Botucatu deve desistir de UPA e criar Centro de Diagnósticos por Imagem
Motivações seriam custeio, existência de unidades de pronto atendimento, carência de diagnósticos por imagem
por Flávio Fogueral
Custeio de quase R$ 1 milhão por mês, reorganização de estrutura de atendimento em saúde, carência de diagnósticos por imagem. Esses são alguns motivos que podem fazer com que Botucatu desista de implantar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)- programa criado pelo governo federal- e opte por um Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) na região do Jardim Bandeirantes, na região Leste da Cidade.
A possibilidade foi comentada na manhã desta quarta-feira, 6, pelo prefeito Mário Pardini (PSDB) a uma rádio local. Questionado por um munícipe sobre a demora na conclusão e posterior inauguração do prédio construído no Jardim Bandeirantes, o chefe do Executivo municipal declarou que, à época do anúncio da implantação da UPA, a unidade era vista como uma oportunidade de grande investimento em Saúde Pública.
No entanto, com a adequação do atual sistema de saúde no município- em parceria de gestão com a Unesp, por meio de sua Faculdade de Medicina-, onde resultou na ampliação de atendimento nos prontos-Socorros existentes, a UPA de Botucatu teria outra destinação: seria transformada em um Centro de Diagnóstico por Imagens, com serviços como raio-x, ultrassom e tomografia, por exemplo.
“Dimensionamos os serviços de urgência e emergência em Botucatu junto com a Unesp e entendemos que com os dois prontos-socorros; o Adulto com as melhorias que promovemos, quanto o Pediátrico, além dos postos de saúde que estamos abrindo à noite como o da Cecap; entendemos que o prédio da UPA possa ter uma finalidade mais nobre”, explicou Pardini.
O prefeito salientou que as obras estão em fase final de conclusão, com alguns serviços pontuais na rede elétrica. A ideia é entregar o prédio nas próximas semanas para que, nos primeiros meses de 2018, ocorra chamamento público para Organizações Sociais ou mesmo entidades privadas para gestão do CDI municipal. Pardini ressaltou que a medida seria o embrião do que ele chamou de “Poupatempo Saúde”.
O Ministério da Saúde foi, inclusive, notificado da decisão municipal na transformação da UPA em Centro de Diagnósticos. A passo analisa o pedido, mas a Prefeitura dá como certo o aval para a mudança. Na região, São Manuel adotou a mesma medida. (Leia abaixo)
O prédio agregaria, segundo o prefeito, outros serviços de atendimento em saúde com horário ampliado. “O Centro de Diagnósticos por Imagem pode abreviar, em muito, o tempo de atendimento dos pacientes, em especial com serviços de Raio-X, ultrassom e tomografia, que não temos na rede municipal e dependemos do Hospital das Clínicas para isso. No entanto, o HC atende a mais de 80 municípios, o que causa demora para esses exames”, salienta Pardini.

Tendo a construção iniciada em 2015, a Unidade de Pronto Atendimento de Botucatu consistiria em um complexo com prédio de mil metros quadrados, em um terreno de 2.500 metros quadrados. O investimento na construção da unidade- destinada a atendimentos de casos de urgência e emergência- era estimado, inicialmente, em R$ 2,53 milhões, fruto da parceria entre a Prefeitura e o governo federal. A entrega da obra estava prevista inicialmente para abril de 2016, mas foi postergada diversas vezes.
Na estrutura física, seriam alocados consultórios e enfermarias, áreas de espera, além de sanitários públicos, recepção, serviço social, sala para classificação de risco e consultórios. Na área destinada a procedimentos estavam previstas salas para curativos, suturas, aplicação de medicamentos/hidratação e inalação. O setor de apoio diagnóstico e terapêutico incluiria eletrocardiografia, coleta, sanitário, depósito de materiais de limpeza, raio-x, vestiário, câmara escura, arquivo de chapas, gesso/imobilização de fraturas e área de espera do diagnóstico.
São Manuel desiste de UPA
Botucatu parece tomar o mesmo caminho que outras cidades da região, como o caso de São Manuel. Em julho, o município anunciou a desistência em implantar o programa criado pelo governo federal. O motivo seria o custeio de R$ 1 milhão mensal, considerado elevado pela administração são-manuelense. Mesmo assim, o prédio será concluído e transformado em Centro de Especialidades, conforme anunciado, à época, pela Diretoria Municipal de Saúde.
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Programa de UPAs pelo Brasil foi instituído em 2009
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) é um dos Componentes da Rede de Atenção às Urgências. A implantação deste Programa é uma das estratégias do Ministério da Saúde para reorganizar, qualificar e fortalecer a Rede de Atenção às Urgências e Emergências no país. O programa foi instituído em 2008 criando incentivo financeiro para melhorar a infraestrutura dos estabelecimentos de saúde que ofertam este tipo de serviço, em que os resultados esperados são: prover condições adequadas para o funcionamento das unidades, melhorando a qualidade da atenção prestada e a ampliação do acesso.
As UPAs funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, e podem resolver grande parte das urgências e emergências, como pressão e febre alta, fraturas, cortes, infarto e derrame. As UPAs oferecem estrutura simplificada – com Raio X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação.