Conforme levantamento da UNESCO, apenas 28% dos pesquisadores no mundo são mulheres
por Vinícius Nunes Alves*
A participação das mulheres na Ciência cresceu nas últimas décadas, mas no meio acadêmico ainda existem algumas questões que precisam ser melhoradas para que as mulheres tenham igualdade de condições de carreira em relação aos homens. As diferenças de gênero quanto à participação na Ciência podem ser visualizadas de diferentes formas, mas uma forma mais evidente ainda é na proporção inferior das mulheres nos cargos mais valorizados, por exemplo, em lideranças de pesquisas e em cargos de chefia.
Segundo o relatório “Gender in the Global Research Landscape – Analysis of research performance through a gender lens across 20 years, 12 geographies, and 27 subject areas” da Elsevier (2017), as mulheres em diversos países ainda são sub-representadas como primeiras autoras e autoras de correspondência em publicações científicas, quando comparadas aos pares masculinos. Além disso, um estudo de Moschkovich e Almeida (2015) na revista Dados discute que as mulheres têm desvantagem nos processos de recrutamento e promoção nas universidades por normalmente despenderem maiores cuidados domésticos e com filhos. No Brasil, por sua vez, esse mesmo estudo destaca que a sub-representação das mulheres se concentra mais em posições de chefia – direções de institutos, coordenações de pós-graduações e reitorias – nas quais as proporções femininas são muito menores do que os professores.
No Brasil, a desigualdade entre mulheres e homens não está mais no ingresso ao meio acadêmico, considerando que aproximadamente 49% dos pesquisadores são mulheres atualmente, mas sim, conforme apontado acima, ainda nas posições mais valorizadas. Um olhar além do Brasil indica que a sub-representatividade das mulheres como profissionais de ciência ainda segue acentuada no mundo mesmo de forma horizontal – quantidade de mulheres nos corpos docentes das instituições. Isso porque conforme levantamento da UNESCO (2016), apenas 28% dos pesquisadores no mundo são mulheres. Na vivência acadêmica as mulheres também são menos expressivas nas classes mais altas da carreira docente em diversos países, como pesquisadores associados e titulares. Diante desse cenário, no mesmo ano, a ONU junto com a UNESCO definiram o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional de Mulheres na Ciência como forma de promover o acesso e participação feminina integral e igualitária no meio científico.
Diante desse contexto, nota-se a importância de políticas que continuem a eliminar diferenças na valorização de professores pesquisadores em função do gênero, sobretudo quando se trata da progressão de carreira, a qual ainda reflete uma segregação vertical entre mulheres e homens. Encerro o texto com uma frase da Marie Curie – primeira pesquisadora da história a receber o prêmio Nobel em física (1903) e em química (1911): “Na vida, não existe nada a temer, mas a entender.”
Para saber mais sobre o assunto, consulte uma versão mais desenvolvida que sou coautor. Para isso, clique aqui.
*Vinícius Nunes Alves é Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas – IBB/UNESP. Mestre em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais – UFU . Especializando em Jornalismo Científico – Labjor/UNICAMP . Professor Escolar da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.