Será o primeiro biobanco a ser implementado na Unesp
Da Redação
Um biobanco para armazenar amostras de pacientes infectados com o SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19, para fins de pesquisa foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e está em fase de implementação na Unidade de Pesquisa Experimental (Unipex), da Faculdade de Medicina do câmpus de Botucatu (FMB). Será o primeiro biobanco a ser implementado na Unesp.
O Biobanco Covid-19 da Unesp foi concebido pelo Comitê Científico e pelo Comitê Unesp Covid-19, instâncias criadas neste ano pela Universidade como resposta à pandemia deflagrada em março, e desenvolvido, inicialmente, como espaço de armazenamento de amostras de pacientes infectados com SARS-CoV-2 para possíveis usos em pesquisas, futuras e atuais, atendendo assim à demanda dos pesquisadores que trabalham com a doença, uma emergência em saúde pública. Posteriormente, o biobanco poderá ser usado para outros patógenos.
Um biobanco é fundamental no desenvolvimento de pesquisas que se utilizam de informações oriundas da análise de materiais biológicos de seres humanos, como hemoderivados, saliva, tecidos, ácidos nucléicos, entre outros. É importante destacar que toda e qualquer amostra coletada para fins de pesquisa pertence exclusivamente ao doador do material e está protegida por uma série de regulações e acordos nacionais e internacionais. Cabe à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), por meio de seus representantes regionais, os Comitês de Ética em Pesquisa (CEP), assegurar que princípios bioéticos de autonomia, beneficência, justiça e dignidade humana sejam respeitados individualmente e coletivamente aos participantes de um estudo.
Segundo o Conselho Nacional de Saúde, o biobanco é uma “coleção organizada de material biológico humano e informações associadas, coletado e armazenado para fins de pesquisa, conforme regulamento ou normas técnicas, éticas e operacionais pré-definidas, sob responsabilidade e gerenciamento institucional dos materiais armazenados, sem fins comerciais”. Dessa forma, por definição, os biobancos são considerados reservatórios de longa duração sob responsabilidade da instituição, que deve cuidar do gerenciamento, acondicionamento, preservação e rastreamento das amostras depositadas sob sua guarda.
Para incluir material biológico no Biobanco COVID-19 da Unesp, o pesquisador deverá possuir um protocolo de pesquisa autorizado pelo sistema CEP/Conep e o indivíduo doador das amostras deverá ter dado seu consentimento prévio, livre e amplamente esclarecido antes que qualquer material seja efetivamente coletado. Ao dar seu consentimento, o indivíduo transfere a guarda e a responsabilidade de seu material biológico ao pesquisador responsável ou à instituição na qual o estudo ocorrerá.
A Unipex foi escolhida para abrigar o Biobanco Covid-19 da Unesp devido à sua infraestrutura laboratorial, plenamente adequada ao processamento e armazenamento de grandes volumes de amostras de pacientes. Além disso, a Unipex está estrategicamente localizada no câmpus de Botucatu, em proximidade ao Hospital das Clínicas da cidade, que abriga o Laboratório de Biologia Molecular da Faculdade de Medicina, responsável pelos diagnósticos de Covid-19 no câmpus. Ao longo da pandemia, a Universidade vem contribuindo com a rede de diagnóstico da doença criada pelo governo estadual e também realizando o teste de rastreamento por pool de saliva, técnica registrada em setembro passado como “inovação social” pela Agência Unesp de Inovação.
“Ter o biobanco regularizado no sistema CEP/Conep permite que a instituição possa utilizar e reutilizar o material biológico humano coletado, ao longo de uma pesquisa, para o desenvolvimento de novos estudos, garantindo os direitos do participante de pesquisa, assim como as formas éticas e adequadas para o processamento, armazenamento, distribuição e descarte de material biológico humano”, diz o professor Jorge Alves de Almeida Venâncio, coordenador geral da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
A implementação do Biobanco Covid-19 da Unesp representa um marco não apenas para a instituição, mas para a comunidade científica como um todo. De acordo com o Comitê Científico Covid-19 da Universidade, que coordena as ações relacionadas à concepção, aprovação e implantação do biobanco, a estrutura beneficiará diretamente diversos grupos de pesquisa que necessitam de amostras de pacientes infectados com SARS-CoV-2, além também de atender a demandas de grupos e unidades de pesquisa externas à Unesp que processam grandes volumes de amostras de pacientes positivos para Covid-19 e possuem limitação física para o armazenamento das mesmas.
“O biobanco viabilizará a realização dos mais diversos tipos de estudos em Covid-19, possibilitando avanços significativos para um melhor entendimento e combate à doença. O Biobanco Covid-19 da Unesp será um legado para a Universidade e para a comunidade científica como um todo”, afirma a docente Célia Regina Nogueira, assessora da Pró-Reitoria de Pesquisa e presidente do Comitê Científico.