Isso leva muito a buscarem experiências extremas para se sentirem de fatos vivos
por Oscar D’Ambrosio*
Certamente um dos maiores desafios do mundo contemporâneo é manter a motivação existencial em alta quando quase tudo parece conspirar contra a própria existência da humanidade. Isso leva muito a buscarem experiências extremas para se sentirem de fatos vivos ou para vivenciarem situações que apenas leram ou viram no cinema.
O filme “A Selva” conta uma dessas jornadas. Baseada no livro em que o israelense Yossi Ghinsberg conta suas próprias aventuras na floresta boliviana, a obra dá ao ator Daniel Radcliffe a oportunidade de interpretar um papel repleto de nuances. O protagonista começa como um rapaz deslumbrado com a riqueza amazônica e termina como um herói sobrevivente das provações que a natureza lhe impõe.
É justamente dessa transformação que trata o filme. Três rapazes, atraído pelo exótico e pela oportunidade oferecida por um aventureiro de conhecer populações indígenas em estado natural e garimpar pepitas de ouro em rios intocados, mergulham numa jornada de inimagináveis consequências.
O diretor Greg McLean transforma a floresta e o rio em que se desenvolve parte da narrativa em personagens. O ambiente local transforma as pessoas, revelando aquilo que elas têm de pior e de melhor. A força da selva destrói os pés nas caminhadas e, acima de tudo, traz desafios para as mentes. É impossível sair de lá do mesmo jeito que se entrou. E o filme consegue mostrar bem isso.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.