Pardini: “Se essa velocidade de contaminação se mantiver, chegaremos a mil casos de Covid-19 por semana”
De 1º a 26 de janeiro foram registrados 1.764 diagnósticos positivos do novo coronavírus no município
Por Flávio Fogueral
O prefeito de Botucatu, Mário Pardini (PSDB), fez novo alerta sobre a possibilidade de saturação do sistema de saúde caso a velocidade de infecção da Covid-19. Em vídeo divulgado em sua página oficial, o Chefe do Executivo frisou uma perspectiva de crescimento crítico dos casos em botucatuenses.
De 1º a 26 de janeiro foram registrados 1.764 diagnósticos positivos do novo coronavírus no município. Além disso, as mortes decorrentes passaram de 58 para 72. O número de pessoas em quarentena domiciliar obrigatória também saltou de 196 para 547 nas últimas semanas. A taxa de letalidade no município é de 1,3%, abaixo da média estadual, que está em 3%. Mesmo assim, é a 52ª cidade paulista com maior número de casos.
“Temos observado que a cada dia, novas infecções com mais de cem casos por dia. Isso pode levar a um final de semana epidemiológica com mais de 700 botucatuenses tendo diagnósticos positivos. Se essa velocidade de contaminação não for interrompida, logo teremos mais de mil casos por semana e trará uma pressão muito maior ao nosso sistema de saúde, seja público ou privado”, salientou Pardini.
Tal crescimento fez com que, em quatro oportunidades o Hospital das Clínicas (HCFMB), referenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), atingiu a total capacidade de internações em suas unidades de terapia intensiva (UTI). Fato que levou a solicitação de mais seis leitos, voltando a 30 vagas. Mesmo assim, os índices sempre se mantiveram acima dos 90%. Já a rede privada, com dez leitos em UTI, está com 70% de ocupação.
Situação fez com que autoridades de Botucatu fossem até São Paulo para tentar reativar leitos no Hospital Estadual Botucatu, que desde dezembro está inoperante. A Prefeitura também modificou o atendimento em âmbito primário, estabelecendo as Unidades Básicas de Saúde como polos para exames e assistência inicial. Além disso, reforçou convênio com a rede privada para recebimento de munícipes em tratamento.
“Investimos em um programa reconhecido de testagem e diagnósticos do país e um projeto para garantir que as pessoas positivas para o novo coronavírus permaneçam em quarentena para quebrar o ritmo de contaminação. Abrimos pontos de atendimentos para desafogar as demandas o Pronto Socorro Adulto”, reforçou o prefeito.
Durante a semana o secretário municipal de Saúde, André Spadaro, já havia alertado sobre o avanço da velocidade de contaminação. Segundo ele, os índices têm sobrecarregado o sistema de saúde, tanto na esfera pública quanto privada. Perspectiva é de um possível colapso do sistema em até duas semanas, caso as taxas de infecção prossigam no mesmo patamar.
O prefeito ainda ponderou a mudança de comportamento em muitos botucatuenses, que têm desrespeitado inclusive a quarentena domiciliar obrigatória, bem como o negacionismo de outros quanto à pandemia. “Percebo, a cada dia, as pessoas mais intolerantes, com posições cada vez mais radicais e com dificuldade de compreensão do momento pelo qual passamos. Acompanhando hoje a situação de Jaú (a Santa Casa local atingiu sua capacidade máxima de atendimento e possui fila para receber pacientes com covid-19) bateu uma tristeza grande em imaginar não ser possível não prestar assistência adequada à população em um futuro próximo se não interferirmos no crescimento desta doença”, afirmou Pardini.
Quanto às ações, ele ponderou no vídeo algumas das medidas adotadas ao longo do ano, as quais considerou como essenciais para se evitar o colapso do sistema de saúde na primeira onda da pandemia. “Fizemos tudo o que a gente pôde. Mas uma boa parte das pessoas não compreende a gravidade da situação. Peço paciência a todos. Sempre que possível, quando o Estado permitiu, flexibilizamos as medidas restritivas, mas com responsabilidade. Tudo com respaldo das autoridades da Saúde. Infelizmente, nesse momento, as restrições são duras”, reforçou Pardini.
O prefeito ainda disse lamentar a reclassificação de Botucatu no Plano SP para a fase vermelha, a mais restritiva. No entanto, ponderou ser uma alternativa necessária para conter o avanço dos casos de coronavírus. Disse que as decisões que culminaram no decreto emitido no domingo, 24 de janeiro, que estabelece novas regras para o funcionamento das atividades econômicas foram tomadas em comum acordo com setores produtivos. “Não por seguir um partido ou um governador. As decisões em Botucatu sempre foram seguras e descoladas do governo do Estado. Mas o momento é de preocupação. Por mais doloridas que sejam, elas tiveram que ser adotadas para proteger a população, principalmente a quem não tem como procurar um sistema privado ou de transferência a outros hospitais. Não é o momento de inflamar a população”, justificou Pardini.
Aparentando pretenso cansaço e abatimento no vídeo, o prefeito ressaltou que o esforço de meses para o combate à covid-19 tem feito com que Botucatu ainda tenha índices de mortalidade menor do que em outras cidades do interior. “Botucatu está entre as cinco cidades acima de 100 mil habitantes de SP com menor taxa de mortalidade e pretendemos chegar ao final da pandemia dessa forma. As vacinas estão chegando. Logo mais vamos imunizar as pessoas acima de 60 anos, que têm representado a maior parte das mortes ocorridas no município”, finalizou Pardini.
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