Saúde da população indígena foi abordada em palestra na Unesp Botucatu

Médica acredita ser possível combinar as práticas da Medicina Ocidental com os conhecimentos próprios dos povos nativos

Da Redação

A atriz, cantora, instrumentista e acadêmica do último ano de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Adana Kambeba, encerrou na quinta-feira (16), uma série de agendas em Botucatu com visita à Faculdade de Medicina (FMB), no campus da Unesp em Rubião Júnior.

Indígena, pertencente à etnia Omágua Kambeba, encontrada nas regiões da Amazônia brasileira e peruana e também no estado do Ceará, ela conheceu as dependências do prédio administrativo da faculdade, na companhia da vice-diretora, Professora Jacqueline Caramori e da Professora Karina Pavão, do Departamento de Saúde Pública.

Em seguida, no Salão Nobre, ministrou palestra abordando o tema “Saúde da População Indígena – Desafios e Reflexões de uma prática médica conjunta na Amazônia” (Medicina Tradicional Indígena e Medicina Científica Oficial). A futura médica acredita ser possível combinar as práticas da Medicina Ocidental com os conhecimentos próprios dos povos nativos para melhorar as condições de saúde na região amazônica.

Nascida em Manaus, em uma família de pajés, Adana disse que sua avó já antevia que caberia a ela manter viva a tradição de trabalhar pela cura dos males que afetam a saúde da sua gente. “Não sei se eu escolhi a medicina, ou a medicina me escolheu. Mas posso dizer que desde criança eu já cuidava das plantas, dos animais e das pessoas”.

Vinda de um lugar onde as pessoas são muitos calorosas e afetuosas, a manauara admite ter se decepcionado um pouco com o que encontrou na vivência acadêmica em Minas Gerais. “Me deparei com um ambiente árido e individualista no curso de Medicina. Isso me assustou muito pois venho de uma realidade muito diferente”.

Ao final da palestra, Adana fez um bate-papo com os participantes e apresentou em detalhes um conjunto de peças, artefatos e ornamentos próprios da cultura dos povos indígenas da região amazônica.

Na visita que fez a Botucatu, Adana participou de uma live na noite de terça-feira onde tratou do tema “Medicina Tradicional Indígena  e Medicina Científica Oficial: desafios e reflexões”. Na quarta, ela visitou hortas medicinais na Unidade de Saúde da Família (USF) do Jardim Santa Elisa e na Oficina Girassol, onde teve a oportunidade de participar de roda de conversa com pacientes, profissionais da saúde e estudantes envolvidos com os projetos.

De alguma forma, sua ligação com a cidade já havia acontecido. Adana estreou como atriz de cinema dando vida à personagem Kaiulú, no filme “Xingú”. Ela fazia par romântico com o sertanista Cláudio Villas Bôas, nascido em Botucatu. Ele, ao lado dos irmãos Orlando e Leonardo,  foram os responsáveis por estabelecer o primeiro contato do homem branco com os povos do Xingu.