Para Ministro da Saúde, queda de 71% nos casos de Covid-19 em Botucatu mostra eficácia da vacinação
Iniciativa foi pioneira em todo o país e tem gerado mais experimentações similares
Por Flávio Fogueral

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga salientou nesta segunda-feira, 28 de junho, que a queda de 71,3% no registro de novos casos de Covid-19 em Botucatu nas últimas três semanas mostra a eficácia da vacinação, principalmente se aplicada em larga escala como ocorreu na Cidade, em maio.
Iniciativa foi pioneira em todo o país e tem gerado mais experimentações similares em outros Estados. “A queda de 71% dos casos de Covid após a primeira dose da Astrazeneca na pesquisa verificada durante a aplicação em massa ocorrida em Botucatu é a prova inequívoca da eficácia da vacina”, disse em vídeo divulgado pelo Ministério da Saúde.
Na última semana epidemiológica, a Secretaria Municipal de Saúde contabilizou 283 novos casos do coronavírus entre os dias 20 a 26 de junho. No período anterior, compreendido de 13 a 19 de junho, a soma foi de 515 pessoas infectadas no município. Entre estes períodos a queda foi de 45%. No entanto, a maior carga de contágio da doença de toda a pandemia ocorreu entre 6 e 12 de junho, com 988 casos registrados, quase um mês depois da vacinação em massa.
“À medida que caminhamos na vacinação, é possível conter o caráter pandêmico da doença. Vamos esperar os demais dados da pesquisa, após a segunda dose para termos mais informações para levar à comunidade científica nacional e internacional”, completou Queiroga.
Aplicação na população ocorreu em 16 de maio, quando 65 mil pessoas de 18 a 60 anos receberam a dose do imunizante. Nos dias posteriores mais de 10 mil pessoas faltantes ou que estavam com o novo coronavírus anteriormente também foram vacinadas. Objetivo era que fossem alcançados 80 mil botucatuenses dentro dessa faixa etária que ainda não haviam recebido algum tipo de imunizante.
A pesquisa de efetividade da vacina contra o SARS-Cov 2 e suas variantes, desenvolvida pela Universidade de Oxford com o laboratório Astrazeneca, tem apoio do próprio Ministério da Saúde, Unesp, Fundação Gates e Prefeitura de Botucatu. Estudo avaliará o comportamento das infecções nas semanas seguintes à ação, além de outras ações. Além da aplicação das doses, a Unesp fará o sequenciamento genético de quem for constatado como positivo ao coronavírus. Expectativa é que o estudo dure oito meses.
Até o momento foram aplicadas 145.001 vacinas em Botucatu sendo 120.409 e 24.592 na primeira e segunda dose, respectivamente. Isso faz com que 81,29% da população nesta faixa etária estejam imunizados. Neste cálculo, fornecido pelo governo do Estado de São Paulo, por meio do Vacinômetro, estão contabilizadas também as demais vacinas como CoronaVac, Pfizer e a AstraZeneca. A vacina usada na pesquisa é em duas doses, sendo que a nova rodada de aplicação tem previsão para ocorrer na primeira semana de agosto.
Botucatu tem 16.402 casos confirmados da enfermidade desde o início da pandemia. Nos casos ativos, 65 moradores estão internados para tratamento em hospitais, com 25 em terapia intensiva (UTI) com outros 302 estando em quarentena domiciliar obrigatória. Comparativamente, em 16 de maio eram 74 botucatuenses internados em hospitais, sendo que 20 estavam em UTI. Haviam 588 pessoas em quarentena domiciliar obrigatória. A pandemia ainda matou 260 pessoas na Cidade, sendo 53 neste intervalo de tempo.
Para o professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu (FMB). Carlos Magno Fortaleza, um dos principais articuladores do estudo na região, os resultados obtidos após a vacinação em massa são classificados como promissores, mas que exigem cautela. Avaliação ocorreu em entrevista à rádio Bandnews FM na manhã desta segunda-feira, 28 de junho.
“Estamos seis semanas após a data da primeira vacinação e há um número importante na redução do número de casos. Analisamos agora para se comprovar estatisticamente se essa nossa visão crua é otimista e se confirme”, ressaltou o médico infectologista.
“Há estudos que constatam proteção de até 70% após três semanas da primeira dose. Mas é necessária a aplicação da segunda dose para que o efeito seja completo. Com isso, essa proteção será entre 80 e 85%. Por isso dizemos para a população que não é momento para aglomerar, parar de usar máscara, ou se descuidar. A ação da vacina também é uma somatória de ações de proteção”, reforça Fortaleza, que também é integrante do Centro de Contengiência do Coronavírus no Estado.