OPINIÃO | Lixo e Drenagem de águas pluviais comprometem a saúde e a importância ecológica do Parque Municipal

Os lixos oriundos das enxurradas ficam enroscados nas raízes (já expostas) das árvores

por Patrícia Shimabuku*

O Parque Municipal “Joaquim Amaral Amando de Barros” possui grande importância ecológica e recreativa para a população do entorno, para todos os botucatuenses e turistas. O “Parque foi criado em 1994, ocupa uma área aproximada 10 hectares no Jardim Paraíso, região norte de Botucatu. A mata nativa preservada é de transição de cerrado e mata atlântica. Abriga espécies de vegetais, uma fauna rica em pássaros, trilha ecológica, além de ser uma área de nascentes de água”.

As águas pluviais das vias públicas do entorno são canalizadas para os bueiros localizados na Rua Camilo Mazoni, no lado da calçada que circunda o parque. A localização dos canais por onde são percorridas as águas pluviais fazem confluência com alguns pontos da trilha ecológica. Ao percorrer a trilha, observa-se alguns processos erosivos e uma variedade de lixo trazidos para dentro do parque.

Os lixos oriundos das enxurradas ficam enroscados nas raízes (já expostas) das árvores, caracterizando além da poluição visual, poluição do solo, das nascentes e do lago. Muitos destes são reservatórios de água, consequentemente, poderão favorecer a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Desta forma, a eliminação desses criadouros faz-se mais do que necessário, mas, sim de carácter obrigatório, justificando as medidas preventivas e de promoção de saúde individual e coletiva da população. Esses problemas já foram sinalizados na Audiência Pública “Lixo na Cuesta, descarte esta ideia” realizada na Câmara Municipal no dia 03/07/2018.

Por fim, sugerimos as seguintes medidas corretivas:

  • Avaliação e adequações no sistema de drenagem das águas pluviais do entorno e para dentro do Parque, com a inclusão de elementos urbanísticos (inclusão de calçadas, sarjetas, trincheiras e/ou poços drenantes) que proporcionam a redução do coeficiente de escoamento superficial. Em 1995, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), publicou o Relatório Técnico 33.369 titulado como “Carta de risco de erosão da área urbana de Botucatu –SP”, um instrumento de planejamento urbano para o município. Nas páginas 49, 50 e 51 deste relatório, temos a descrição da “Boçoroca do Parque Municipal” com todos os detalhes de geomorfologia, geologia, pedologia, bacia hidrográfica, grau de criticidade da área para processos erosivos, interação da erosão com a área urbana, previsões de evolução pela continuidade do processo erosivo, recomendações de recuperação e croqui da área.
  • Avaliação das condições da vegetação, principalmente, as localizadas no percurso das águas pluviais.
  • Verificação do cumprimento da legislação ambiental para APP e nascentes do Parque
  • .Mutirão de limpeza na região florestada do Parque com foco em extinguir os possíveis criadouros para o mosquito Aedes aegypti.
  • Uma campanha de educação ambiental nas escolas, creches, instituição de ensino, pontos comerciais e dos moradores do bairro do entorno deverá ser realizada com objetivo de sensibilização e conscientização sobre vigilância ambiental em saúde, para estimular a cidadania ecológica e o senso de responsabilidade do cidadão com o zelo e a manutenção da cidade.

E por fim, fica a sugestão deste local (Parque) para o Grupo de Enfrentamento “Todos Contra Dengue” para atuar no combate a criadouros do mosquito.

*Patricia Shimabuku é farmacêutica industrial, professora e ativista socioambiental.

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