Quarta-feira, dia 2 de agosto, chegaremos ao álamo desta caminhada
por Daniel de Carvalho e Tadeu Ferraz*
Desde as passeatas manifestações de 2013, ao atual momento de combate à corrupção no governo, quatro anos se passaram. Os mesmos que elegeram indiretamente Michel Temer presidente contra o esquema de desvios e subornos escancarados, esta semana iniciam a última etapa daquele ciclo de jogo de poder e compra de interesses. Quarta-feira, dia 2 de agosto, chegaremos ao álamo desta caminhada.
Sem patos guiando passeatas ou panelas ditando o ritmo da luta, amanhã os 513 deputados eleitos para a Câmara Federal, representantes finais de toda indignação, terão em suas mãos a espada da justiça no julgamento das denúncias de crime e corrupção feitas contra o presidente Michel Temer – PMDB. Se 342 enxergarem envolvimento ativo ou passivo do ex-vice-presidente, ele será afastado dando lugar ao presidente da Câmara Rodrigo Maia – DEM, e o processo seguirá para o Supremo Tribunal Federal onde terão a competência de julgar criminalmente o caso em até três meses. Vestirá a justiça, neste caso, a venda da imparcialidade ou a carapuça dos carrascos?
Para este julgamento extraordinário, onde votarão se o presidente eleito por eles com o impeachment pode ser afastado e investigado, devido às gravações e provas de desvio de conduta e caráter. Pesquisa recente feita pelo Ibope revelou que 80% dos cidadãos de todo Brasil aprovam o afastamento. O rei Temer, o chefe, liberou dinheiro aos milhares para cada um que votasse pelo arquivamento do processo, assim como demitiu de postos de comando os que não estivessem ao seu lado. Jogo semelhante ao feito por Dons, Marechais, Getúlios, Generais, Josés, Fernandos, Lulas e Dilmas.
Os que no início desta luta iam como cidadãos defender o afastamento da ex-presidenta em nome da governabilidade e economia, hoje defendem o ex-vice em nome da governabilidade e economia. O povo, em mais este momento da história brasileira, está amarrado pelos interesses destes, enquanto o que tem poder político e econômico toma suas decisões em nome da governabilidade e economia, estas “nobres cidadãs” sem expressão, sem cara, corpo ou família, sem endereço ou ambições. Quatro anos se passaram e quem estava comandando a reviravolta no jogo de poder, hoje segue escrachando os interesses de quem diz representar enquanto impõe que o sigam em nome de um projeto de nação e cidades que se mantém intacto desde as capitanias hereditárias.
Esta semana a luta do povo conclui mais uma etapa, um jogo fantástico com muitos flashes e sorrisos estampados em revistas, jornais e outdoors, enquanto que pouco democráticas se fazem as decisões além do que fora estipulado nos bastidores. Entre carruagens e castelos, os nobres decidem os rumos do Brasil, agora na luta contra a corrupção que novamente vê-se desnecessária uma vez que são seus interesses contra o interesse do povo.
Nesta quarta-feira, dia 2 de agosto, transmitido em rede nacional para todo Brasil, veremos quatro anos após o “Sim, Sim, Sim, em nome da família e contra corrupção eu voto SIM ao impeachment” analisar se cabe maior investigação sobre as gravações e denúncias de compra de ex-deputado preso, mas acompanhemos também, além da TV, as manchetes e capas de jornais onde os que antes vendiam a luta contra a corrupção jogarão para abafar esta negociata e afastar toda suposta instabilidade em nome de seu maior interesse, um governo onde governem sem ameaças ou que ajam sem investigação de seus passos e suas condutas. Uma luta contra a corrupção se encerra nesta semana, e veremos se a próxima será contra a cara de pau.
Só a luta muda a vida.
Daniel de Carvalho – Presidente do Partido Socialismo e Liberdade – PSoL Botucatu, Conselheiro Municipal de Cultura, Membro da Comissão Municipal de Transporte Coletivo – CMTC, Estudante de direito e empresário.
Tadeu Ferraz – Vice Presidente do Partido Socialismo e Liberdade – PsoL Botucatu, e empresário.