Hoje é o dia do Rio – existe razão para comemorar?

Crescimento urbano ocorrido nas últimas décadas transformou o Brasil num país essencialmente urbano e parece ter perpetuado um ciclo de contaminação

Por Patrícia Shimabuku*

Para responder à pergunta, por favor, observe a imagem abaixo e reflita se você já passou por algum córrego urbano com situação semelhante.

Se a nossa existência depende da disponibilidade hídrica com qualidade e quantidade, quais são as justificativas para esse tipo de relação com os rios e córregos, sejam nas cidades ou no campo?

Para fomentar os diálogos, diretrizes e ações para conservação da rede hidrográfica foi instituído o dia 24 de novembro como o “Dia do Rio”, porém, infelizmente, não há muito o que se comemorar, especialmente em relação aos rios urbanos brasileiros, há muito, ainda, a ser feito.

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o acesso à água potável, segura e limpa, como um direito humano e estabeleceu como meta “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e do saneamento para todos os cidadãos do planeta até 2030”. Apesar disso, em pleno século XXI, mais de 35 milhões de brasileiros AINDA não têm acesso à água tratada e 104 milhões AINDA não tem acesso a coleta de esgoto.

O crescimento urbano ocorrido nas últimas décadas transformou o Brasil num país essencialmente urbano e parece ter perpetuado um ciclo de contaminação desses rios por lixo, efluentes domésticos, industriais e pluviais, de contaminação das águas subterrâneas por fossas sépticas, de vazamentos dos sistemas sanitário, de ligações clandestinas e de ocupações irregulares das margens e planícies de inundação dos rios. Os “azuis urbanos” um dos critérios para os primeiros assentamentos (origem das cidades) hoje são vistos como problemas/desafios para

Gestão Pública que perpetuam ano após ano em consequência de um modelo de urbanização predatório e irresponsável.

E por fim, como estão os córregos e rios do seu município? Quais são as políticas públicas existentes de preservação e conservação das áreas de mananciais? Como estão as APP dos “azuis urbanos”? O que você tem feito para preservar, recuperar e valorizar o rio da sua comunidade?

*Patricia Shimabuku é farmacêutica industrial, professora e ativista socioambiental. Para ler todos os artigos da colunista, acesse aqui.

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