Com mais de 1,5 quilômetro de extensão a Dom Lúcio é uma das mais expressivas regiões
por Flávio Fogueral*
Cada região de Botucatu possui características e dinamismo próprios. Muitas se destacam como importante corredor empresarial e de entretenimento, além de estar intimamente ligadas à História da Cidade. Um desses casos, especialmente, é a Avenida Dom Lúcio, chamada carinhosamente de “Avenida”, e que sintetiza o corredor de boas-vindas botucatuense.
Com mais de 1,5 quilômetro de extensão, entre o Largo da Catedral de Sant’Anna e o Cemitério Portal das Cruzes, a Dom Lúcio é uma das mais expressivas regiões. Concentra mais de 110 empreendimentos, segundo a Secretaria de Indústria, Comércio e Desenvolvimento de Botucatu. Centenas de botucatuenses também escolheram viver na região, pela sua praticidade e acesso fácil às demais regiões da Cidade.
A história da Avenida Dom Lúcio marca a ambição de Botucatu em abraçar a urbanização, sem perder seus laços com a religiosidade. Os primeiros registros históricos dão conta que a concepção surgiu da necessidade do município em expandir a sua zona urbana, ainda na década de 1890. Fora criada a antiga Rua do Cemitério, sendo popularmente conhecida por Avenida Campo Santo, como prolongamento da região que receberia a nova Igreja Matriz. O projeto visou atender a mudança do antigo cemitério (localizado onde era o antigo Fórum e a atual Pinacoteca) para uma área fora dos limites urbanos. A justificativa era que o entorno do cemitério logo seria ocupado por casas, fato que ocorreu nas décadas seguintes.
A atual denominação, instituída em 1923, veio a homenagear o primeiro bispo de Botucatu, Dom Lúcio Antunes de Souza, religioso que entre suas contribuições, fez com que a Cidade tivesse maior relevância para a Igreja Católica. É de sua gestão a vinda dos frades capuchinhos, a instalação dos Colégios La Salle e Santa Marcelina, por exemplo.
Portanto, décadas de crescimento fizeram com que a famosa “Avenida” passasse a ter diversas facetas. Foi ponto de encontro para o lazer, corredor comercial e, principalmente, tornou-se por anos o cartão de visitas da Cidade. São diversas as facetas desta importante região.
Avenida Cultural
Parte da cultura botucatuense está centrada na Dom Lúcio. Importantes instrumentos públicos estão instalados neste corredor. Um destes exemplos é o do Espaço Cultural “Doutor Antônio Gabriel Marão”, que concentra, além do Museu Histórico e Pedagógico “Francisco Blasi”, o projeto “Cine Janelas”, com exibição gratuita de filmes e documentários. Ainda no espaço, está a Biblioteca Municipal “Emílio Pedutti”, uma das mais importantes da região.
As artes plásticas também são valorizadas com o Fórum das Artes, um complexo que abriga exposições e se tornou um novo ponto de encontro de artistas. A grande expectativa é quanto ao início das operações da futura Pinacoteca do Estado, que funcionará no prédio onde antes era o Fórum. Com revitalização total orçada em mais de R$ 2 milhões, contará com sete salas e dois halls dedicados a exposições em dois pavimentos, além de auditório, reserva técnica e biblioteca.
A Avenida ainda recebe iniciativas de lazer como o “Avenida é Sua”, onde a população pode participar, em um domingo do mês, de atividades esportivas e culturais, totalmente gratuitas.
Avenida Gastronômica
Impossível pensar na Avenida Dom Lúcio sem lembrar das opções em restaurantes, lanchonetes e espaços para apreciar uma boa conversa. Em suas quadras há opções diversas que contemplam os mais diversos gostos gastronômicos. Pode-se encontrar desde redes de fast food a restaurantes de culinárias típicas italiana, chinesa, caipira, entre outras opções.
Dom Lúcio Antunes de Souza, nasceu a 13 de abril de 1866, na fazenda Brejo dos Mártires, em Lençóis do Rio Verde (Minas Gerais). Ordenou-se padre em 1890. Lecionou no mesmo Seminário; foi pároco de sua cidade natal e de Montes Claros/MG. Foi duas vezes à Europa: a primeira para sagrar-se Bispo e a segunda para conseguir clero regular. Dom Lúcio era industrial e fazendeiro, além de fabricar vinho.
Assumiu o bispado de Botucatu no dia 20 de fevereiro de 1909. Ao chegar na diocese, Dom Lúcio, logo se preocupou com a construção de um Seminário Diocesano, lançado em 29 de julho de 1909 (hoje Colégio La Salle). Trouxe para auxiliá-lo na recém criada diocese, os Frades Capuchinhos, que chegaram em 1909, e se encontram até hoje onde funciona o Santuário Nossa Senhora de Lourdes, inaugurado em 1918. Dom Lúcio, trouxe também as Irmãs Marcelinas que chegaram em 1912 e fixaram residência no Brasil, onde fundaram o Colégio dos Anjos (hoje Colégio Santa Marcelina). Faleceu aos sessenta anos, no dia 19 de outubro de 1923 e está sepultado na cripta da Capela da Ressurreição, na Catedral Metropolitana.
(Com informações de Olavo Pinheiro Godoi, no Livro “Ruas de Botucatu”, ainda sem lançamento, e da Arquidiocese de Sant’Anna)
*Matéria originalmente publicada na edição 30 da Destaque Botucatu. Para ler a versão completa, clique aqui.