O transitório tornou-se cada vez mais comum em nosso dia a dia
A construção da identidade de um povo passa, obrigatoriamente, pela preservação e respeito à sua memória, às suas tradições e ao patrimônio histórico e cultural construído e acumulado ao longo do tempo. O mundo atual, marcado por revoluções tecnológicas que encurtam as distâncias e facilitam a troca de informações, ao mesmo tempo contribui para que as mudanças aconteçam com velocidade e constância cada vez maiores. Praticamente tudo muda o tempo todo. O transitório tornou-se cada vez mais comum em nosso dia a dia.
Diante dessa constatação é preciso lançar um olhar mais atento e cuidadoso para o legado deixado por aqueles que nos antecederam. A Botucatu de hoje é fruto da ação e do trabalho de homens e mulheres que ajudaram a construir nosso patrimônio histórico e cultural ao longo do tempo. Aquilo que compartilhamos, que nos identifica e nos dá unidade enquanto comunidade.
A clara compreensão de que o momento próspero vivido pela cidade é fruto da acumulação de virtudes e realizações conquistadas ao longo de nossa história, fez com que nosso governo se dedicasse à tarefa de aproveitar o imenso potencial de desenvolvimento e progresso construído por nosso povo. E pudemos avançar nesse sentido, a partir do momento em que decidimos enfrentar o desafio de recuperar e valorizar nosso rico patrimônio histórico, arquitetônico e cultural. Uma necessidade, diga-se de passagem. Era como se nosso documento de identidade, já gasto pela ação do tempo, necessitasse de uma segunda via.
Diversos patrimônios foram e estão sendo recuperados para manter viva a história de nossos antepassados e servirem de faróis a iluminar os passos dos próximos governantes em busca do aperfeiçoamento de uma política de preservação e proteção do patrimônio histórico e arquitetônico da nossa cidade. Para que pudéssemos avançar, trocando o discurso por ações práticas e efetivas, fomos à busca de parceiros que nos permitissem investir na recuperação de espaços e equipamentos públicos que sofreram a degradação implacável gerada pelo absoluto abandono.
Devolver a vida a esses espaços é mais do que permitir à comunidade usufruir dos benefícios que eles podem oferecer. É a manifestação do respeito à nossa memória. A todos que contribuíram para transformar Botucatu em uma das mais prósperas e importantes cidades do Brasil.
Exemplos não faltam de ações que resultaram na recuperação do nosso patrimônio Conseguimos recursos junto ao Estado para reformar e ampliar a Escola Industrial que deverá ser inaugurada ainda em 2016. Recuperamos o projeto original de 1967, do antigo CEIM, atual Espaço Cultural, outra obra que deverá ser entregue neste ano. Também podemos citar o restauro do Cardosinho, a reforma completa do Mercadão, a restauração do antigo fórum para abrigar a Pinacoteca, as instalações do antigo matadouro, a revitalização da estação de trem, a reforma da fonte luminosa, a recuperação da escadaria e a pintura da Igreja de Santo Antonio, a transformação do antigo armazém geral na Casa da Juventude e das oficinas da ferrovia na nova sede do Fundo Social. Também conseguimos a retomada do Cine Nelli que voltou a pertencer ao patrimônio do município. A compra do Hospital Sorocabana (hoje Hospital do Bairro), a revitalização da centenária Praça Rubião Júnior. E por aí afora.
Esse processo de valorização do passado fortalece nossa identidade cultural. Nos permite compreender melhor o processo de construção dessa cidade que acolhe de forma generosa, que encanta e desperta tanta paixão em quem aqui vive. O poder público e a sociedade em geral devem avançar nas discussões que permitam o aperfeiçoamento e a ampliação dos instrumentos legais capazes de disseminar uma política preservacionista que una passado e presente, para a construção de um futuro onde nossa identidade cultural seja cada vez mais valorizada.
*João Cury Neto (PSDB) é prefeito de Botucatu e presidente do PSDB local.
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