Padre Beto cria religião baseada no amor, em Bauru

Religioso, que foi excomungado pela Igreja Católica por posições em defesa dos homossexuais, é bauruense

daAssessoria

Teoricamente, todas as religiões têm como base o amor; seja ele pelo próximo, por um ser superior ou pela natureza. Na prática, no entanto, sabemos que nem sempre é esse sentimento que dita as regras quando o assunto é religião. Ao menos não a face mais sublime dele.

De longe, acompanhamos pela mídia os casos de extremistas que matam inocentes em atentados em nome da religião. Mas não é só lá do outro lado do mundo que a má interpretação das religiões faz vítimas. A homofobia justificada pela religião, por exemplo, é uma forma de violência muito presente perto de nós.

“Muitos cristãos não compreendem que nem tudo que está na Bíblia pode ser considerado Palavra de Deus, ou seja, Palavra de vida”, lembra padre Beto em um dos seus artigos.

É com essa certeza em mente que ele fundou em Bauru a Humanidade Livre. Trata-se de uma nova religião que prega a celebração da vida e que centra-se no amor ao próximo.

“É uma religião, porque não se encaixa em nenhum dos dogmas já existentes”, explica.

No espaço, qualquer pessoa é bem-vinda, independente da orientação sexual ou do berço religioso. Semanalmente, passam por lá jovens e idosos que já estiveram em centros espíritas, igrejas, templos ou terreiros. A Humanidade Livre é, antes de tudo, um espaço de convivência.

As missas acontecem aos domingos, de manhã e à noite, e contam com cerca de 100 participantes em cada uma delas. Em outros dias da semana, a Humanidade Livre abre suas portas para debates, filosofia e até música ao vivo, tudo organizado por padre Beto com a ajuda de amigos e voluntários.

Chorinho e filosofia

As quintas-feiras são animadas na Humanidade Livre, com as noites culturais ao som do grupo VOAR, que toca chorinhos e sambas. Tem cerveja e espetinhos para quem quiser chegar e curtir o ritmo brasileiro. Recentemente, o grupo fez uma noite especial em homenagem ao cantor Nelson Gonçalves.

Às quartas, o papo é sobre filosofia e se alonga no espaço Gourmet.

A intenção por trás desses eventos regulares é proporcionar um espaço de cultural e debates aberto ao público. Além disso, é também uma forma de ajudar a igreja a se manter financeiramente, já que o objetivo do criador é não precisar cobrar dízimo dos fiéis.

Para os que pretendem buscar uma visão aprofundada da palavra de Deus, há os estudos bíblicos que acontecem aos sábados. Nesse dia, Beto conversa com fiéis e seguidores e falam das interpretações a que o livro sagrado está sujeito.

“Se prestarmos atenção em nossa vida prática iremos nos surpreender com as contradições que vivemos. Essas contradições existem porque aceitamos as regras, verdades e situações já solidificadas na sociedade, sem as questionarmos em seu conteúdo e em sua possibilidade de serem aplicadas à vida prática”, explica Beto.