OPINIÃO | O que são aquíferos? Qual a relação do Aquífero Guarani com Botucatu?
São através dos aquíferos que os cursos de águas superficiais são mantidos estáveis e o excesso evitado
por Patrícia Shimabuku*
Nas últimas semanas surgiram inúmeras postagens nas redes sociais sobre a privatização do Aquífero Guarani. Entretanto, antes de iniciarmos diálogos sobre as consequências de uma possível privatização ou internacionalização de aquíferos, VOCÊ SABE O QUE SÃO AQUÍFEROS?
Um aquífero é toda formação geológica subterrânea capaz de armazenar água e que possua permeabilidade suficiente para permitir que esta se movimente. São verdadeiros reservatórios subterrâneos de água formados por rochas com características porosas e permeáveis que retém a água das chuvas, que se infiltra pelo solo, e a transmitem, sob a ação de um diferencial de pressão hidrostática, para que, aos poucos, abasteça rios e poços artesianos. São através dos aquíferos que os cursos de águas superficiais (rios, lagos, nascentes, fontes, pântanos e afins) são mantidos estáveis e o excesso de água é evitado através da absorção da água da chuva. Como podem ser utilizadas como fonte de água para consumo, exigem cuidados para sua preservação afim de evitar a sua contaminação. De forma didática, os aquíferos (lençóis freáticos) não são rios (corredores de águas debaixo da terra), mas sim, são águas armazenadas entre os poros ou vazios intergranulares das rochas.
Os aquíferos podem ser classificados de acordo com o tipo de rocha:
- Aquíferos porosos: ocorre em rochas sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados e solos arenoso decompostos in situ. Constituem os mais importantes aquíferos, pelo grande volume de água que armazenam, e por sua ocorrência em grandes áreas. Estes aquíferos ocorrem nas bacias sedimentares e em todas as várzeas onde se acumularam sedimentos arenosos. Uma particularidade deste tipo de aquífero é a sua porosidade quase sempre homogeneamente distribuída (isotropia), permitindo que a água escoe para qualquer direção, em função tão somente dos diferenciais de pressão hidrostática ali existentes.
- Aquíferos fraturados ou fissurados: ocorrem em rochas ígneas e metamórficas. A capacidade destas rochas em acumularem água está relacionada à quantidade de fraturas, suas aberturas e intercomunicação. No Brasil a importância desses aquíferos está muito mais em sua localização geográfica, do que na quantidade de água armazenada. Poços perfurados nestas rochas fornecem poucos metros cúbicos de água por hora. A possibilidade de ter um poço produtivo dependerá, tão somente, de o mesmo interceptar fraturas capazes de conduzir água. Nestes aquíferos a água só pode fluir onde houver fraturas, que, quase sempre, tendem a ter orientações preferenciais, e por isto, são meios denominados como anisotrópicos.
- Aquíferos cársticos: são aquíferos formados em rochas carbonáticas. Constituem um tipo peculiar de aquífero fraturado, onde as fraturas, devido à dissolução do carbonato pela água, podem atingir aberturas muito grandes, criando, neste caso, verdadeiros esponjas subterrâneos.
E também podem ser classificados de acordo com o armazenamento de água:
- Aquíferos livres ou freáticos: são reservatórios formados por rochas permeáveis, parcialmente saturados de água, cuja base é formada por uma camada impermeável (por exemplo, argila) ou semipermeável. O topo é limitado por uma superfície livre de água (superfície freática) que se encontra sob pressão atmosférica. O nível da água é determinado pelo regime de chuvas. É o tipo de aquífero mais comum e mais explorado e, portanto, o mais suscetível à contaminação.
- Aquíferos confinados ou artesianos: nestes reservatórios, o teto e a base são formados extratos rochosos impermeáveis. Além disso, ele está completamente saturado de água. A água subterrânea está confinada sob uma pressão maior que a pressão atmosférica. Por este motivo, quando se perfura para a extração de água (um furo artesiano), ela sobe para um o nível muito superior, podendo até jorrar. Nesse tipo de aquífero, a contaminação, quando ocorre, é muito mais lenta e portanto, muito mais difícil de se ser recuperada.
E AGORA, QUAL A RELAÇÃO DO AQUIFERO GUARANI COM A NOSSA CIDADE?
Uma das áreas de recarga das águas subterrâneas do Sistema Aquífero Guarani acontece em nossa cidade, mais especificamente, na região da Cuesta. Maiores detalhes, serão explicados no texto da semana que vem! Não deixe de ler!
* Patricia Shimabuku é farmacêutica industrial, professora e ativista socioambiental.
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