Reforma estudantil- cabrestos para o futuro

No Golpe Civil-Militar do século passado foi posto em prática uma Reforma Educacional que ambicionava atender a demanda de mercado

por Daniel de Carvalho*

Uma das principais bandeiras deste governo Temeroso PSDB-PMDB está na proposta para se alterar o Ensino Médio e moldar as gerações futuras conforme “o interesse da sociedade e da pátria”. Verdade seria se não fosse, mais uma vez, maléfica e oportunista, redigida pela Presidência, aprovada pelo Congresso e a ser viabilizada pelos Estados.

No Golpe Civil-Militar do século passado foi posto em prática uma Reforma Educacional que ambicionava atender a demanda de mercado, e capacitar o cidadão para atender às demandas de mão de obra exigidas pela industrialização.

Daniel de Carvalho é publicitário
Daniel de Carvalho é publicitário

Jarbas Passarinho, Ministro da Educação do Governo Médici – auge da institucionalização da repressão e do autoritarismo assassino da ditadura militar – elaborou em comissão com nove “especialistas” a proposta de preparar o jovem da escola pública para o progresso brasileiro que construiria o “Milagre Econômico” do Governo de Exceção.

Positivado em 1971 após ser aprovado em Comissão Mista no Congresso com 18 membros da ARENA e 4 do MDB, aquela reforma estudantil visava “abandonar o ensino verbalístico e academizante para partir, vigorosamente, para um sistema educativo de 1º e 2º grau voltado às necessidades do desenvolvimento”, segundo mensagem do ministro.

Foi um tiro certeiro! Atrás das cortinas a aristocracia brasileira que sustentaram o Golpe e o Regime Militar pós 64 tinha as amarras persecutórias do AI-5 que mutilaram o Congresso três anos antes, e atendiam aos interesses das camadas ricas nacionais e internacionais para seguir o modelo de desenvolvimento que concentrasse o direito a voz e organização a seus asseclas, assim como garantisse mão de obra barata e ilimitada no chão da fábrica de suas próximas gerações.

Todo ensino de rede pública seria construído para ser “profissionalizante”, distinguiria ainda mais o Ensino Médio Privado para diferenciar o aluno da rede particular e assim facilitar que a prole da burguesia e classes mais abastadas seguissem distantes do rebento do proletariado em um plano para moldar as próximas gerações em meio a este governo plutocrática – voltado aos interesses do dinheiro e do mercado, das Federações industriais, bancárias e dos detentores do capital político e econômico hereditário. Hoje, 45 anos depois, buscam mais uma vez ditar as regras do sucesso das gerações futuras, e nisto excluem de todo futuro as gerações que não forem as suas.

Liberdade e igualdade são a norma para o progresso justo e democrático, ordem que não cabe nestes projetos centralizadores e excludentes que sempre chegam ao poder por golpe e apoio da publicidade e mídia que vendem o interesse de quem os suporte e sustenta, homens ricos – políticos profissionais – que não dão ponto sem nó quando está em jogo a manutenção do status atual e a inanição do povo como regra para que assim sigam doutrinando e enriquecendo. Apoiar esta reforma é trabalhar para a segregação, exclusão e toda desigualdade social. Esta reforma tem que parar para que haja qualquer possibilidade de nos organizarmos livremente em comunidades construtivas e livres, iguais e justas, com famílias igualmente ambiciosas e detentoras de poder de construção.

*Daniel de Carvalho. Publicitário, Secretário de Comunicação do PSOL 50 Botucatu e Conselheiro Municipal da Cultura.

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