianta eu, que não ando de ônibus, propor as mudanças. O que eu tenho feito com relação a isso, e você pode perguntar, eu tenho buscado me utilizar do transporte coletivo, não por necessidade, evidente – não posso ser demagogo a este extremo -, mas pra entender quais são as reclamações. O problema da falta de ônibus com cobertura, por exemplo, é um problema. Tem essa dificuldade, a gente precisa de uma fiscalização, sim, um pouco mais efetiva. Um canal, nós temos o 156 para reclamações da Secretaria de Trânsito, talvez o ideal fosse transformar o 156 numa ouvidoria, para que houvesse protocolos, para que houvesse medidas efetivas, para que haja fiscalização mais efetiva. Colocar fiscais a paisana dentro dos ônibus, para a gente entender esses problemas, e pensar num modelo que possa dar certo. Acho que as reclamações que existem, com relação ao transporte coletivo, a gente pode enfrentar. Eu acho só que a gente precisa mudar um pouquinho a forma como o Governo enxerga o transporte coletivo. O Vicente faz um bom trabalho, naquilo que pode tenta buscar, mas acho que a gente pode abrir esse canal um pouco mais amplo com a população pra resolver esse problema. Eu não me lembro do resto da pergunta…

A questão também era como você percebe a relação entre o Executivo e o Legislativo e esse envio de projetos a toque de caixa para aprovação dos vereadores.

Veja, as necessidades do Governo, por muitas vezes, elas não são criadas através de vontades individuais. Por exemplo, o Plano Municipal de Educação, ele precisava ser aprovado até o dia 30 de julho, quem disse isso não foi a Prefeitura, quem disse isso foi o Governo Federal. Porque se a gente não tivesse aprovado o Plano Municipal de Educação até o dia 30 de julho, a cidade não ia ter acesso aos recursos do Ministério da Educação para poder continuar investindo na Educação da cidade. Então, foi iniciada a discussão do Plano Municipal de Educação em fevereiro, e eu participei disso porque eu fiz parte da Comissão de Gestão do Plano Municipal de Educação. Houve diversas plenárias, cada uma delas segmentada, mas quando eu digo diversas, houve mais de 40 reuniões para discutir o Plano Municipal de Educação.

Isso não poderia ter começado dois anos antes?

Na verdade poderia, mas veja, o Plano Municipal de Educação, ele era uma faculdade do Governo, até que no ano de 2014 o Governo Federal baixou uma portaria dizendo: não, isso é uma obrigação. Então, na verdade, os municípios se viram obrigados a conduzir um Plano Municipal de Educação com um pouco de pressa, por causa de uma resolução do Ministério da Educação… A urgência dessa aprovação, ela veio por uma determinação do Governo Federal. Tanto é que, se você perguntar, muita gente não conseguiu fazer, porque não houve capacidade técnica e tempo hábil para elaboração desse plano. Botucatu se beneficiou com isso, porque conseguiu ter acesso a uma parte de recursos, que muitas cidades não terão, infelizmente. Depois de 40 reuniões, esse Plano Municipal foi pra Câmara e ainda foi conduzida mais uma última audiência antes da votação. E houve reclamação, por parte de algumas pessoas, de que não houve discussão. Não é verdade. Mais de 40 reuniões é uma discussão muito ampla. O Plano Diretor tem sido revisto há pelo menos 3 meses, com diversas reuniões seguimentadas, acontece que as pessoas confundem. O Plano Diretor não é Plano de Governo. Plano Diretor não resolve problemas pontuais da cidade. O Plano Diretor aponta um caminho e o que a gente percebe nessas discussões, é que as pessoas querem que incluam obrigações ‘a la’ Plano de Governo. Isso não dá pra se fazer. O que o eleitor tem que fazer no ano que vem é pegar o Plano Diretor da cidade e ver se o Plano de Governo propostos pelos candidatos se encaixa naquilo. Se não se encaixar e você, ainda assim, eleger não adianta você cobrar dele o Plano Diretor. Ele não vincula o Executivo. Ele dá uma diretriz, teoricamente, daquilo que foi discutido pela população e daqui que a população teria interesse de que a cidade fosse. Se o gestor municipal resolve não cumprir aquilo, ele tem que responder isso perante os seus eleitores. Eu acho que é essa discussão que às vezes a gente não consegue chegar. Existem muitas questões pontuais, que eu acho que elas não deveriam ser incluídas no Plano Diretor. Quando você me diz que existem os projetos que entram a toque de caixa, a Câmara tem um regimento interno, um projeto para ser colocado em votação precisa, no mínimo, obter o parecer jurídico, do [setor] Jurídico da Câmara Municipal, e de pelo menos duas comissões, da Comissão de Finanças e a de Constituição e Justiça nenhum projeto escapa. O que pode acontecer é ser encaminhado para outras comissões, como de Meio Ambiente, que presido, e de Direitos Humanos, para se ampliar essa discussão. Essas comissões são multipartidárias, elas são compostas por todos os partidos da Câmara. Para que ele seja levado a votação no Plenário, todos os partidos tem que se manifestar ali nessas comissões. Então, se o projeto, eventualmente, consegue ser colocado na pauta um pouco mais rápido é porque os vereadores tiveram a consciência de que aquele projeto pode ser importante pra cidade. É evidente que às vezes o Executivo faz pressão, para que alguns projetos sejam aprovados.

Ainda mais, porque a base é ampla, né?

A base já foi mais ampla, hoje ela não é tão ampla assim. A gente não tem mais maioria de dois terços. A base, hoje, é composta por 7 vereadores. O que confere ao Prefeito maioria absoluta e nem todos os projetos precisam de maioria absoluta, o quórum é qualificado… Então, uma questão importante é que o Executivo tem suas necessidades, que às vezes o Legislativo compartilha dessas necessidades. Agora, às vezes a oposição, em especial, reclama dessa situação e acho que é justo que reclame. Porque a oposição não referendou esse Plano de Governo, quando eleita. Pelo contrário, tinha um Plano de Governo diferente. É natural que a base governista, que referendou esse plano durante a eleição, que ela tenha interesse que esse plano se confirme, oras. Não dá pra imaginar que o Izaias, vereador do PSDB, não está alinhado com os interesse do Governo, poxa, eu ajudei a construir esse Plano de Governo. Eu ajudo com orientações, com pedidos, com reclamações, esse Governo. Então, é claro, que na maioria das vezes estou alinhado com esses projetos. E esse debate “ah, veio a toque de caixa… É goela abaixo”, isso faz parte da construção e principalmente do debate lesgislativo. Nós estamos lá pra isso, na Câmara.

Pra finalizar, eu gostaria de saber, o que é que você enxerga como indi    spensável para a continuidade do desenvolvimento, e quando digo desenvolvimento não é só crescimento, mas para que Botucatu se torne uma cidade mais cidadã, uma cidade sustentável, inclusive, ambientalmente, economicamente, se torne um lugar melhor? O que você acha que precisa acontecer nos próximos quatro anos, independente da gestão?

A primeira coisa que eu acho que é legal a gente levantar, sobre esse aspecto, é que Botucatu tem um dos maiores índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Quando a gente vai em qualquer esfera de Governo, para falar sobre Botucatu, as conversas mudam, porque todo mundo tem um carinho pela nossa cidade. Porque os nossos índices, evidente que temos problemas, há uma linha de pobreza importante na cidade que precisa ser combatida, mas nós temos índices que nos levam. Por conta da produção industrial, por conta da Faculdade de Medicina, por conta do Parque Tecnológico, a cidade vem num caminho legal de desenvolvimento. Evidente que a crise também está batendo na porta. A crise econômica também chegou em Botucatu, nós temos acompanhado tantas demissões – como na Caio e na Irizar -, mas a gente espera que isso seja uma questão passageira. Que o país possa voltar para o seu trilho e que os sintomas da crise sejam sentidos de maneira minimizada aqui em Botucatu. A Prefeitura tem tido uma postura pró-ativa com relação à crise. O país entrou em crise e nós implementamos um REFIS, para diminuir o impacto negativo na arrecadação da cidade. Procuramos pegar essas pessoas que estão desempregadas e qualificar elas, através da UNIT, para que elas estejam prontas quando o mercado de trabalho for reaquecido. Eu acho que Botucatu não pode fugir disso, a cidade continua precisando ter uma postura de Governo pró-ativa. Uma postura de Governo que possa ouvir muito mais as pessoas, para que a gente possa ter discussões. Acho que a gente não pode fugir das grandes vocações da cidade, por exemplo, de ser um dos celeiros estaduais da plantação de produtos orgânicos. Nós não podemos fugir da nossa vocação de Ciência e Tecnologia, afinal, nós temos aqui, fora as faculdades particulares, temos Fatec e Unesp, nós não podemos fugir da nossa vocação acadêmica. Nós não podemos fugir da nossa vocação de referência de Saúde. Claro que a nossa Saúde tem problema, mas um dos problemas é porque nós somos um pólo regional. Nosso pronto-socorro é regional, a nossa Faculdade de Medicina [HCFMB] atende gente até de outro Estado. Isso não pode ser desculpa para as nossas deficiências. Então, acho que se Botucatu continuar entendendo as suas vocações. Suas belezas naturais, seu potencial enorme de turismo, a questão da preservação intimamente aliada a isso. A gente buscar novas formas de ocupação do nosso município. Nós temos o 10° maior município do Estado de São Paulo. Se a gente não fugir das nossas vocações e ampliar o debate com a sociedade, eu acho que Botucatu tem tudo pra continuar no eixo.

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