Fernando Cury apoia criação de CPI da Merenda e explica o que deverá ser investigado
Um dos poucos deputados da base governista a assinar o requerimento, Cury não opina sobre colegas que não assinaram
Na última semana, o movimento de estudantes secundaristas de São Paulo voltou a ter destaque por suas manifestações, atos e ocupações. Centro Paula Souza (responsável pelas Escolas Técnicas Estaduais) e a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), localizados na capital, foram cenários do protesto e resistência de alunos que questionam a precarização da Educação estadual, a falta e a fraude da Merenda. Os jovens pedem que deputados que ainda não assinaram, assinem o requerimento de abertura para a CPI da Merenda.

Exposta pela operação Alba Branca, da Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público de São Paulo, a fraude da merenda se caracterizaria por uma máfia envolvendo a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), políticos, como o presidente da ALESP dep. Fernando Capez, e funcionários públicos que se beneficiava através de desvios de contratos entre a Coaf, municípios e o Estado.
Ao todo, 32 assinaturas são necessárias para a abertura da Comissão Parlamentar que investigue a Máfia da Merenda. Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, todos os deputados das bancadas de oposição (PT, PSOL, PCdoB e PDT) e o partido Solidariedade, que tem apenas 1 parlamentar, assinaram o requerimento.
De Botucatu, o deputado Fernando Cury do PPS, partido de sustentação do Governo, é o único de seu partido a assinar o requerimento. “… acreditar ou não se vai acontecer a CPI, é difícil saber, isso vai depender da consciência de cada deputado para que se possa ter o número necessário para a abertura do processo. Não me cabe dizer se quem assinou está certo ou errado, ou vice-versa”, afirma Fernando, que estava na ALESP no momento da ocupação pelos secundaristas.
Confira a entrevista do deputado ao Notícias.Botucatu:
Como você vê o movimento dos estudantes secundaristas, que ocupa a Assembleia Estadual e outras instituições, como o Centro Paula Souza? Qual a solução?

Vejo que é um movimento legítimo, os estudantes têm todo direito de fazer o manifesto dentro daquilo que eles acreditam, defendendo a opinião deles, afinal, isso é um dos princípios básicos da democracia. Eu estava na Assembleia quando aconteceu a ocupação, e só não concordo com a forma como tudo foi conduzido, principalmente com a atitude de alguns manifestantes, que desrespeitaram os policiais militares e servidores que lá estavam trabalhando. Os movimentos devem existir sempre, desde que tudo seja feito dentro da ordem. Para mim a solução é formar uma comissão dos alunos para conversar com os deputados. Nesse encontro, a comissão terá a tranquilidade para falar, ser ouvida e sensibilizar os deputados, para que assinem a CPI. Essa mesma comissão também deve ter uma conversa com o Centro Paula Souza e a Secretaria Estadual da Educação, apresentando uma pauta de reivindicações para resolver tudo da melhor maneira possível.
Quando assinou o documento pela abertura da CPI? Você acredita que ela vai acontecer?
Assinei o documento há quase três meses, para ser mais exato, no dia 12 de fevereiro. Fui o 18° deputado estadual a defender a abertura da CPI e o primeiro de toda a base governista. Em relação a acreditar ou não se vai acontecer a CPI, é difícil saber, isso vai depender da consciência de cada deputado para que se possa ter o número necessário para a abertura do processo. Não cabe a mim dizer se quem assinou está certo ou errado, ou vice-versa, tenho a minha convicção, por isso, minha assinatura foi pela abertura da CPI.
O que efetivamente essa comissão deverá investigar sobre os casos de desvios de recurso da merenda paulista?
Tudo gira em torno de uma eventual fraude em contratos superfaturados pela COAF que liderava um esquema de pagamento de propina, pois mantinha contrato com algumas Prefeituras com cifras altas, que passavam de R$ 1 milhão, além de contrato com o governo do Estado. É claro que é em cima disso que a comissão vai atuar. De acordo com informações divulgadas pelo Ministério Público, a quem cabe provocar o judiciário, a cooperativa é investigada por beneficiar somente 40 produtores agrícolas, dentre os quase mil cadastrados, e isso fere o princípio da modalidade de compra “chamada pública”.
O presidente da ALESP, dep. Fernando Capez (PSDB), está restringindo a entrada de alimentos para os estudantes e também afirmou que não deverá utilizar da força policial para solucionar a situação. O que você acha da posição do deputado Capez, investigado, e outros colegas que ainda não colaboraram pela criação da CPI?
Com relação a essa determinação do deputado Fernando Capez, de impedir a entrada de alimentos e o não uso da força policial, cabe apenas a ele responder pelos atos tomados como presidente da Casa. Sobre o posicionamento dos deputados, minha opinião é que cada um está no seu direito de avaliar a situação e ter o próprio entendimento dos acontecimentos, e assim, formar sua convicção, neste caso, assinar ou não o documento pela abertura da CPI, cabe a cada um, e, assim que assumir seu posicionamento, responder ao seu eleitorado pela atitude tomada.