Uma empresa considerada ‘verde’ é aquela que aplica ações de respeito e responsabilidade com o meio ambiente
por Patrícia Shimabuku*
O Marketing Verde (ou marketing ambiental ou marketing ecológico) é uma modalidade derivada do marketing básico, que atende às necessidades de clientes com comportamento diferenciado, por se preocuparem com medidas sustentáveis e com danos à natureza. Consiste na aplicação da promoção, produção e também na recuperação de produtos que são ecológicos e sensíveis ao meio ambiente.
Uma empresa considerada ‘verde’ é aquela que aplica ações de respeito e responsabilidade com o meio ambiente, em toda a sua conjuntura de investimentos, desde a fabricação e a produção de bens, até as suas relações com clientes, fornecedores e colaboradores, de acordo com o que se chama de Oito “Rs” da sustentabilidade (Refletir, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Respeitar, Reparar, Responsabilizar-se e Repassar). Estes “Rs” estão presentes no organograma e nos fluxogramas corporativos, promovendo a sensibilização e conscientização dos colaboradores e parceiros, estabelecendo a sustentabilidade como um dos valores da empresa, quanto no externo, influenciando fornecedores e clientes e a sociedade em geral. Ser sustentável é transformar e reciclar a cultura organizacional vigente.
Segundo a declaração do presidente do Grupo Abril, Walter Longo, na 8ª Edição do EXAME Fórum Sustentabilidade, realizado em novembro de 2016, em São Paulo, as políticas voltadas para sustentabilidade não são apenas uma obrigação, mas uma necessidade para as empresas nacionais, se antes a preocupação com o meio ambiente era uma questão de consciência, agora é “quase de decência”. “Para nós, sustentabilidade não é questão de marketing, mas de visão. É uma crença, atitude, nova forma de encarar o mundo e encarar nosso papel nesse mundo”, afirmou Longo.
Uma sociedade sustentável é uma sociedade não egoísta, não individualista e que não visa somente os lucros, acima de tudo e de todos. É uma condição de usufruir os finitos recursos naturais visando à utilização dos mesmos por outras gerações. Independente do segmento e da amplitude de ação, planejar sustentável é extrair ao máximo as possibilidade com eficácia e eficiência sem prejudicar o que estiver ao seu entorno, inclusive com a redução de custos decorrentes de multas e indenizações por passivos ambientais.
No entanto, as questões de custos, produtividade e fornecimento são obstáculos que representam um empecilho para que as organizações possam ser totalmente ecológicas. Produtos orgânicos (ou com selos verdes) ou matérias-primas oriundas de empresas com certificações ambientais, geralmente são mais caros em comparação a produtos à base de agrotóxicos e/ou sem cuidado com o meio ambiente. Cabe aqui, a assertividade da comunicação verde, que deverá mostrar ao consumidor que o produto ecologicamente correto, é também mais saudável para o consumo, a partir do momento em que, reduzindo-se os danos ambientais, a qualidade de vida humana, indiretamente, sofrerá melhorias.
O Marketing Verde sensibilizará e convidará o consumidor para que ele assuma suas responsabilidades no processo de preservação ambiental, estimulando a reflexão que os recursos naturais são finitos e escassos.
“As empresas sustentáveis vão ser mais respeitadas pelos consumidores. Sustentabilidade é melhorar o ambiente sem prejudicar os negócios É preciso equilíbrio e muita criatividade. É reciclar ideias, rever conceitos, estar aberto para o novo e estar disposto a quebrar paradigmas” enfatizou Walter Longo. Ele, ainda fez um alerta, no Fórum: “O que fizermos hoje vai ser sentido amanhã, mas o que deixarmos de fazer hoje vai ser sentido para sempre”.
O Marketing Verde poderá auxiliar no faturamento dos negócios, se uma marca claramente tiver a responsabilidade socioambiental ou estar praticando algum tipo de ação de sustentabilidade, consequentemente, o consumidor não terá dúvidas na hora da escolha, segundo o consultor de negócios Nilson Hashizumi.
A sustentabilidade e a responsabilidade com a conservação do meio ambiente não são entraves no desenvolvimento e progresso da sociedade. A posição hostil e visão errônea sobre as políticas ambientais devem ser desfeitas. A degradação, a omissão e as irresponsabilidades frente ao meio ambiente asfixiarão o desenvolvimento econômico. Com compromisso político, incentivos bem alocados e participação social é possível conciliar os progressos financeiros e econômicos com ganhos socioambientais com a conservação do meio ambiente.
Com todas estas vantagens, porque não compramos produtos ecologicamente corretos?
* Patricia Shimabuku é farmacêutica industrial, professora e ativista socioambiental.