Senado aprova projeto que tira exclusividade da Petrobras como operadora do pré-sal

Segundo José Serra, autor do projeto, mudança tira grilhões da Petrobras. Empresas estrangeiras não precisaram firmar parceria para explorar

via Rede Brasil Atual

petro1O plenário do Senado aprovou ontem  (24) o projeto de lei que acaba com a participação obrigatória da Petrobras na exploração dos campos do pré-sal. O texto, que agora será votado na Câmara, estabelece que a estatal terá a prerrogativa de escolher se quer ser operadora do campo ou se prefere se abster da exploração mínima de 30% a que a lei a obriga atualmente.

O parecer aprovado é um substitutivo ao projeto original do senador José Serra (PSDB-SP) que propunha o fim da participação obrigatória da Petrobras na exploração do pré-sal, mas não dava a ela a prioridade sobre os campos. Pelo substitutivo, caberá ao Conselho Nacional de Política Energética oferecer à Petrobras a exploração mínima de 30% em cada campo e a empresa se manifestará se aceita ou não a responsabilidade.

O texto provocou longo debate, que se iniciou na sessão do dia anterior e foi retomado ontem, no início da tarde. Vários senadores se manifestaram contrários à matéria, especialmente os do PT, que consideram que o projeto entrega o petróleo brasileiro para empresas estrangeiras a preço baixo, uma vez que o barril do óleo está com a cotação muito barata.

"Eu resumo este projeto num ponto central. Nós estamos querendo entregar o pré-sal a preço de banana para as multinacionais do petróleo, por US$ 30 o barril. A Petrobras descobriu, fez todo o investimento e agora, a US$ 30, querer tirar a Petrobras, não tem outro nome. Nós estamos entregando na bacia das almas o nosso futuro, o pré-sal", argumentou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Já Serra alega para justificar o projeto que a Petrobras vem enfrentando forte crise econômica e não tem condição de fazer os investimentos necessários para a exploração do petróleo do pré-sal. Ele afirmou que é prejudicial para a empresa ter a obrigatoriedade da exploração.

"Não se está tocando em nenhuma prerrogativa da Petrobras, apenas tirando alguns grilhões que ficam amarrando e confundindo a vida da empresa. O problema da Petrobras é financeiro", disse o senador de São Paulo.

"Hoje, a lei obriga a Petrobras a participar de algo que ela não quer e isso puxa o processo para baixo", declarou Romero Jucá (PMDB-RR), que foi escolhido relator ad hoc (substituto) do projeto porque o relator titular, senador Ricardo Ferraço (sem partido-ES), está em viagem oficial.

Serra, Chevron e WikiLeaks

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) lembrou durante a sessão que em 2009, de acordo com o site WikiLeaks, Serra teria prometido a uma representante da americana Chevron que, caso vencesse as eleições em 2010, mudaria a legislação que rege as regras do pré-sal. Clique

Requião também criticou a falta de ação do governo Dilma Rousseff na defesa da atual legislação, que o próprio Palácio do Planalto lutou para aprovar em 2010. “Por que esse governo não age com maior energia?” O senador José Serra pediu a palavra e disse que a acusação de Requião de que ele defende interesses estrangeiros é uma “infâmia”. “Nunca conversei com nenhum empresário estrangeiro ou nacional sobre o assunto”, garantiu. Segundo o tucano, a discussão tem que “ser baseada em argumentos”. “A única coisa que o projeto faz é tirar a obrigatoriedade (da participação da Petrobras de ao menos 30% na exploração do pré-sal)”.

Confira como cada senador votou:

Voto Sim

Aécio Neves (PSDB-MG)

Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)

Alvaro Dias (PSDB-PR)

Ana Amélia (PP-RS)

Antonio Anastasia (PSDB-MG)

Ataídes Oliveira (PSDB-TO)

Blairo Maggi (PR-MT)

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Dalírio Beber (PSDB-SC)

Davi Alcolumbre (DEM-AP)

Eunício Oliveira (PMDB-CE)

Fernando Coelho (PSB-PE)

Flexa Ribeiro (PSDB-PA)

Garibaldi Alves Filho (PSDB-PA)

Gladson Cameli (PP-AC)

Hélio José (PMB-DF)

Ivo Cassol (PP-RO)

José Agripino (DEM-RN)

José Maranhão (PMDB-PB)

José Medeiros (PPS-MT)

José Serra (PSDB-SP)

Lúcia Vânia (PSB-GO)

Magno Malta (PR-ES)

Marta Suplicy (PMDB-SP)

Omar Aziz (PSD-AM)

Otto Alencar (PSD-BA)

Paulo Bauer (PSDB-SC)

Raimundo Lira (PMDB-PB)

Ricardo Franco (DEM-SE)

Roberto Rocha (PSB-MA)

Romero Jucá (PMDB-RR)

Ronaldo Caiado (DEM-GO)

Sandra Braga (PMDB-AM)

Tasso Jereissati (PSDB-CE)

Valdir Raupp (PMDB-RO)

Vicentinho Alves (PR-TO)

Waldemir Moka (PMDB-MS)

Wellington Fagundes (PR-MT)

 

Voto Não

Acir Gurgacz (PDT-RO)

Ângela Portela (PT-RR)

Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)

Donizeti Nogueira (PT-TO)

Douglas Cintra (PTB-PE)

Edison Lobão (PMDB-MA)

Elmano Férrer (PTB-PI)

Fátima Bezerra (PT-RN)

Fernando Collor (PTB-AL)

Gleisi Hoffmann (PT-PR)

João Alberto Souza (PMDB-MA)

João Capiberibe (PSB-AP)

José Pimentel (PT-CE)

Lasier Martins (PDT-RS)

Lindbergh Farias (PT-RJ)

Marcelo Crivella (PRB-RJ)

Paulo Paim (PT-RS)

Paulo Rocha (PT-PA)

Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Regina Souza (PT-PI)

Reguffe (sem partido-DF)

Roberto Requião (PMDB-PR)

Romário (PSB-RJ)

Simone Tebet (PMDB-MS)

Telmário Mota (PDT-RR)

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

Abstenção:

Cristovam Buarque (PPS-DF)

Humberto Costa (PT-PE)

Com reportagem da Agência Brasil

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