Existe ao final do filme a sinalização da mensagem de uma limitação do escape para o mundo virtual
por Oscar D’Ambrosio
O filme ‘Jogador Nº 1’, de Steven Spielberg, traz uma série de questionamentos de grande atualidade. Seguramente não é o melhor filme dele, mas isso não impede que a obra nos obrigue a questionar boa parte do cotidiano que vivenciamos hoje, principalmente as fronteiras entre o real e o imaginário, entendendo este último como um local para se esconder de uma existência da qual queremos fugir.
A obra aponta uma situação assustadoramente próxima de nós. Em 2044, o protagonista, assim como o resto da humanidade, prefere a realidade virtual do jogo OASIS ao mundo real. O criador do game, ao morrer, anuncia que deixará justamente a propriedade de sua maior criação para a primeira pessoa que encontrar o tesouro ali escondido.
Para isso, será necessário entrar no programa para jogar e resolver enigmas que darão acesso a três chaves (Bronze, Jade e Cristal). Repleto de referências da cultura pop, o filme pode ser lido de muitas formas, desde uma simples aventura visual deslumbrante a uma jornada de amadurecimento existencial dos protagonistas e seus ajudantes.
Prefiro ficar com a que entende a obra como um alerta simbólico para a necessidade de preservação das relações e dos contatos que chamamos reais. Existe ao final do filme a sinalização da mensagem de uma limitação do escape para o mundo virtual. Somente assim uma nova civilização poderia ser iniciada. Nela, a capacidade de imaginar e de se relacionar com outras pessoas assumem papeis preponderantes. Que assim seja! Que essa Força esteja conosco!
Oscar D’Ambrosio, mestre em Artes Visuais, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura.