Ex-presidente Dilma Rousseff se posiciona sobre denúncia de assédio a Cury

Cury foi acusado de assediar a deputada Isa Penna (PSOL) durante sessão extraordinária da Alesp

Da Redação

A denúncia de assédio sexual envolvendo o deputado estadual Fernando Cury foi amplamente repercutida nos meios políticos. Seja em âmbito local, estadual ou mesmo nacional, políticos e personalidades da mídia comentaram a respeito do caso, que será apurado pelo Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo e também pela polícia já que a vítima, a deputada Isa Penna, oficializou queixa contra o parlamentar botucatuense.

Já na quinta-feira, 17 de dezembro, o Cidadania, legenda a qual Cury é filiado, determinou a instauração de procedimento em seu Conselho de Ética para apurar o caso. O mesmo será ouvido, podendo até mesmo sofrer processo interno que poderá culminar em possível expulsão.  A nota, assinada pelos deputados Arnaldo Jardim, presidente estadual da legenda, e Roberto Freire, presidente nacional, frisa que as providências cabíveis serão tomadas. “Temos uma história de luta em defesa dos direitos da mulher que nenhuma pessoa pode macular”, ressalta o texto.

Cury foi acusado de assediar a deputada Isa Penna (PSOL) durante sessão extraordinária da Assembleia Legislativa, na quarta-feira, 16 de dezembro. Imagens de vídeo capturadas pela TV Alesp, é possível ver o deputado Fernando Cury conversando com outro deputado. Depois, ele faz um movimento em direção à deputada Isa Penna, que está apoiada na mesa diretora da Casa, e retorna a conversar com outro parlamentar, que tenta impedir que o colega se dirija novamente à deputada. Cury, no entanto, para atrás da deputada apalpando seu seio e é repelido por Penna.

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo deverá analisar o caso somente em janeiro, devido ao recesso de final de ano. O órgão conta com apenas uma mulher, a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB). Além dela, integram Adalberto Freitas (PSL), Emidio de Souza (PT), Barros Munhoz (PSB), Wellington Moura (Republicanos), Delegado Olim (PP), Carlos Giannazi (PSOL) e Alex Madureira (PSD).

Quem também se manifestou, entre diversos políticos do âmbito da esquerda, foi a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Em seu posicionamento, a política ressalta se solidarizar com a deputada Isa Penna e classificou o episódio como “uma revoltante repetição do que acontece todos os dias com milhões de mulheres”.

Segundo ela, “caso da deputada Isa Penna, fica evidente a sordidez ao juntar, num mesmo gesto, a violência sexual e a violência política, afrontando uma deputada eleita que milita pelas causas em defesa dos direitos das mulheres”. Para Dilma, o ato, que será investigado pela polícia “é ainda uma ação torpe de desprezo à democracia. É um insulto contra todas as parlamentares e contra todas as mulheres brasileiras. O autor do abuso deve responder criminalmente, na justiça, e perder o mandato pelo crime cometido”.

Violência sexual e política
SOLIDARIEDADE À DEPUTADA ISA PENNA.
O que aconteceu no plenário da Alesp é uma revoltante…

Publicado por Dilma Rousseff em Sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Leia abaixo a nota emitida pela ex-presidente:

NOTA DE DILMA ROUSSEFF SOBRE O ABUSO CONTRA A DEPUTADA ISA PENNA
Manifesto meu apoio e solidariedade à deputada estadual Isa Penna, do PSOL-SP, vitima de comportamento sexualmente abusivo, em plena sessão plenária, por parte do deputado Fernando Cury, do partido Cidadania. Essa cena abjeta e repugnante foi filmada e, só após a contundente exigência dos líderes das bancadas de oposição, o presidente da Alesp, Cauê Macris, do PSDB, foi obrigado a divulgá-la.
Isa Penna foi molestada pelo deputado Fernando Cury e reagiu imediatamente, mas só conseguiu apresentar a prova do abuso depois de vencer o silêncio e a omissão criminosas dos que pretendiam proteger o assediador. O que aconteceu dentro do plenário da Alesp é uma revoltante repetição do que acontece na sociedade brasileira, todos os dias, o tempo todo, com milhões de mulheres, que são alvos de todo o tipo de abuso e violência de natureza sexual, física, emocional e psicológica.
No caso da deputada Isa Penna, fica evidente a sordidez ao juntar, num mesmo gesto, a violência sexual e a violência política, afrontando uma deputada eleita que milita pelas causas em defesa dos direitos das mulheres.
O atentado contra Isa Penna é um ato explícito de abuso sexual. É ainda uma ação torpe de desprezo à democracia. É um insulto contra todas as parlamentares e contra todas as mulheres brasileiras. O autor do abuso deve responder criminalmente, na justiça, e perder o mandato pelo crime cometido.
Basta de violência contra a mulher. Basta de machismo e misoginia. Basta de impunidade para os abusadores e da omissão covarde dos que se acumpliciam com a violência contra a mulher.
DILMA ROUSSEFF