Egresso da FMVZ/Unesp vai cursar Internato em universidade francesa
André será o primeiro egresso da FMVZ a cursar tal programa de residência médica veterinária na França
da Assessoria da FMVZ
No dia 12 de abril, o médico veterinário André Vinhas Fernandes, formado no ano passado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, câmpus de Botucatu, recebeu a notícia de sua aprovação no processo seletivo para uma vaga no Internato na École Nationale Vétérinaire, Agroalimentaire et de l’Alimentation de Nantes-Atlantique (ONIRIS), na cidade de Nantes/ França.
Com duração de um ano, o Internato é um programa de atividades similar ao programas de Residência brasileiros e André será o primeiro egresso da FMVZ a cursá-lo. Esssa será sua segunda experiência na França. Ele participou do programa de mobilidade Brafagri no período 2015/2016 e passou um ano cursando disciplinas e fazendo estágios na École Nationale Vétérinaire d’Alfort (ENVA), situada na cidade de Maisons-Alfort.
Para conseguir a vaga no Internato, André passou por uma seleção de curriculum, uma prova geral envolvendo todos os conteúdos da área de animais de companhia e uma entrevista por videoconferência com a participação de representantes das quatro escolas de Medicina Veterinária da França. Não houve uma prova específica para estrangeiros, André concorreu às mesmas vagas que os estudantes franceses.
Brafagri
A experiência vivenciada no Brafagri fez com que André tivesse interesse pelo programa de Internato e, segundo suas impressões, pode ter ajudado na sua aprovação no processo seletivo. “É um único processo seletivo para vagas de Internato nas quatro instituições e acredito que ter feito Brafagri fez a diferença. Nos primeiros seis meses de intercâmbio, cursei várias disciplinas e isso foi importante para me situar melhor, acostumar com a língua, pegar o ritmo de trabalho deles e, mesmo durante esse primeiro semestre de aulas, já aconteceram alguns dias de estágio no hospital veterinário. No segundo semestre, em que as atividades foram exclusivamente de estágio”.
Uma das grandes vantagens do programa Brafagri é a possibilidade do aluno validar todas as atividades realizadas durante o intercâmbio. Na prática, isso possibilita que o participante passe um período no exterior e, por conta da validação, não atrase seu curso no país de origem. No entanto, a determinação de André e sua busca por uma formação mais completa possível fez com que ele tomasse um caminho pouco comum entre os que participam do programa de mobilidade. “Escolhi não validar algumas matérias que fiz na França porque queria cursá-las na FMVZ também. Sei que esse não é o padrão. Eu poderia ter voltado, validado todas as atividades e me formado junto com minha turma original, mas eu quis cursar as disciplinas aqui e fazer o estágio de 5º ano aqui também. Foi uma opção minha”.
Com essa experiência, André faz algumas observações sobre o ensino de medicina veterinária na França e no Brasil. “Eles não são necessariamente superiores ou inferiores a nós. São panoramas diferentes. Lá, raramente são vistos casos de leishmaniose, parvovirose ou cinomose, por exemplo. Por outro lado, eles têm muito mais doenças relacionadas a raças. Aqui temos acesso a ressonância magnética, hemodiálise, que não existem ou são raros lá. Notei também que o aluno francês tem mais autonomia e responsabilidade. Eles também fazem muitos plantões noturnos. O estágio lá é muito mais generalista, assim como o Internato. Aqui, normalmente quando chegamos no 5º ano, já definimos a área em que queremos fazer nosso estágio e seguir atuando”.
Para André, a França é um bom destino para quem quer complementar sua formação acadêmica. “Com a bagagem que recebemos na FMVZ durante as aulas, o rodízio, os estágios, as práticas, temos total capacidade de acompanhar as atividades deles. É óbvio que é possível aprender muita coisa com o pessoal de lá. Mas também temos muitas coisas que acabamos mostrando a eles, porque aqui temos uma carga horária maior que nos permite aprofundar mais os assuntos”.
Sobre a questão da língua, André aconselha empenho na preparação aos alunos interessados em participar do Brafagri. “É preciso estudar antes de ir pra lá, para não chegar muito “cru” e poder acompanhar as aulas da melhor forma. A exigência que você tem é a mesma dos franceses. É necessário estar no mesmo nível deles. Acompanhar as aulas não é tão difícil, mas é preciso conseguir a confiança para falar, tirar dúvidas e, no estágio, atender os proprietários”.
Expectativas
Aos 23 anos, prestes a iniciar sua segunda experiência internacional, André tem grandes expectativas para o Internato. “Quando estive lá estagiando acompanhei as atividades dos internos e conheço a responsabilidade e o trabalho. Sei que a exigência será grande e constante, mas estou bastante animado. É preciso passar por muitos setores diferentes, o que exige conhecimento suficiente para atender cada setor. Mas acho que isso vai me fazer crescer muito. Sei que na França, quando o interno termina a formação, há muitas possibilidades de atuação e muitas portas no mercado de trabalho se abrem”.
Sobre ser o primeiro egresso da FMVZ a ser aprovado no Internato, André analisa: “Essa é uma oportunidade que todos devem considerar. É uma opção para alguém que deseje uma formação mais generalista. Ser aprovado não é impossível, especialmente para quem já fez intercâmbio. É uma porta aberta para todos nossos alunos”.