CRÍTICA | The Good Doctor – Sobre preconceitos

A série mostra Shaun Murphy, jovem cirurgião com autismo e savantismo

por Oscar D’Ambrosio

Não são poucos os que se entusiasmaram com a série ‘The Good Doctor”, série médica da ABC, da qual a TV Globo exibiu os dois primeiros episódios na Tela Quente de 27 de agosto, no formato de longa-metragem. A série mostra Shaun Murphy, jovem cirurgião com autismo e savantismo que se muda do interior para um grande hospital.

Ele enfrenta ceticismo e preconceito da maior parte da equipe médica, embora comece a conquistar muitos pelas suas habilidades extraordinárias, como a memória fotográfica. No entanto, a sua falta de habilidade no relacionamento interpessoal com colegas e pacientes traz numerosas dificuldades.

A série possibilita ainda discutir o autismo e o savantismo. Cabe lembrar que o Transtorno do Espectro do Autismo, como é tecnicamente denominado pelo Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, é um transtorno neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não-verbal e comportamento restrito e repetitivo.

Já a síndrome do sábio, síndrome do idiota-prodígio ou savantismo (do francês ‘savant’, “sábio”) é considerado um distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um déficit de inteligência. Tais habilidades são sempre ligadas a uma memória extraordinária, mas com pouca compreensão do que está sendo descrito.

Se a série de ficção não tem compromisso algum com a realidade do transtorno e da síndrome, ao menos o fato de apresentar seus nomes ao grande público merece uma reflexão.

Afinal, falar sobre eles é melhor do que ignorá-los ou colocá-los numa espécie de limbo. Séries de TV, nesse sentido, por mais imperfeitas que possam parecer, podem cumprir esse papel.

Oscar D’Ambrosio, mestre em Artes Visuais, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura.

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