Mãe ingressou na universidade aos 46 anos, após incentivar as filhas durante a preparação para o vestibular
da FCA/Unesp
Giovanna da Silva Rocha tem 20 anos e cursa o segundo ano de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA). Sua irmã Ana Carolina da Silva Rocha, 18 anos, está no segundo ano do curso de Zootecnia na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ).
Quando se preparavam para prestar o vestibular da Unesp, Ana Carolina pela primeira vez e Giovanna depois de desistir do curso de Letras na USP, as irmãs tiveram o incentivo e a companhia da mãe. Com essa experiência, além de ter a satisfação de colaborar para o sucesso das filhas, a dona-de-casa Flávia Simone Alves da Silva redescobriu o prazer de estudar e encontrou estímulo e confiança para também tentar ingressar na universidade.
Após um ano de estudo em casa, sem cursinho, e incentivada pelas filhas, Flavia aumentou a presença familiar na Unesp. Ingressou no curso de Agronomia da FCA em 2016, aos 46 anos de idade. “Comecei estudar para apoiar as meninas. Sempre quis que elas fizessem uma faculdade pública, pela qualidade e também pela questão financeira. São cinco filhos, todos em idade escolar, ficaria difícil pagar faculdade”, conta. “Eu também sempre quis cursar uma faculdade, mas faltou oportunidade. Agora que os filhos estão maiores (o caçula tem 14 anos) achei que era o momento”.
Flavia ressalta que foi muito bem recebida por professores e colegas. “Minha turma é ótima. Sou amiga de todos. Fiquei com receio de não ser muito bem aceita num grupo com tantos jovens. Mas nunca quis ficar isolada. Tentei quebrar qualquer barreira já no primeiro dia e funcionou. Já cheguei pedindo para ser incluída em tudo e todos perceberam que a idade é apenas um detalhe”.
Principais incentivadoras, as filhas gostam de ter a mãe como colega. “Ela tem amizade com todo mundo, é muito extrovertida”, conta Giovanna. “As pessoas se espantam um pouco, mas logo acham legal e falam que gostariam se seus pais fizessem o mesmo”, complementa Ana Carolina.
Com o ritmo da vida universitária contagiando a família, Flávia tem incentivado o marido a tentar fazer uma faculdade também. Ele já pensa seriamente em prestar vestibular para Direito. “Já que não deu para fazer antes, por que não tentar agora? Eu acho ótimo. Você percebe que ainda tem capacidade de realizar seus projetos”. As filhas concordam. “Não há um limite de idade para querer estudar. Você tem que incentivar a pessoa que tem vontade. Foi muito legal minha mãe ter tido essa iniciativa. É preciso correr atrás dos seus sonhos”, afirma Giovanna.
A família se mudou de Conchas para Botucatu em 2015. Flavia e as filhas estão totalmente adaptadas à cidade e gostando muito dos cursos. “Estou adorando Bioprocessos. Fiz a escolha certa”, conta Giovanna. “Acho que vai me permitir trabalhar com temas que revertam em benefícios para a sociedade”. Atualmente, ela faz um estágio no Laboratório de Bebidas da FCA, com o professor Waldemar Venturini e vai iniciar outro com a professora Pricila Veiga dos Santos, com alimentos fermentados. Também participa de um projeto com o professor Leonardo de Barros Pinto, sobre transgênicos. “Estou explorando várias áreas e está sendo uma experiência muito rica”.
Ana Carolina também está empolgada com seu curso. “Escolhi Zootecnia porque o curso é bastante amplo. Ainda não dá pra saber em que área vou tentar atuar. Tenho muito a aprender. Entrei querendo trabalhar com melhoramento genético, mas ainda não tive as disciplinas relacionadas a isso”. Assim como a irmã, ela tem procurado estagiar em diferentes áreas. Já passou pela suinocultura, com o professor Dirlei Antonio Berto, e pela avicultura de corte, com a professora Ibiara de Lima Almeida Paz. “Adorei tudo. Nada melhor para aprender do que a prática. Quero tentar conhecer outros setores também”, conta ela.
Embora ainda seja “caloura”, Flavia também acha que acertou ao optar pelo curso de Agronomia. “Estou adorando este início. Tenho muita curiosidade sobre temas que envolvem questões ambientais e também agricultura orgânica”. Embora ainda seja cedo para escolher uma área de atuação, ela já tem certeza que vai exercer a profissão de engenheira agrônoma. A filha Giovanna até projeta uma colaboração familiar num futuro próximo. “Podemos até conseguir uma junção das nossas três áreas de trabalho num mesmo projeto. Quem sabe até dentro da Unesp, pensou?”