Para infectologista da Unesp, “exigência de receita médica é um boicote à vacina”
Fortaleza indica que vacina pode garantir segurança para que crianças retomem atividades do cotidiano
Da Redação
O professor de infectologia da Unesp de Botucatu e presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, Carlos Magno Fortaleza, atribui a exigência de receita médica para vacinar crianças de 5 a 11 anos, como boicote.
Em entrevista à CNN Brasil, o médico salientou que “exigência de receita médica é um boicote à vacina”. Medida consta em decisão do Ministério da Saúde adotada na semana passada para que este público seja imunizado contra a Covid-19.
“Nunca vi isso, seja nas campanhas contra poliomielite, sarampo, na vacinação de rotina, nunca foi necessário levar uma receita médica. Imagina se teríamos conseguido erradicar a poliomelite com as campanhas do Zé Gotinha se tivéssemos exigido uma receita médica para cada uma daquelas crianças que foram vacinadas”, disse Fortaleza.
Segundo ele, a vacinação pode garantir maior segurança a retomada de atividades do cotidiano em que crianças possam estar mais expostas ao vírus Sars-Cov2.
“Quando nós pensamos que a vacina é uma medida coletiva, que pode significar o retorno das crianças às escolas, a não circulação de variantes, isso é algo muito valioso que nós temos que estimular. É absurda essa medida de requerer uma receita médica ou uma autorização formal”, acrescentou Fortaleza.
Em 16 de dezembro a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou medida em que autoriza a aplicação do imunizante em crianças. O governo federal tem se mostrado resistente à vacinação, enquanto que 15 estados e o Distrito Federal já indicaram que não exigirão nenhum atestado médico.
Fortaleza também criticou a consulta pública que o Ministério da Saúde tem promovido para a vacinação em crianças, sendo que a própria Anvisa autorizou a aplicação neste público.
“Consulta pública não se aplica quando não existe polêmica científica e quando as medidas a serem tomadas são emergenciais, como é o caso da Covid”, explicou o médico.
“A consulta pública e a exigência de receita médica vão retardar a introdução da vacina em um momento em que entra uma nova variante, que temos encontros de Natal, de Ano Novo, e vai fazer com que muitas crianças voltem à escola ano que vem não imunizadas, o que é algo que as deixa em risco”, completou Fortaleza.

