Conselho e Secretaria de Cultura abrem diálogo após polêmica adiamento de exposições LGBT’s

As exposições “Todos podem ser Frida” e “Homofobia fora de moda”, que teriam início na próxima quarta-feira, 17

por Flávio Fogueral

Os principais órgãos envolvidos na polêmica quanto ao adiamento de duas exposições com a temática homofobia, em Botucatu, tentarão chegar a um acordo para que as mesmas ocorram. Representantes do Conselho Municipal de Cultura e a Secretaria Municipal de Cultura promoverão reuniões para a definição de locais e datas.

As exposições “Todos podem ser Frida” e “Homofobia fora de moda”, que teriam início na próxima quarta-feira, 17,  e com duração de 30 dias, foram adiadas por recomendação da Secretaria Municipal de Cultura. A alegação foi quanto a indefinição da faixa etária classificativa para visitação, além da adequação do espaço inicialmente definido, o Museu Histórico e Pedagógico “Francisco Blasi”, no Espaço Cultural.

Seriam expostas mais de 40 peças que incitam a reflexão pela diversidade homoafetiva e alerta contra a violência sofrida pelas comunidades LGBT’s. No entanto, a administração do Museu confirmou que as mostras não teriam início na data prevista e que todo o acervo, pertencente ao Museu da Diversidade Sexual, seria devolvido.

O adiamento causou polêmica, com manifestações do próprio Conselho de Cultura, que inicialmente atribuiu o ato como “censura” e de artistas mostrando indignação. A Secretaria Municipal de Cultura, no entanto, negou qualquer tipo de censura. Em nota oficial, esclarece que o “adiamento das exposições citadas foi apenas um trâmite administrativo, já que houve um questionamento se o Museu Histórico e Pedagógico seria o local ideal para esses trabalhos”, ressalta.

O posicionamento é que as exposições não foram canceladas, mas sim tiveram seus inícios adiados. “Como a pasta da Cultura encontra-se sem secretário, em fase de transição de comando, foi solicitado o adiamento de tais exposições. Ressaltamos que não há nenhum tipo de censura, até mesmo porque, uma dessas exposições já foi realizada em nossa cidade”, finaliza a nota emitida pela Secretaria.

Relembre o caso: 

Exposições contra a homofobia são adiadas em Botucatu; Conselho fala em censura

Em nota publicada em sua página oficial no Facebook, o Conselho Municipal de Cultura reforça suas atribuições como a promoção de encontros, debates, estudos, criação, pesquisas relacionadas às diferentes expressões artístico-culturais e suas interpretações; além de colaborar para o aperfeiçoamento da legislação sobre política cultural em geral.

A postagem salienta que a diretoria do Conselho esteve no gabinete do prefeito Mário Pardini (PSDB) para debater sobre a programação do Museu Histórico e Pedagógico. “Em contraponto a nota apresentada pelo CMC sobre as exposições “Todos podem ser Frida” e “Homofobia fora de moda”, representantes do poder público declararam se tratar de um conflito de informações. Foi assegurado que a exposição será realizada, mas que será necessário pautar a classificação indicativa”, afirma o documento. Alguns membros do Conselho, no entanto, classificaram inicialmente o adiamento das exposições como “censura”

O assunto ainda será levado para apreciação dos membros integrantes do Conselho, em reunião extraordinária, a ser realizada dia 17 de janeiro.

Em contraponto, a administração do Museu Histórico e Pedagógico Francisco Blasi, que anteriormente promoveu postagens classificando o adiamento como “censura”, fez reparo na classificação do adiamento e declarou se posicionar em ” defesa dos valores democráticos, uma de suas missões ao propiciar o resgate da memória”.

Também em postagem em página oficial no Facebook, a administração do museu reafirma a promoção das exposições. “Temos convicção de que todos juntos queremos Frida em Botucatu e tantas outras ações e projetos no âmbito do museu que fomentam o diálogo, a tolerância, a crítica, a memória, o respeito e a liberdade de expressão consciente. A mobilização de todos é prova disso”, ressalta a nota.

Sobre as exposições

Uma das exposições canceladas, “Todos podem ser Frida” seria, inclusive, realizada pela segunda vez em Botucatu. Aberta ao público em maio de 2017, atraiu mais de 2 mil visitantes em 15 dias. De autoria da fotógrafa e artista plástica  Camila Fontenele, a mostra trazia fotografias com pessoas caracterizadas como a pintora mexicana Frida Kalo; tendo por objetivo ser uma reflexão contra a sociedade patriarcal e machista.

Já a exposição “Homofobia fora de moda” é resultante de um concurso promovido pela Casa de Criadores e o acervo fixo é de propriedade do Museu da Diversidade Sexual. Em Botucatu seriam expostas mais de 20 ilustrações que visam promover a cidadania da população LGBT e enfrentar a discriminação sofrida por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. 

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