Contra as fake news

A obra é o pungente alerta não só contra o preconceito, mas também contra a falsidade ideológica

Por Oscar D’Ambrosio*

Em um mundo em que o termo fake news já está vulgarizado, assistir ao filme “O Oficial e o Espião”, de Roman Polanski, é uma obrigação. A narrativa enfoca o tristemente celebre Caso Dreyfus, que se arrastou por 12 anos, desde que, em 1894, o capitão de origem judaica Alfred Dreyfus foi condenado por “alta traição”.

Ele foi acusado de ter passado informações militares confidenciais aos alemães. Em um julgamento interno do exército, foi degredado para a Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Essa história começa a se alterar quando o Coronel Picquart, ao assumir o comando da Contra Espionagem francesa, embora também antissemita, percebe que algo está errado.

Ele começa a desvendar um universo de mentiras que tem como ápice uma carta forjada que foi essencial na condenação. Seus esforços resultam em nova investigação e julgamento que provaram a inocência do réu. Baseada no livro homônimo, de Robert Harris, a obra é o pungente alerta não só contra o preconceito, mas também contra a falsidade ideológica.

O caso como um todo prova as principais qualidades e defeitos humanos. Se o capitão foi inicialmente condenado devido a falsas acusações e provas infundadas baseadas em grande parte graças ao ódio pelo fato de ele ser judeu, foi inocentado devido às ações de um homem que soube reconhecer que a verdade dos fatos está além de questões étnicas ou religiosas.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br