Uma pequena ação e a mais simples, é a separação dos resíduos recicláveis em nossa casa
por Patrícia Shimabuku*
Como já alertado: “Preservar e cuidar do meio ambiente não é missão exclusiva dos ambientalistas”. Usufruir dos finitos recursos naturais de forma racional, responsável e sustentável a modo de conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado e saudável para as presentes e futuras gerações poderá ser feito através de pequenas ações diárias de cada um, basta a população entender que essa missão é uma força-tarefa e de responsabilidade de todos.
Uma pequena ação e a mais simples, é a separação dos resíduos recicláveis em nossa casa. Uma simples ação, auxilia em muito, a coleta seletiva, aumentando a vida útil dos aterros sanitários, consequentemente diminuído o impacto ambiental, economizando os finitos recursos naturais, além de ajudar muitas famílias que através desta ação, tiram o sustento financeiro para os seus lares, com a comercialização dos materiais segregados.
Parece ser algo tão simples, não é? Tão óbvio a relevância da coleta seletiva, porém, qual a nossa dificuldade em realmente efetivá-la? Como incorporar a atividade de separar os materiais recicláveis em nossos afazeres domésticos? Uma vez que, assumir e reconhecer as responsabilidades e deveres com o meio ambiente não são exclusivos dos ambientalistas e do Poder Público. Então, por onde começar?
Acreditamos que, antes de iniciarmos o processo de segregação dos materiais passíveis de serem reciclados e reaproveitados, devemos compreender que para a fabricação destes, foram necessários grandes volumes dos finitos recursos naturais, por mais sintético e inanimado seja o produto. Se refletirmos sobre como a energia elétrica é produzida no Brasil e nosso grau de dependência com a mesma, já teremos a noção de tão quanto dependemos do meio ambiente em todos parâmetros (empregatício, econômico e de sobrevivência).
O segundo passo, é compreender que o lixo “posto fora de sua casa” na lixeira não irá sumir com a coleta municipal de resíduos urbanos. O seu lixo não irá simplesmente desaparecer em “um simples passe de mágica”. Do mesmo modo, que o seu “cocô” não irá desaparecer com o acionamento da válvula da descarga.
Colocar o lixo na lixeira, deverá passar por um ritual, respeitando algumas regras. Deverá ser acondicionado em sacos, dispostos em latas de lixo ou lixeiras. Assim, não pode ser deixado em qualquer lugar, no chão das calçadas ou terrenos. Devemos também, verificar e respeitar os horários e dias estabelecidos para o seu recolhimento pela prefeitura.
O lixo doméstico é um conjunto heterogêneo de elementos desprezados durante as atividades domésticas e, pela forma como é tratado, assume um caráter depreciativo, sendo associado à sujeita, repugnância, pobreza, falta de educação e outras conotações negativas. Porém, estes possuem um potencial para a reciclagem, pois contém em sua composição muita matéria orgânica compostável, além de itens que possuem mercado comprador, tais como: papel, metais, plásticos e vidros. Com todos estes pontos positivos, qual a dificuldade de separar e disponibilizar de forma respeitosa os materiais recicláveis em seu lar? Porque não separamos os recicláveis dos sacos de lixo com papéis higiênicos usados e dos cocôs dos animais de estimação?
Uma dúvida comum é se os recicláveis deverão ser previamente higienizados para o descarte. O ideal é que sejam lavados com água de reuso (por exemplo, usar a água recolhida da máquina de lavar ou a própria água utilizada para a higienização das louças e outros itens da cozinha) e, não água potável. Estes materiais poderão ser entregues nos PEVs (Pontos de Entrega Voluntária), ou disponibilizados nas lixeiras residenciais para o recolhimento do caminhão da coleta seletiva (verificar o dia e se sua rua está dentro do programa) ou para o recolhimento dos catadores (indivíduos autônomos que recolhem recicláveis).
Segundo Sabetai Calderoni em sua obra: “Os bilhões Perdidos no Lixo” a reciclagem é na sua essência uma forma de educar e fortalecer nas pessoas o vínculo afetivo com o meio ambiente, despertando o sentimento do poder de cada um para modificar o meio em que vivem. Se quisermos evoluir enquanto civilização, precisamos refletir sobre nossas atitudes cotidianas dentro e fora de nossos lares, reciclando nossos hábitos em relação ao consumismo desenfreado e quanto aos nossos resíduos. Devemos reciclar também, nossa maneira de entender o papel do indivíduo dentro da sociedade, construindo através de uma cidadania ambientalmente sustentável as relações de respeito e harmonia do ser humano com o meio ambiente e consigo próprio. A Educação Socioambiental Vivencial é uma das estratégias sensibilizadoras para a efetiva coleta seletiva.
Um meio ambiente melhor é de responsabilidade de todos. Cada um pode fazer alguma coisa para mudar e melhorar a realidade da sua rua, da sua comunidade e da sua cidade. Esta atitude refletirá no Planeta e na qualidade de vida dos seus descendentes. Reflita!
*Patricia Shimabuku é farmacêutica industrial, professora e ativista socioambiental.
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