Em relação ao comportamento, crianças devem ser tratadas como iguais, com limites, estímulo e afeto
por Juliana Martini
Neste artigo falo com mamães que podem ter passado pela vivência de um parto antes da hora prevista pelo médico, mas calma! Não necessariamente estes recém-nascidos terão problemas.
Quando estudei por dois anos dentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), avaliei muitas crianças de 6 e 7 anos que procuravam o psicólogo porque não conseguiam aprender como as outras na escola, e a justificativa da mãe é que elas haviam nascido prematuras. Pensei então: será que se uma criança nascer antes da hora ela terá problemas pela vida inteira? Eu pensava que não, que se estimulasse, se tratasse como uma criança nascida no tempo certo, ela não teria problemas.
Lembra-se do artigo anterior Da prática à teoria, da teoria à pratica? Construí uma pesquisa: levantei textos, avaliei a inteligência, o comportamento e a qualidade de vida de 57 crianças nascidas prematuras. O comitê de ética da universidade, que verifica se haverá prejuízo para as pessoas que participam de pesquisas, aprovou e cheguei a algumas respostas! – aquelas que a gente sempre procura e nunca termina de procurar!
A criança é considerada prematura se ela nascer antes dos 9 meses (37 a 40 semanas). Outro fator importante é com que peso o bebê nasce, é considerado baixo peso se ele nascer com menos de 2 Kg. As pesquisas, tanto aqui no Brasil como em outros países, falam que quanto menor o peso ao nascer e mais prematuro, mais problemas as crianças poderão ter quando comparadas com outras que nasceram no tempo ideal. E que problemas seriam esses?
Bom, eles geralmente investigam a capacidade de aprender na escola, como falam, como andam, correm, e se relacionam com outras crianças. Mas sabe o que percebi nos dados dessas pesquisas? Que ao longo do tempo essas dificuldades diminuem, a não ser que tenha outra doença associada, como alguma lesão física ou problema pulmonar. Há pesquisas com adultos que nasceram prematuros em que não foi observado nenhum problema de comportamento, de inteligência ou de caráter emocional, que os diferenciasse de adultos que nasceram em período normal de gestação.
Na pesquisa que citei, quando as crianças eram meninos ou tinham problemas de comportamento, eles tinham maior prejuízo na sua qualidade de vida, ou seja, pra se relacionar, pra andar, falar, pra se sentir bem; nascer prematuro ou com baixo peso não apareceu como complicador nessa pesquisa, mas sim esses outros fatores, geralmente os meninos são os que tem mais complicações médicas. Lembra das doenças associadas que falei?
Mas e problemas de comportamento? Como eu resolvo? Bom, depende de cada caso… mas quer uma dica que serve para todos? Tratando-os como crianças que “nasceram normais”, que precisam de limites, regras, seguir orientações médicas, estimulo, afeto, como qualquer outra criança. A criança “nasceu” prematura, ela não “é” prematura, ela é criança, ela pode se desenvolver mais do que você pensa, basta acreditar nela!
Dúvidas podem ser enviadas pelo e-mail!
Que haja paz! Que haja amor!
*Juliana Martini é psicóloga, metre em Saúde Coletiva pela Unesp de Botucatu, psicóloga na rede assistência social de Botucatu, filha, mulher e mãe.