D.R. faz parte da democracia?
Togas, ternos, gravatas, e muita negociação de bastidores fazem a máxima destas gestões que se iniciaram com 2017
por Daniel de Carvalho*
O começo de relação entre corações inflamados sempre é delicado e quente, ardente. A paixão une e o compromisso de caminhar juntos leva às Discussões de Relacionamento, as “D.R.”. Assim se faz hoje na vida democrática onde há a divisão dos corações e obrigações entre Executivo, Legislativo e Judiciário, os poderes que se complementam em todas cidades do Brasil, mas será que eles existem para se apoiar e se amar?

Amor, ódio, expectativas e ilusões, cercam cada um dos três poderes mas agora também habitam as mesas inter-políticas, jurídicas, executivas e legislativas, ameaçando o que foi construído até agora, a busca por cidades, estados e um país justo e igual para cada um, cartilha que todos deveriam seguir para respeitar a Constituição e o cidadão.
Togas, ternos, gravatas, e muita negociação de bastidores fazem a máxima destas gestões que se iniciaram com 2017. O pulso ainda pulsa e seguimos à velocidade dos avanços de supostas negociatas. “Mas, Daniel, do que você está falando?” Após processo de supostas irregularidades na educação de Botucatu, com pedido pelo judiciário de análise e devolução de mais de 30 milhões aos cofres do município, vereadores e representantes do legislativo municipal, base de apoio do governo PSDB-PCdoB, não abriu investigação ou demonstrou qualquer preocupação à importante denúncia feita pelo Ministério Público que investiga o “Caso Sangari” desde 2013, há 1 mil e 399 dias, quase 4 anos. Tudo posto e nada esclarecido, o “sucesso” na gestão da educação municipal abriu portas para que agora tomassem posse em função na mesma pasta no governo estadual do PSDB, em posição de maior poder e influência indicado pelo Governador, em cargo a ser supervisionado e investigado por representantes do legislativo, que incluem entre eles o irmão do recém empossado. Acompanhamos há anos Judiciário, Executivo e Legislativo em aparente amor em uma D.R. que não se resolve, por quê?
Amor e compromissos são do coração, são do cidadão, e não da democracia. O amor fraternal que protege irmãos de sangue ou de interesses políticos não deveria ser guia das políticas públicas. Não podemos depender do amor ou ódio entre eles para que haja justiça e democracia para todos. Negócios e negociatas de direitos e dinheiro do povo devem ser transparentes e claras, a serviço de todos, não apenas de político ou de determinado partido. A divisão de poderes está para equilibrar e cobrar, combater, e não apenas para que mais poderosos possam se conciliar e coexistir, levando as negociatas de bastidores para supostas pontes entre poderes! A centralização e união dos poderes é injusta e inconstitucional, e é aqui uma das sementes da desconfiança. Seguiremos na luta por uma cidade de todos, com menos D.R. entre políticos e empresários, e mais justiça e conquistas para o povo, por uma cidade de todos construindo a Botucatu do amanhã, igual e justa, e relacionamento claro e transparente com o povo.
*Daniel de Carvalho. Publicitário, Conselheiro Municipal da Cultura e Secretário de Comunicação do PSOL 50 Botucatu.