Tiradentes, Juscelino e Tancredo: três mineiros que em suas trajetórias encarnaram momentos de esperança por um Brasil melhor.
André Figueiredo Rodrigues*
O 21 de abril destaca-se entre as datas mais significativas da história política do Brasil. Alguns acontecimentos marcantes ocorreram neste dia.
Exemplo disso foi a Inconfidência Mineira (1788-1789), movimento planejado pelas pessoas mais importantes de Minas Gerais que buscavam a independência de Portugal e a instauração de uma República.
Entre os presos, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, recebeu a maior punição: a morte e o esquartejamento, em 21 de abril de 1792. Sua morte trágica, o levou a figurar no patamar dos heróis da pátria. E sua imagem, construída pela República e apoiada na figura de Jesus Cristo, demonstra a virtude de ter dado a vida pela esperança e por um ideal que acreditava ser benéfico para a população.
Em 1960, o presidente Juscelino Kubitschek elegeu o 21 de abril para inaugurar Brasília. Desde os tempos coloniais, por questões estratégicas e para levar parte da população para o interior do país, praticamente desabitado, previa-se a construção, no planalto central, de uma nova capital. O projeto, adotado por Juscelino, fez de Brasília a meta-síntese de sua política de governo e o símbolo de um Brasil novo e moderno que pretendia criar.
Juscelino queria que seu Brasil novo possibilitasse aos brasileiros recuperar a esperança. Brasília, cidade moderna como nunca se vira igual, realizou tais expectativas e estimulou certo espírito de otimismo.
Otimismo que regressa apenas em 1983, na formação do movimento suprapartidário Diretas Já, pelo fim da Ditadura Civil-Militar (1964-1985) com a convocação de eleições diretas para presidente. Neste movimento, a população depositou todas as suas esperanças, desde a expectativa da escolha de um representante autêntico até a solução de muitos de seus problemas, como salários baixos, segurança e inflação. Manifestações populares espalharam-se pelo país, como uma maneira de pedir ao Congresso Nacional que aprovasse a Emenda Dante de Oliveira, permitindo eleições diretas para a Presidência da República.
A Emenda não foi aprovada, o que causou frustração popular. Tancredo Neves, ligado à oposição, foi indicado candidato à presidência contra Paulo Maluf. Na eleição indireta, ocorrida em 15 de janeiro de 1985, Tancredo foi vitorioso.
A vitória de Tancredo catalisou as aspirações populares, que depositavam no novo governo a esperança de um futuro melhor, pois a Ditadura Civil-Militar, que governou o Brasil, deixou uma grande desigualdade social e uma grave crise econômica. Entretanto, a posse do novo presidente, marcada para 15 de março de 1985, não aconteceu. Internado às pressas no Hospital de Base de Brasília, às vésperas da posse, Tancredo iniciou uma jornada marcada por cirurgias duvidosas, nas quais a agonia do presidente se refletia na agonia da nação, que acompanhava os boletins médicos, alimentando-se de um falso otimismo. Faleceu em 21 de abril de 1985, na data simbólica da morte de Tiradentes.
Tiradentes, Juscelino e Tancredo: três mineiros que em suas trajetórias encarnaram momentos de esperança por um Brasil melhor.
*André Figueiredo Rodrigues é professor do Departamento de História da Unesp, Câmpus de Assis.