Debate na OAB acirra ataques entre candidatos às vésperas da eleição
Debate promovido durante a semana expõe polaridades e acirra embate e ataques entre candidatos a prefeito
por Sérgio Viana e Flávio Fogueral. Fotos: Flávio Fogueral
Na manhã de segunda-feira, dia 26 de setembro, os candidatos a Prefeito de Botucatu participaram do penúltimo debate das Eleições 2016, organizado pela parceria entre rádio Municipalista, site Leia Notícias e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que recepcionou o evento em seu auditório.
O debate teve cinco blocos diferentes, onde os candidatos responderam perguntas formuladas pela rádio Municipalista, pela OAB – que de surpresa apresentou uma questão de seu próprio interesse sobre a colaboração do Poder Público com a implantação de uma nova sede para a entidade, ao que todos os candidatos se prontificaram, apenas com um ‘sim’ para o apoio – e posteriormente perguntaram e responderam questões entre si.

Resumo de alguns temas
Educação – Erick Facioli (PT) iniciou a maioria dos blocos por sorteio, em resposta sobre o tema, o petista defendeu a implantação de mais escolas em tempo integral e integradora de outras secretarias, com atividades ligadas ao Esporte, Cultura e com cursos de capacitação profissional. O candidato citou a revisão dos contratos e melhor planejamento de investimentos na área, referindo-se ao caso Sangari, em que o Ministério Público apura irregularidades cometidas pelo Prefeito João Cury (PSDB) e seu ex-secretário Narciso Minetto Junior. (Para relembrar o caso clique aqui e também aqui).

Em seguida, comentando a resposta, Mário Ielo (PDT) sugeriu a criação de escolas municipais temáticas, como a Escola do Meio Ambiente, voltadas a áreas como Informática, Literatura, Esportes e Agricultura.
Saúde – Mário Pardini (PSDB) aproveitou o tema para afirmar que em 2008, ao final da gestão petista de Ielo, o atendimento na área da Saúde encontrava-se em situação precária e relatar ações produzidas pela gestão tucana, na qual se espelha, com a implantação de unidades de saúde, SAMU e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) a ser concluída no setor leste de Botucatu. O candidato defendeu a ampliação do programa Saúde da Família, prioritariamente nas regiões dos bairros Santa Maria, Caimã e Itamaraty, e ainda o programa Poupa Tempo Saúde para agendamento.
Em comentário, Erick Facioli criticou os oito anos de promessa e espera pelo Ambulatório Médico de Especialidades (AME), bandeira tucana na campanha de reeleição de João (2012), e o fato de recursos federais, de acordo com ele, terem retornado após a não utilização pela Prefeitura.
Geração de Emprego – Daniel de Carvalho (PSOL) afirmou que antes de adotar políticas de incentivo, como doação de terrenos e isenções, à novas industrias é necessária discussão com a sociedade e que pretende adotar políticas que fortaleçam o comércio local, principalmente nos bairros, e que valorizem o setor turístico, que pode fomentar a geração de renda. O candidato ainda criticou a gestão tucana atual pela falta de diálogo e não atendimento a demandas de cada região.

Mário Pardini comentou o tema, defendendo que durante o governo municipal do PSDB houve a criação de 16 empregos temporário, através da construção de casas do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, financiado pelo Governo Federal, e propôs o aumento de cursos de capacitação profissional.
Orçamento Municipal – Mário Ielo (PDT) iniciou sua fala relembrando o início de sua gestão, em 2001, quando buscou sanar dívidas milionárias deixadas pela gestão tucana de Pedro Losi, que entregou os cofres da Prefeitura de Botucatu comprometidos, através de grandes e desastrosos contratos, ressaltando que tem certeza que o próximo Prefeito herdará uma nova dívida. Ainda ressaltou o índice de aumento dos servidores em seu período de gestão, de acordo com a inflação registrada.
Em comentário sobre o tema, Reinaldinho (PR) declarou que Orçamento botucatuense está estrangulado, para 2017 será algo em torno de R$ 350 milhões e que já há gastos não previstos, como a manutenção da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), que deverá custar em torno de R$ 10 milhões. Ele ainda defendeu o corte de cargos de confiança aos partidos como forma de economizar.

