Caminhoneiros rejeitam redução de 10% no diesel e continuam parados em Botucatu
Diferente das outras manifestações, a de hoje reuniu simpatizantes como motoboys e donos de vans
texto e fotos: Flávio Fogueral
Pelo quarto dia seguido, caminhoneiros de Botucatu e região continuaram parados nesta quinta-feira, 24, em protesto aos constantes aumentos nos preços do óleo diesel. As manifestações ocorrem na Rodovia João Hypólito Martins (SP-209), a Castelinho, onde mais de 150 caminhoneiros que atuam no município participaram dos atos, com piquetes e alertas aos motoristas.
Nem mesmo o anúncio, na quarta-feira (23), de que o diesel seria reduzido em 10% (ou R$ 0,23) pelo litro vendido nas refinarias agradou aos caminhoneiros, que continuam parados por tempo indeterminado, conforme a organização. Também foi definida a redução de impostos como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), além do PIS/Cofins.
Diferentemente das outras manifestações promovidas, a desta quinta-feira agregou simpatizantes de outras categorias como motoboys e donos de vans. Além do valor do óleo diesel, os caminhoneiros pedem também a revisão no valor do frete, bem como da política de cobrança dos pedágios com veículos com o eixo levantado- em São Paulo ocorre a tarifação integral, diferentemente do que ocorre nas rodovias de administração federal.
“Dez por cento é apenas a casca do ovo. Eles aumentaram tanto nesses meses todos para reduzir apenas nisso? O caminhoneiro é penalizado com essa política. Para se ter uma ideia, estamos sendo sucateados pois nem mesmo os financiamentos voltados à renovação de frota conseguimos ter acesso”, reclamou Simenides Zonta, que é caminhoneiro há quinze anos.
Motoristas alegam que as despesas com o óleo diesel, por exemplo, representam mais que 60% do total do frete. José Carlos da Silva, caminhoneiro há duas décadas, frisa que a redução no valor não agradou à categoria já que o repasse não deverá impactar significativamente ao consumidor. Exemplifica que uma viagem de Botucatu ao porto de Santos, por exemplo, exige o pagamento de R$ 600 em pedágios e R$ 800 em óleo diesel. “Faço em média três viagens. Com todos esses gastos, não consigo mais obter algum lucro ou mesmo fazer a manutenção adequada do caminhão. Somente um pneu custa R$ 1600. Isso que está acontecendo é a retirada do motorista autônomo, já que a atividade fica proibitiva”, salientou.
Não há previsão de término da paralisação. Os manifestantes estão reunidos às margens da Castelinho e não impediram o tráfego de veículos. Alguns motoristas passavam pelo ato e buzinavam em apoio ao movimento. Durante todo o tempo que a reportagem esteve no local, apenas dois caminhões de carga passaram pela região.
A manifestação não teve nenhum incidente registrado. Apesar disso, alguns metros adiante, a Polícia Militar Rodoviária e a Rodovias do Tietê- concessionária responsável pelo trecho, posicionaram viaturas, entre elas uma de resgate e primeiros socorros. Segundo a assessoria de imprensa da concessionária, a presença dos funcionários é para monitorar a situação e que, como as vias não estão bloqueadas, não há pretensão momentânea de medidas judiciais.
Enquanto os protestos continuavam na pista sentido capital/Botucatu, do lado oposto uma grande fila se formava no acesso a um posto de combustíveis, reflexo da crise de desabastecimento pela qual o município passou na quinta-feira.
*Colaborou: Tonon Neto- estagiário de jornalismo da Faculdade Eduvale de Avaré