Operação que investiga merenda paulista liga Fernado Cury a lobista
da Redação, com informações do Estadão
O site do jornal O Estado de São Paulo publicou nesta sexta-feira um trecho da investigação Alba Branca da Polícia Civil e Ministério Público, que investiga irregularidades em licitações e contratos da merenda escolar paulista e pagamento de propinas a agentes públicos e políticos, ligando o deputado estadual Fernando Cury (PPS) a um dos lobistas responsáveis por pagamentos ilicitos, Marcel Ferreira Júlio.
O documento é um resumo de um grampo telefônico do dia 16 de dezembro de 2015, que revela uma conversa entre Marcel e outro interlocutor chamado de "Félix" ou "Péricles" pela polícia. O diálogo indica proximidade do lobista com o gabinete de Cury na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP). “Marcel conversa com interlocutor e pede pra que ele o procure na Assembleia Legislativa, no gabinete do deputado Fernando Cury”, cita o documento.
Em outro trecho, a Alba Branca cita uma reunião realizada na Secretaria de Agricultura, liderada por Arnaldo Jardim também do PPS – partido de Fernando Cury -, em que o lobista Marcel Júlio e o ex-diretor financeiro da COAF, uma das cooperativas fraudulentas, com a suposta presença do deputado botucatuense.
Marcel Ferreira Júlio teve prisão temporária decretada no final de janeiro, mas continua foragido da Justiça.
Além de Cury, a operação Alba Branca aponta suspeitas sobre outros deputados como os federais, Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB), e os estaduais, Fernando Capez (PSDB) e Luiz Carlos Gondim (SD)..
Confira a nota divulgada pelo deputado:
“Após questionamentos da imprensa sobre as relações que poderia manter com pessoas citadas pela Operação Alba Branca, o deputado estadual Fernando Cury esclarece que não é alvo da referida investigação. Interessado no esclarecimento das circunstâncias em que seu nome foi citado no curso das apurações, o parlamentar deslocou-se ate o município de Bebedouro, na tarde desta quinta-feira, 11 de fevereiro, sendo recebido pelo delegado Mário José Gonçalves, que preside o inquérito.
Na oportunidade foi expedida uma certidão atestando que o deputado não é investigado no Inquérito Policial 105/15 do qual culminou a Operação Alba Branca. Também foi esclarecido pelo delegado que o assunto tratado durante uma conversa telefônica entre investigados, em que teria surgido o nome do parlamentar, não tem nenhuma relação com os fatos apurados.
Por ter a Agricultura como uma de suas principais bandeiras, constantemente lideranças e representantes de entidades ligados ao setor procuram o gabinete do deputado. Quanto ao questionamento sobre sua presença em uma reunião na Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, com a presença de um dos investigados pela Operação Alba Branca, o deputado Fernando Cury nega ter participado de qualquer encontro. Para comprovar sua afirmação, o parlamentar já solicitou oficialmente o registro de presenças do dia 15 de dezembro de 2015, data em que a referida reunião teria ocorrido.
O deputado se colocou à disposição para eventuais esclarecimentos, mas o delegado que preside o inquérito disse não ser necessário, visto que seu nome não consta na lista de parlamentares sob investigação, documento este já encaminhado aos órgãos competentes.
Empenhado no prosseguimento das apurações, o deputado Fernando Cury assinará a proposta de abertura de uma CPI para investigar o suposto esquema de fraudes na compra de produtos agrícolas destinados à merenda escolar. ”
Confira a nota da Secretaria de Agricultura:
“A Secretaria de Agricultura e Abastecimento informa que não há qualquer fundamento nas declarações dos representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e que as ilações da reportagem são descabidas e absolutamente irresponsáveis. O secretário Arnaldo Jardim não recebeu as pessoas citadas nas gravações da Polícia Civil na secretaria tampouco discutiu com elas a inclusão de qualquer item na cesta básica estadual.
Todos os servidores citados na Operação Alba Branca, assim como os contratos de cooperativas agrícolas com a Secretaria da Educação dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), são alvo de investigação da Corregedoria Geral da Administração.”