É possível ser bom?

Um ponto essencial está em mostrar como Rogers lida com as suas inquietações e com o “fardo” de parecer perfeito

por Oscar D’Ambrosio*

O filme “Um lindo dia na vizinhança” é mais uma oportunidade de ver Tom Hanks confirmar a sua posição de um dos principais atores de sua geração. A atuação, que lhe valeu a indicação para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, é repleta de nuanças, num exercício que encanta o espectador desde os primeiros segundos.

Hanks interpreta Fred Rogers, apresentador de um programa infantil que moldou boa parte das crianças norte-americanas dos anos 1960, com lições de bom comportamento e tolerância, incluindo conselhos para aceitar as diferenças e para saber perdoar e controlar as próprias emoções, como a raiva e o rancor.

A trama tem como eixo o perfil que um jornalista investigativo vai fazer do apresentador. A direção de Marielle Heller ressalta as diferenças entre um profissional descrente dos seres humanos e envolvido em crises familiares com o pai, que o abandonou os filhos quando a esposa ficou doente, e o uma pessoa que parece perfeita na TV e fora das câmeras.

Um ponto essencial está em mostrar como Rogers lida com as suas inquietações e com o “fardo” de parecer perfeito. As orações, a prática de natação e o piano são as válvulas de escape, como aponta, inclusive, a excelente cena final. Surge então a questão se é possível ser bom em um mundo que parece geralmente ser tão mau. O filme responde à sua maneira.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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