Alunos e docentes da UNESP protestam contra corte de bolsas PIBID, em Botucatu

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência sofre corte orçamentário pelo Governo Federal

por Sérgio Viana

IMG_20160224_122536862Os cortes de despesas e de orçamentos de programas do Governo Federal em 2016 já ressoam no ensino superior. Nesta segunda-feira, por volta do meio-dia, cerca de 30 pessoas, entre alunos e docentes do Instituto de Biociências da UNESP, se concentraram próximo ao largo da Catedral para protestar contra a extinção de bolsas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID), que inseri alunos de cursos de licencitura, como Biologia no caso da UNESP de Botucatu, em escolas públicas de ensino fundamental e médio, para acompanhamento e desenvolvimento de atividades com as turmas escolares.

Para adequar o PIBID ao seu novo orçamento, cerca de 40% menor do que em 2015, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio (Capes), ligada ao Ministério de Educação, deverá encerrar o pagamento de bolsas de R$ 400,00 para estudantes que já estão a 24 meses no Programa, sem substituição.

Atualmente, 24 alunos do curso de Biologia da UNESP de Botucatu recebem as bolsas e desenvolvem trabalho nas escolas estaduais Francisco Guedelha, Armando Sales e José Pedretti Neto. Com o corte, 2 alunos devem ser retirados do programa, sem serem substituídos. "O PIBID é importante para os alunos das universidades e das escolas públicas. Bolsistas com 24 meses devem ser cortados e, em 2015, a substituição desses alunos foi vetada. O que nos leva a crer que estão acabando com o programa", argumenta Valdir Paixão Junior, professor do IBB/UNESP e coordenador de área do PIBID, em Botucatu.

"Esse programa não substitui o estágio obrigatório, mas transforma o professor num supervisor do aluno universitário, que observa a atuação em sala de aula e conhece a realidade da escola. Além de discutirmos metodologias de ensino, diversidade e violência na escola. Com essa vivência, o aluno vai ao magistério com convicção", defende o coordenador.

Segundo bolsistas do programa, o fato de estudantes do ensino superior estarem sendo colocados dentro de salas de aula do ensino fundamental e médio também permite que os mais novos tenham outras perspectivas. "Ao nos conhecerem, vários alunos tomam conhecimento da Universidade, muitos não sabem que podem ingressar em uma", explica a estudante de Biologia, Luane Meneguessi (22), que há um ano é bolsista do PIBID.

Para ela, com os cortes e a falta de substituição de bolsas, o Programa realmente tende a acabar. "É um trabalho importante, pois atuamos em escolas de periferia e com alunos com dificuldades. Nós ajudamos os professores e desenvolvemos trabalhos, cada estudante com uma turma", completa Luane.

De acordo com o professor Valdir Paixão, outras cidades, inclusive com campus da UNESP, também realizam protestos nesta quarta-feira (24). O objetivo é que haja uma revisão sobre a decisão de cortes de bolsistas e a garantia de manutenção do PIBID.