Ribeirão Lavapés volta a atrair pescadores
Rio é classificado pela Agência Nacional das Águas como apto para irrigação e possibilidade de uso ao abastecimento humano
texto e fotos por Flávio Fogueral
Após décadas de degradação e com pouca possibilidade de abrigar vida e até mesmo servindo para despejo de esgoto a céu aberto, o Ribeirão Lavapés- que corta boa parte da extensão urbana de Botucatu- volta a se tornar um atrativo aos munícipes, resultado direto de iniciativas de conservação e despoluição.
Desde 2014 o rio, que era considerado classe 4 pela Agência Nacional das Águas (ANA) e com isso só tinha serventia para navegação e paisagismo; recebeu trabalhos de despoluição e conservação. No ano passado, a classificação subiu um ponto, sendo agora considerado apto para irrigação e, com o devido tratamento, possibilidade de uso ao abastecimento humano.
O resultado de tais mudanças é percebido na atratividade de diferentes espécies de peixes típicas da região, como cará, tilápia e bagres. Com isso, a fauna nativa- principalmente aves-, tem voltado a circundar as margens do ribeirão. Mas os peixes chamam a atenção também de pescadores.

Nas últimas semanas é frequente relatos e registros de botucatuenses, em diferentes pontos, praticando pescaria às margens e nas pontes que cortam o Ribeirão Lavapés. Nesta quinta-feira, 19, o aposentado Kunio Arakaki, 80, e o filho Fábio Arakaki, 41, destoavam de uma cena comum aos moradores da divisa da Rua Amando de Barros e da Avenida Petrarca Bachi, no Jardim Dona Nicota.
Ambos aproveitaram a tarde de inverno para pescar e estabeleceram ponto fixo na Ponte do Salgueiro. Chamaram a atenção de vizinhos e quem passava pela região. Os passageiros de um ônibus circular olharam com certa curiosidade para a façanha.

Os pescadores esportivos- como se classificam- moram na no Bairro Boa Vista e relatam que há semanas observam a rotina das aves, e constataram a existência abundante de peixes no ribeirão. Somente na quinta-feira (19) foram mais de vinte pescados, muitos com coloração natural e propícios para o consumo.
“Foi da observação das aves que vinham e pegavam peixes. Pensamos em tentar e foi surpresa ver a quantidade que havia aqui. O Ribeirão Lavapés demorou muitos anos para ter vida novamente”, disse Fábio Arakaki, salientando que todos os peixes são devolvidos novamente ao rio.
Kunio Arakaki frisa que, por mais de sete décadas viu a degradação do ribeirão. “Conheci esse rio há mais de setenta anos. Lembro que montaram um curtume e o material era jogado nas águas. Veio esgoto e matou todo o tipo de peixe. Agora, vendo que está voltando a ter vida aqui, é um prêmio”, disse.
Mesmo com o processo de despoluição, ainda é possível encontrar muito lixo pelas águas e nas margens, principalmente lixo doméstico e material com potencial reciclável, como garrafas PET, que demoram décadas para a total decomposição no Meio Ambiente.

Assista à reportagem exclusiva feita pelo Notícias Botucatu:
Botucatu cresceu no entorno do Lavapés
O Ribeirão Lavapés é de suma importância na História de Botucatu. O início da ocupação urbana, aos arredores da região onde hoje está a Praça Coronel Moura (Paratodos), teve como facilitador o rio. Por ali transitaram tropeiros e mercadorias; e suas águas abasteceram parte da Cidade.
Nas décadas de 30 a 50, sua degradação foi acentuada devido ao despejo direto de esgoto sem algum tipo de tratamento. A partir dos anos 1970, iniciou-se o processo de saneamento e canalização dos dejetos. Agora, nas primeiras décadas do século 21, volta a “respirar”.

