Clube da luta

Talvez, na verdade, seja uma das melhores representações de vácuo existencial humano

por Oscar D’Ambrosio

Há 20 anos, o cineasta David Fincher lançava o filme “Clube da Luta”. Embora não tenha causado grande impacto inicialmente, foi progressivamente ganhando espaço e se tornou cult justamente por tratar do vazio de uma geração de maneira ímpar. Talvez, na verdade, seja uma das melhores representações de vácuo existencial humano.

Tudo começa com um homem deprimido e um estranho vendedor que formam um clube com regras rígidas onde homens lutam. A moda pega e se espalha, dando origem a uma organização anti-materialista e anti-capitalista denominada “Project Mayhem”, que prospera até que diversos acontecimentos levam a uma crise.

O filme tem diversas portas de entrada, mas a principal está, talvez, na maneira como é tratada a violência como uma resposta para a sociedade. Perante uma realidade cotidiana de violência dissimulada no trabalho, por exemplo, entre outras dimensões, as lutas são uma espécie de sincera manifestação daquilo que as pessoas realmente pensam e são.

Assistir ao filme duas décadas após o lançamento significa perceber muitos de seus aspectos simbólicos, mas, acima de tudo, reside em ter uma experiência renovada porque o cotidiano tornou-se um clube da luta permanente, uma espécie de ringue de MMA disfarçado. Nesse sentido, talvez o código de regras imposto pela organização fictícia do filme traga grandes ensinamentos.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-doutorando e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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