Gerar mais traumas para se curar de algum trauma é a terapia preconizada
por Oscar D’Ambrosio*
O filme “Trauma Theraphy” é um autêntico soco no estômago. Mostra como um grupo de “perdedores”, palavra que tem um grande peso em língua inglesa, assiste a um seminário de autoajuda com um guru de metodologias inusitadas, que incluem ficar nu na frente dos outros e passar por um detector de mentiras.
Mas há muito mais, como ficar na mira de armas de fogo de colegas e tomar drogas alucinógenas. A justificativa do mentor é que o melhor caminho para enfrentar traumas do passado é justamente colocar cada pessoa em seu limite, por mais absurdas que as situações possam parecer.
Cada um dos participantes tem que lidar com seus fantasmas, que incluem desde vivências em campos de batalha fora dos EUA ao vício em sexo, passando por complexas relações familiares. Gerar mais traumas para se curar de algum trauma é a terapia preconizada. Como não poderia ser diferente, a revolta dos discípulos contra o mentor se instaura.
O final do filme, de certa maneira surpreendente, aponta que talvez as estratégias do guru possam estar certas e que, por serem radicais, levam cada indivíduo a um mergulho sem volta em si mesmo, sendo o único porto seguro o líder detonador do processor. Em última análise, a pergunta do diretor Tyler Graham Pavey é: o estresse extremo cura?
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.