Saúde 2 – Reinaldinho foi questionado novamente sobre o tema, ainda no primeiro bloco, e voltou a defender ainda maneiras de conter recursos, como fizera na pergunta anterior, ele afirmou haver hoje gastos exorbitantes realizados pela atual gestão. Afirmou que o Tribunal de Contas já apontou descontrole de contas da Prefeitura de Botucatu e voltou a relembrar do caso Sangari, que se comprovada irregularidade, prevê ressarcimento dos cofres públicos em aproximadamente R$ 8 milhões. O socialista Daniel de Carvalho voltou ao tema da pergunta e afirmou que parece haver “muito prédio”, mas que situação da Saúde continuaria a mesma, sem investimento em profissionais da área e contratação de novo pessoal.
Participação da Mulher- Considerados candidatos de esquerda, Érick Facioli (PT) e Daniel de Carvalho (PSOL) protagonizaram alguns momentos do debate. No quarto bloco, Carvalho questionou Facioli sobre participação da mulher na política. Facioli ilustrou como exemplo o cenário nacional, onde o gabinete de Michel Temer (PMDB) é essencialmente masculino. Ainda relembrou que sua chapa é a única que apresenta uma mulher como sendo vice. Carvalho encerrou dizendo que a participação feminina e de outros segmentos da sociedade devem ser prioridade em seu governo.
Asfalto- A questão de asfalto foi levantada na dualidade Ielo e Reinaldinho. Ao falar sobre assunto, o ex-prefeito criticou o empréstimo feito pela atual administração para a viabilização do atual programa de pavimentação no município. (Relembre aqui). Disse, ainda, ser possível providenciar o asfalto de forma gratuita. Reinaldinho, ao comentar, fez um mea culpa por ter votado favoravelmente ao empréstimo feito junto ao governo do Estado. Mas explicou o porquê do posicionamento à época. “Me arrependo de ter votado o empréstimo de R$ 20 milhões.

Cultura e Lazer- O candidato Érick Facioli (PT) ao indagou Daniel de Carvalho (PSOL) sobre a quantidade de praças construídas e/ou revitalizadas pela atual gestão, questionou o adversário sobre programas de lazer. Carvalho citou a necessidade de oferecer acesso à cultura e ao lazer de maneira universal, além de frisar que nos últimos anos a manifestação cultural ficou restrita ao centro da Cidade. O candidato do PSOL ainda criticou os custos da passagem da Tocha Olímpica pelo município, em 17 de julho. Facioli, ao fazer a réplica, ainda falou a respeito da discussão sobre a proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas em espaços públicos. Ressaltou que a medida é paliativa e que seria necessário transformar as praças em reais centros de lazer com a contratação de monitores e professores de educação física para atender a população.
Alfinetadas e ataques
O debate da Municipalista e OAB parecia morno e com certa cordialidade até o quarto bloco, onde os candidatos passaram a se questionar mutuamente. A partir deste momento, os ânimos se exaltaram tanto entre os prefeitáveis quanto no público presente. Não faltaram situações que arrancassem risadas, aplausos ou manifestações de protestos.

Mesmo tendo uma banca formada por advogados da OAB, em nenhuma parte do debate os candidatos acionaram o direito de resposta ou questionaram, por meio da mesma, a conduta dos adversários.
Uma das maiores polêmicas foi protagonizada pelos Mários. Pardini (PSDB) e Ielo (PDT) não se entendiam quanto ao nome de um dos afluentes que abastecem Botucatu. O pedetista propôs que a captação de água fosse mudado para a bacia próxima ao Véu da Noiva; enquanto que o tucano, que foi superintendente da Sabesp e que por diversas vezes citou o combate à Crise Hídrica de 2015, demonstrava reprovação à ideia. “Se o Ielo for prefeito, vai faltar água”, provocou Pardini. Os ânimos se acirraram ainda por causa do nome do córrego Pinheiro, que fora chamado de “Pinheirinho” por Pardini e que causou embate entre os dois.
Em outro momento, Ielo foi colocado em saia justa por Daniel de Carvalho. Ao falar que “agora Ielo é 12”, o ex-prefeito foi ironizado por Carvalho que, salientou: “Doze é quase Treze”, ao tentar associar a imagem de Ielo à sua antiga legenda, o PT.
O final do debate como manda o protocolo, consistiu nas considerações finais. Érick Facioli novamente foi o primeiro na ordem do sorteio. E brincou antes de discursar: “Estou me acostumando a ser o primeiro”. No fim, agradeceu a militância petista e ressaltou os dias de campanha.
Reinaldinho novamente agradeceu o apoio recebido e voltou a frisar do Plano de Governo que foi distribuída pela cidade. Ainda criticou pessoas que o atacaram devido à sua fé. O candidato, como se sabe, é evangélico. Disse que, como “vereador nunca usou o carro da Câmara e nem o celular da Casa” e que “não há um só processo contra ele” e por isso “atacam a minha fé”.
Pardini, em sua declaração final, voltou a ressaltar seu papel na gestão da Sabesp e o combate à Crise Hídrica, agradeceu ao apoio da equipe presente e ao prefeito João Cury. Disse que as semanas de campanha foram intensas e, fez um agradecimento para sua mãe, presente ao debate e sentada na primeira fila.
Daniel de Carvalho, o último a fazer suas considerações, foi obrigado a chamar a atenção do público presente. Após as declarações de Pardini, parte dos apoiadores do tucano levantou e deixava o auditório da OAB, provocando barulho em excesso. Tal fato teve desagravo tanto do socialista quanto do apresentador do debate, o radialista Wanderley dos Santos.