Refrigerantes e bebidas gaseificadas não serão mais vendidas em escolas infantis

Gastropediatra do HCFMB comenta a medida que visa reduzir o consumo de açúcar em crianças de até 12 anos

crianca bebida

do HCFMB

As empresas de bebidas Ambev, Coca-Cola Brasil e PepsiCo Brasil decidiram, há algumas semanas, não vender mais refrigerantes e bebidas gaseificadas em escolas para crianças de até 12 anos. Nesses locais, serão vendidos água mineral, sucos, água de coco e bebidas lácteas, no lugar de refrigerantes. Toda a indústria deve aderir à pratica até o próximo mês de agosto.

A mudança visa contribuir para a redução do consumo de açúcar em crianças de até 12 anos. A política valerá para as cantinas escolares que compram diretamente das fabricantes e de seus distribuidores. Segundo as empresas, haverá uma ação para sugerir que as cantinas que se abastecem em outros pontos de venda, como atacados e supermercados, também adotem a medida.

A gastropediatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu Drª Juliana Tedesco Dias comenta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, principalmente na faixa etária pediátrica. “Recentemente, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, apontam que uma em cada três crianças de cinco a nove anos está acima do peso recomendado pela OMS. O excesso de peso entre as crianças mais do que triplicou nas últimas três décadas. Uma em cada três crianças sofre com a doença no Brasil e projeções da OMS apontam que até 2025 o número de crianças com sobrepeso e obesidade pode chegar a 75 milhões”, diz a especialista.

Criar hábitos saudáveis de consumo alimentar na população infantil é hoje um desafio não apenas para as famílias, mas também para a escola e para o pediatra. “O estímulo da mídia ao consumo e o fácil acesso a produtos inadequados sob ponto de vista nutricional, como refrigerantes, salgadinhos, biscoitos e fast food implicam diretamente no aumento de peso nas crianças”, explica Drª Juliana.

Projetos de lei que visam impedir a venda desses alimentos nas cantinas de escola como uma alternativa na redução do consumo já existem há algum tempo. O consumo ilimitado desses produtos causa não só obesidade, como elevação dos níveis de colesterol e glicose na criança, além de doenças hepáticas e problemas de estômago.

“O número de crianças encaminhadas ao serviço de Gastroenterologia Pediátrica do HCFMB devido a problemas gástricos por erros alimentares cresceu muito nas últimas décadas. Mensalmente, atendemos centenas de crianças com sintomas antes considerados de adultos”, diz Drª Juliana.

A gastropediatra diz acreditar que oferecer sempre que possível alternativas saudáveis nas escolas contribuirá muito para minimizar problemas de saúde futuros. “Os hábitos alimentares começam na infância. É extremamente importante lembrar que o papel da família nesse processo é fundamental. A criança ou o adolescente precisa ver seus pais comendo alimentos saudáveis. O exemplo dentro de casa influencia diretamente no que a criança opta por comer quando está desenvolvendo suas atividades”, finaliza.

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