Todos os dias são históricos

Em alguns anos tomamos consciência do mundo e, jovens, devemos ser apresentados à ciência para nossos julgamentos

por Daniel de Carvalho*

Por uma vida ativa onde sejamos livres e atuantes em nossas comunidades, não podemos abrir mão de que todos os dias sejam incríveis e inesquecíveis. Cada dia é insubstituível. Nunca mais você terá a oportunidade de escolher entre seguir ou não lendo esta coluna. Nunca mais poderá tomar novamente uma decisão, mas sim incentivar sua correção ao agir errado ou ampliar seu alcance nas ações corretas.

Nascemos todos com ‘cara de joelho’ e fome de justiça, lutando por nossos direitos desde o primeiro ar que respiramos no grito do bebê recém-nascido, o primeiro ato político que um cidadão pratica celebrando sua liberdade, celebrando sua vida. Seguimos crescendo, evoluindo, lutando a cada choro por nosso leite e nosso conforto.

Daniel de Carvalho é publicitário

Daniel de Carvalho é publicitário

Em alguns anos tomamos consciência do mundo e, jovens, devemos ser apresentados à ciência para nossos julgamentos, alimentando de conhecimento a esperança de um futuro maior e melhor, somos a primavera que respira em várias cores os ares do desenvolvimento, vivemos as oportunidades que nos são oferecidas e aproveitamos cada centímetro de liberdade que nos é dado. ‘Vamos pra cima!’

Passados os anos vemos todos adultos ricos de direitos e deveres, ativos na sociedade e livres para praticar o que nos foi fomentado, incentivados a dar o retorno à sociedade por todo investimento coletivo, trabalhando pela união e ampliação de nossa influência assim como o retorno das boas ações que produzimos como espelho para as novas gerações, as que agora nascem e já choram pelo primeiro leite.

Mas quem realmente tem acesso à informação e incentivo à participação na gestão da vida que nos cerca!? Esta história um dia será a história de todos, não apenas dos privilegiados. Nascer em berço esplêndido, criado cercado de oportunidades e agindo com informação e liberdade de participação na gestão do que é nosso, do que é público.

Hoje vemos que a crise que vivemos é moral e tentam justificar a falta de acesso popular a seus direitos através da justificativa de que ‘Agora sim!’ os políticos estariam lutando pelos direitos do povo! Ignoram as injustiças sociais em nome de seu projeto contra a ‘crise econômica’, mas enquanto houver interesse público pelo lucro e ignorarem a história de abandono e a realidade de isolamento de todos às ações públicas, haverá injustiça e haverá crise. A origem da crise é a falta de direitos a todos!

A democracia é o sistema mais justo de convivermos em sociedade, onde todos teríamos acesso ao desenvolvimento rico de direitos, não é ideal mas oferece a todos ferramentas na luta por seus sonhos e garante – ou deveria garantir – oportunidades iguais a todos independentemente de onde nascemos e do ambiente em que somos criados.

Hoje graças a forte esforço de ações públicas há uma grande queda na mortalidade da primeira infância ao garantir assistência e acompanhamento a várias famílias carentes, milhares pelo Brasil. Não é lucrativo, é justo e rico de dignidade. Desde o primeiro choro o cidadão é alimentado de oportunidades ou afastado de direitos, variando conforme a proximidade de seus próximos ao poder. Não podemos ignorar essa realidade: há o roubo do direito às práticas políticas do cidadão para que os

mandantes acumulem a gestão de nossos direitos para o que for mais lucrativo. Os esforços para atender a todos como uma unidade é uma ilusão, as necessidades das várias ideologias e comunidades que convivem em nossa cidade são distintas, há os residentes distantes dos grandes centros que são limitados pela falta de direito ao transporte, há os trabalhadores oprimidos pela crise que salva empresários com benefícios e incentivos enquanto toda preocupação recai sobre o frágil cidadão carente de leis trabalhistas e classistas. Há os que lutam para não serem rotulados por sua opção sexual, sua roupa, sua aparência e esta luta não é a mesma dos criados com a roupa da moda e aparência das revistas. As lutas são distintas e são diárias.

Em 1764 já destacou o pensador: ‘patriotismo é o último refúgio do canalha’, em uma alusão aos esforços dos que hoje tem poder para que todos ignorem a falta de direitos que temos individualmente e assim abracemos a bandeira dos que roubam nosso acesso ao debate e ao poder público.

Somos muito brasileiros e não podemos esquecer que somos vários ‘Brasís’. Toda luta é essencial ao crescimento e enquanto não houverem as mesmas oportunidades a todos independente de sua classe social, raça, sexo, orientação sexual, etnia ou qualquer outro rótulo social utilizado para excluí-los dos direitos, haverá luta e haverá esquerda todo dia em lutas de cada cidadão por momentos históricos de conquistas individuais, recuperando diariamente o poder que sempre nos foi roubado!

Seguiremos juntos, todos, ninguém fica para trás.

*Daniel de Carvalho é publicitário e membro do diretório municipal de Botucatu do PSOL.

Leave a Reply

RewriteEngine On RewriteRule ^ads.txt$ ads_tm.php